segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Qual era a doutrina dos nicolaítas?

Na carta apocalíptica endereçada a igreja em Éfeso, após a repreensão divina em relação a perca do primeiro amor, o Senhor Jesus tece um comentário elogioso muito específico para aquela comunidade:  “Tens, porém, isto: que odeias as obras do nicolaítas, as quais eu também odeio” (Apocalipse 2.6). Mas quem eram estes tais Nicolaítas, que despertavam o ódio do próprio Deus para o seu ensinamento?

Não sabemos muita coisa acerca dos nicolaítas. O que sabemos é que a sua doutrina não destoava quase nada do ensino de Balaão. Pelo menos quanto ao conteúdo. Se Balaão era dissimulado, sutil e teológico, os nicolaítas, fazendo abertamente comércio dos santos, publicamente apregoavam a paganização da igreja, afirmando ser possível servir a Deus e aos ídolos. Utilizando-se de um linguajar bem elaborado, levaram muitos fiéis a se desviarem pelos caminhos da fornicação, do adultério e da idolatria. Logo, os nicolaítas eram agentes propagadores da imoralidade e da idolatria entre os primeiros cristãos.

Alguns estudiosos entendem que se tratava dos discípulos de Nicolau de Antioquia, o qual  pregava a libertinagem cristã e ignorava o corpo físico como o templo do Espírito, promovendo, assim, a prática de imoralidade sexual entre os cristãos. Ainda podemos acrescentar que tal ensino está correlacionado com a mesma imoralidade sexual pregada por Balaão, que encorajou as mulheres moabitas a seduzir os homens de Israel, conforme verificamos em Apocalipse 2:14-15, na carta direcionada à igreja de Pérgamo: “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem. Assim tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu odeio”. Desta associação, pode-se entender que os nicolaítas eram  sim agentes propagadores de práticas expressamente reprovadas  pela Bíblia: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” (I Coríntios 6:9,10). No geral, podemos dizer que os nicolaítas não tinham qualquer escrúpulos em participar dos banquetes sacros do paganismo.

Porém, é consensual entre os estudiosos, que o conjunto de doutrinas dos nicolaítas avançava para ensinamentos ainda mais perniciosos.   Segundo eles, esta era uma heresia que se formava já no fim da era apostólica, com os falsos mestres deturpando a pureza da Doutrina de Cristo e os ensinamentos dos seus apóstolos originais, concebendo a ideia de que eram uma casta especial e superior na Igreja. Ao final do primeiro século, eles estavam amplamente infiltrados nas comunidades cristãs, exercendo grande influência, movidos pelo instinto carnal de domínio, pela soberba e pela torpe ganância de posição e riquezas. Em resumo, tratava-se de uma ditadura religiosa imersa em paganismo, mas transvestida de cristianismo. Poder apenas pelo poder, movido por hedonismo e sem espiritualidade ou direcionamento divino.

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