quinta-feira, 16 de abril de 2015

EBD: O comissionamento de Moisés


Texto Áureo
Tenho visto atentamente a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi os seus gemidos, e desci a livrá-los. Agora, pois, vem, e enviar-te-ei ao Egito.
Atos 7:34

Verdade Aplicada
O processo utilizado por Deus para nosso amadurecimento pode incluir um deserto, um tempo de anonimato e um período de solidão. Nesse tempo, descansar nEle é o mais aconselhável.

Textos de Referência.
Êxodo: 3:6, 10-12

Disse mais: Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. E Moisés encobriu o seu rosto, porque temeu olhar para Deus.
 Vem agora, pois, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.
Então, Moisés disse a Deus: Quem sou eu, que vá a Faraó e tire do Egito os filhos de Israel?
E Deus disse: Certamente eu serei contigo; e isto te será por sinal de que eu te enviei: quando houveres tirado este povo do Egito, servireis a Deus neste monte.


Revelando a verdadeira identidade

Moisés nunca foi um egípcio. Por determinado tempo ele pareceu com um deles, viveu entre eles, mas nunca se tornou um filho do Egito. O escritor aos Hebreus revela que no momento da decisão mais importante de sua vida, pela Moisés se negou a entrar na linhagem dos faraós, escolhendo ser maltratado com os hebreus, considerando que os propósitos de Deus para sua vida eram maiores do que as riquezas do Egito (Hebreus 11:24-26). No palácio, Moisés se preparou para ser um líder político e militar, conhecimento que ele precisou usar em sua missão. Porém, Deus precisava prepará-lo ainda mais, pois necessitava que Moisés tivesse plena consciência de quem era e para que tinha nascido. Neste caso, a estratégia mais eficiente foi isolá-lo no deserto, no meio de um rebanho de ovelhas. Sozinhos, descobrimos quem somos de verdade, pois não há motivos nem motivações para o fingimento.  No famoso “Sermão da Montanha”, Jesus instruiu os seus seguidores sobre a importância da oração feita a portas fechadas: Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente (Mateus 6:6 – King James). É obvio que neste texto, Jesus não estava restringindo nosso período devocional de oração a um cômodo específico de nossa casa, mas sim ressaltando a “postura” com a qual devemos nos portar no momento de nossas preces. 

Quando estamos sozinhos, com as portas fechadas e sem ninguém para julgar nossas ações, relevamos nossa verdadeira identidade. É ali que tiramos nossa máscara, desmontamos o figurino social, rompemos a casca que nos protege dos olhares alheios e podemos finalmente descortinar nosso coração e revelar os sentimentos ocultos e escusos que trancafiamos no porão de nossa alma. No oculto não há segredos, e é exatamente assim que devemos nos apresentar diante de Deus, com a cara limpa e desarmados de qualquer hipocrisia.  Deus conhece nosso íntimo, e deseja que ele seja exteriorizado em nossa face, e o melhor lugar para que isto aconteça é nos recôncavos da solidão. Fechar a porta, mais do que uma ação em busca de sigilo e privacidade, é a atitude de ignorar o mundo, remover as artificialidades que sustentamos e revelar-se a Deus sem reservas. Este é o cenário propício para Deus nos moldar segundo sua própria imagem. Ali, na solitude das planícies arenosas, dia após dia, a silhueta do príncipe se dissolvia na areia e Moisés se reencontrava com sua verdade interior e se aproxima cada vez mais do propósito de sua existência.


Preparos Fundamentais

O mundo atual está marcado por uma cultura de micro-ondas. A vida atual é apressada e uma palavra não foge de nosso vocabulário: instantâneo. Porém, na escola do deserto não é assim, nada lá é instantâneo, porque deus não produz santos em massa. Moisés era um homem importante e também muito atrativo, e o deserto foi o caminho usado por deus para fazê-lo relaxar. O processo era lento, mas tinha o propósito de moldar Moisés e depois usá-lo como homem algum jamais havia sido. Durante quarenta anos, Deus usou o deserto e a solidão para alcançar Seu objetivo.  O deserto para principiantes soa como o sentimento de uma angústia implacável por um ente querido que partiu sem a esperança de retorno. Estar em Midiã para Moisés era estar num lugar diferente de tudo. Moisés foi viver num lugar sem privilégios, lugar de escassez, lugar onde ninguém o conhecia e nem mesmo sua profissão era atraente. Midiã era um lugar de total anonimato e não havia como fugir da solidão porque ali era a sua casa. Parece difícil de acreditar que um homem da capacidade de Moisés formado em literatura, ciências e táticas militares, prolongasse sua existência na “parte de trás” do deserto (Êxodo 3:1), vivendo com um sogro, criando dois meninos e cuidando de ovelhas. É preciso entender que o tempo não é obstáculo para Deus. Ele exige qualidade e ela não nasce do dia para a noite. No deserto, Moisés encontrou a fé monoteísta através de seu sogro Reuel. Era evidente que, no Egito, Moisés já tinha algum conhecimento, mas não teve ambiente para exercê-lo por causa da sua vida de nobreza e o comprometimento que isso traria. Todavia, em Midiã, Moisés pôde desenvolver uma família temente a Deus, que lhe acompanharia nas suas peregrinações. Esses quarenta anos de aprendizado o habilitaram a enfrentar dificuldades posteriores quando saiu do Egito com o povo hebreu.

Para chegar aos níveis interiores de nossa alma, Deus precisa quebrar as camadas sólidas e externas de nossas vidas (Salmos 51:6). O primeiro passo dado por Deus é encontrar o nosso orgulho e, ao localizar, passar a lixa da obscuridade para removê-lo paulatinamente. O deserto ajuda a libertar-nos do medo e da ansiedade e o tempo será o elemento fundamental para essa cura. No deserto, aprendemos que nada está fora de controle, tudo está nas mãos do nosso Mestre. O desconforto e a dificuldade que vivemos no deserto existem para remover o nosso “eu” interior. Moisés não era qualquer um, todos nós sabemos que a faculdade egípcia era muito mais poderosa que uma “Harvard” de nossos dias. No entanto, Deus usou de método da humilhação para depois usar a exaltação.

Quando Deus nos conduz a uma grande provação, Ele não age com nossa permissão. Ninguém vai dormir, ou orar a Deus, pedindo uma provação. Ele nos leva por Sua soberana vontade. Deus vai nos manter certo período por lá, mas nos suprirá de graça para que suportemos. Por fim, Ele tornará a provação em bênção, ensinando-nos a lição desejada e operando em nossas vidas a graça que precisa conceder. E tanto o tempo em que tirará da situação imposta por Ele quanto o como e o quando somente Ele o sabe. Precisamos entender que quem está no deserto fica por determinação divina, sendo guardado por Ele, treinado por Ele e para o tempo dEle. No deserto, é fácil discernir a resposta de nosso orgulho: “eu não preciso disso”, pois parece que todos precisam menos nós. Também é fácil identificar a resposta da nossa falta de visão: “não aguento mais”. Todavia, a resposta que Deus gostaria de ouvir de nossos lábios é: “eu aceito”. Uma das coisas que Moisés aprendeu e que marcou profundamente sua experiência de vida foi que, por mais preparo que tivesse, não poderia enfrentar o Faraó para libertar os hebreus. Isso porque, naquele momento, não havia poder humano que pudesse abater o Egito, apenas o poder de e Deus.


Deus se apresenta a Moisés

Após quarenta anos de obscuridade e total anonimato, quando Moisés ainda se recuperava dos destroços e sem imaginar que Deus ainda contava com ele para ser o libertador, um arbusto chama a sua atenção e, a partir daquele momento, nada mais foi normal em sua vida. Durante quarenta anos, é a primeira vez que há um registro de Deus falando a Moisés. Após tantos anos de obscuridade, sem qualquer aviso ou sinal, o Senhor resolve quebrar o silêncio e mudar a sua vida para sempre. Às vezes, somos levados a pensar que, para Deus falar, será necessário um terremoto, um estrondo ou um movimento que anuncie a Sua presença (I Reis 19:12). Mas é assim que opera o Senhor, Ele fala a pessoas comuns, em dias comuns e em locais pouco apreciáveis. Devemos estar atentos, pois num dia rotineiro como outro qualquer, de repente indo para o trabalho, dentro ônibus ou metrô, Deus decida falar como nunca falou e comunicar ao nosso coração as diretrizes da nossa missão e o porquê de tanto preparo. O rebanho forçava que o pastor sempre buscasse novas pastagens e Moisés estava próximo ao Monte Horebe. Ali, foi atraído por uma visão inusitada: um arbusto que pegava fogo e não se consumia (Êxodo 3:3) Aquele ambiente tornou-se muito especial por causa da presença de Deus, manifesta pelo anjo do Senhor (Êxodo 3:5).

A palavra hebraica dá à sarça o nome de “arbusto espinhoso”. Ela era um arbusto comum, o que acontecia com ela é que era incomum e admirável (Êxodo 3:2-3). Algo chamou a atenção de Moisés naquele dia, ele estava acostumado a ver arbustos, mas jamais havia visto um que queimava e não se consumia. Diante de Moisés estava o símbolo de algo inútil e sem vida, sendo movido por algo sobrenatural. Aquela sarça ardente era o fogo do Espírito Santo, movendo-se através de um objetivo natural. Deus tomou um arbusto inútil e fez com que incríveis mudanças ocorressem através dele.

Quando para Moisés, se tornar o pastor das ovelhas de seu sogro já era uma fatura liquidada. Deus reacende as esperanças de sua vida como reacendeu o velho arbusto. Deus estava dizendo que para Ele não existe limite de idade, aparência ou lugar especial para que se revele. Não podemos esquecer que, embora Moisés soubesse a respeito de seu futuro, essa é a primeira vez que Deus lhe aparece e lhe faz ouvir Sua voz. Esse foi o maior momento da vida de Moisés desde o dia em que nasceu, porque aqui se unem tanto o objetivo pelo qual nasceu quanto quem o alistou para a missão de sua vida. E o que deus usou para chamar a atenção de Moisés? Um deserto. O local que muitos de nós sequer desejamos passar por perto. Após quarenta anos de silêncio, Deus aparece e diz a Moisés: “Vem agora, pois, e eu te enviarei” (Êxodo 3:10). A palavra chave é “agora”. A sarça foi o meio utilizado por Deus para atrair Moisés, mas o propósito da sarça não é nos surpreender, e sim, nos enviar.

Deus tinha pressa que Moisés saísse de seu repouso e de pronto O atendesse. Aquele arbusto que não se consumia também era uma figura do sofrimento hebreu. Pois, quanto mais ardiam sob a intensidade do fogo da provação, o Senhor não permitia que se consumisse. Já estavam sem aparência e sem vida e suas orações deveriam ser respondidas a partir daquele momento.


O Monte e a Sarça

Ser pastor de um rebanho em pleno deserto proporciona uma aventura nova a cada dia. Com áreas de vegetação escassas, é preciso ir cada vez mais longe para conseguir alimentar a faminta grei. Durante quarenta anos Moisés viveu esta realidade, despertando antes mesmo do sol nascer, agrupando suas ovelhas e caminhando deserto a fora em busca de pastagens. Foi em uma destas peregrinações que ele chegou à região do Sinai. Os últimos anos haviam proporcionado para Moisés a oportunidade de fortalecer sua crença no Deus Criador, o mesmo que na infância lhe fora apresentado por sua mãe biológica, como sendo o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Moisés o conhecia pelas histórias e ensinos de sua gente (primeiro os hebreus e agora os midianitas – também da linhagem abraâmica), contudo ainda não o tinha conhecido de forma pessoal. Naquela manhã, provavelmente no sopé do Monte Horebe, um encontro definitivo mudaria para sempre o rumo de sua vida, tornando o Sinai, numa das mais importantes localidades da geografia bíblica, epicentro de um contato literal entre Deus e homem. É ali que Moisés tem seu olhar atraído para uma sarça em chamas. Ora, uma planta pegando fogo numa região árida não deveria causar espanto numa velha raposa do deserto, porém, um detalhe faz toda a diferença. Mesmo queimando, ela continuava tão verde quanto um rebento plantado junto a águas.

A sarça avistada por Moisés é provavelmente uma planta espinhosa da família das fabáceas, uma parente distante da ácacia, tão citado nos textos bíblicos. Para melhor compreensão, basta dizer que em algumas regiões brasileiras, esta planta é conhecida por “Jurema”, e não tem atrativos visuais para fascinar seu observador. Mas, Moisés fica pasmado e boquiaberto, não pela planta e nem pelo fogo, mas sim pelo fato da folhagem não se queimar. Temos aqui uma tipologia muito clara sobre a atuação do próprio Deus na vida do homem. Somos a sarça, e o fogo é o poder e a glória do Senhor em nós. A grande questão é: quando a chama arder e dominar completamente a “sarça”, iremos continuar “verdes” e produtivos ou seremos consumidos até virar cinza? Quando os sacerdotes do Velho Testamento compareciam diante da Arca da Aliança, símbolo máximo da presença de Deus em Israel, o povo ficava apreensivo, esperando que seu ministro não fosse “incinerado” pela Glória de Deus, já que diante do Altíssimo, o pecado e a impureza são consumidos pelo fogo de seu esplendor. É correto almejar e clamar por uma manifestação de Deus em nós e através de nós, mas também se faz necessário um preparo especial para que ao sermos visitados pelo “fogo” da Glória, não sejamos reduzido a cinzas. Mas como fazemos isto?

Escrevendo aos cristãos em Roma, o apóstolo Paulo os aconselha a crucificar o “velho homem” com Cristo, a fim de morrermos com Ele e assim como Ele ressuscitou, ressuscitarmos também, livres do pecado (Romanos 6:6-8). Parece complicado, mas não é. O que Paulo chama de “velho homem” é aquela impetuosa inclinação para a prática do mau, que vez ou outra, causa um reboliço em nosso interior. É o restolho do homem natural que foi amortizado pelo homem espiritual renascido no dia que entregamos nossa vida a Jesus Cristo. O nascimento da “água e do espírito” nos torna novas criaturas, promovendo uma mudança interior que transforma nosso modo de agir e pensar. Com isso, somos libertos da escravidão do pecado, pois se o “velho homem” é um serviçal de Satanás que nos empurra para a prática da iniquidade está morto, vivemos por Cristo que impede a atuação do maligno em nós. Crucificar o “velho homem” é o primeiro passo para iniciarmos o processo de santificação em nossa vida, sem o qual, não é possível a nenhum homem o encontro com Deus (Hebreus 12:14). Uma vez iniciado, o processo de santificação vai pouco a pouco nos lapidando conforme a imagem do próprio Cristo, nos tornando parecidos com Ele em gestos e palavras. O “velho homem” é mau, mesquinho, inconseqüente e orgulhoso, mas o “homem espiritual” vive por Deus e para Deus, moldando seu caráter em Cristo, apto a se sacrificar, perdoar e amar intensamente, pois se sente amado pelo Senhor. Neste estágio, o fogo arde impetuoso e a sarça queima.


Um chamado pessoal

A reação de Moisés ao reconhecer a voz do Senhor demonstra que suas raízes estavam familiarizadas com o Senhor, pois, tanto na infância, através dos ensinos de sua mãe, quanto o que aprendeu com seu sogro e sua nova família lhe prepararam para esse momento. O que é mais impressionante em seu chamado pessoal é que Deus revela ter “visto a aflição” e “ouvido o clamor” de Seu povo, ou seja, o que se passava com os hebreus e o que estava sendo vivido por Moisés estavam dia a dia sendo monitorados pelo Senhor. Enquanto Moisés sofria de um lado para aprendizado, o povo sofria de outro até o momento em, que Deus se revelaria ao Seu homem escolhido. Ao apresentar-se, o Senhor logo revela a Moisés o que deve fazer. Deus o chamou para o trabalho, não para a fama. Os grandes homens de Deus são encontrados no deserto, ao som do silêncio e vivendo na obscuridade. Em Midiã, no deserto, permaneceu Moisés por quarenta anos depois que fugiu do Egito. Ali ele desassimilou a vida egípcia em razão de sua sobrevivência. Nessa condição, perdeu o seu jovial visual nobre e citadino. De certa forma, ele morreu para a vida egípcia para que pudesse se tornar um instrumento eficiente nas poderosas mãos de Deus. Assim nós devemos morrer para todo secularismo e mundanismo de nossos dias para que possamos ser utilizados nas mãos de Deus.

A reação de Moisés diante do comissionamento era normal (Êxodo 3:11). Ele era um pastor de ovelhas e o que Deus estava lhe propondo era algo humanamente impossível e irrealizável em sua ótica humana. O medo e a incredulidade eram fatores favoráveis a tal questionamento, mas a verdade é que Moisés tem uma nova vida, tem filhos, família e, mesmo sabendo que aquela era a voz de Deus, ele se considera indigno e incapaz para semelhante tarefa. Suas desculpas não são as de um homem qualquer, mas de alguém que foi marcado pela tragédia e que precisava de um impacto sobrenatural. Moisés apresenta várias desculpas diante de Deus, sendo quase obrigado a ter que atender ao chamado (Êxodo 4:14). Por fim, depois de muitos sinais sobrenaturais e a certeza de que o Senhor o guiaria, Moisés retorna a família e conta sobre a missão divina (Êxodo 4:18-19).

Aquele encontro foi tão revigorante para Moisés que, mesmo sem saber o que viria a acontecer em sua vida, ele assume a postura do líder que levou oitenta anos para ser preparado por Deus (Êxodo 4:12-17). Ele não saiu da presença de Deus sem alvo, sem armas nem munição para o ataque. O tempo passou e o que Deus preparou para ser aconteceu. Moisés volta ao Egito, mas não como um fugitivo e sim como libertador e representante legal de Deus na Terra (Êxodo 4.16). Para iniciar seu ministério libertador, Moisés recebe de Deus autoridade. Essa autoridade está representada pelo seu bordão através do qual ele faria os sinais da parte de Deus (Êxodo 4:17). Esse poder foi demonstrado através dos grandiosos sinais diante dos filhos de Israel e de Faraó como uma forma de legitimá-lo (Êxodo 4:21). Deus não somente preparou Moisés, mas lhe deu suporte suficiente para o cumprimento da sua missão.


Argumentos Inválidos

Moisés não aceitou prontamente a missão que por Deus lhe fora proposta, e este fato não desmerece o seu caráter ou sua integridade, afinal existiam muitos fatores que apontavam para um fracasso retumbante da empreitada. Pelo menos aos olhos do homem. Obviamente os valores da equação se alteram quando Deus se torna o fator principal, mas Moisés ainda não tinha plena consciência desta realidade, e assim tenta de todas as formas provar a inviabilidade daquele plano, lançando mão de uma série de argumentos para credibilizar seu raciocino. Mas Deus não se deixa convencer. Primeiramente Moisés argumenta que não é o homem mais indicado para aquela missão. Seu tempo já havia passado e as décadas de anonimato fizeram dele um completo desconhecido para seu povo. Perguntas como “quem ele pensa que é” seriam corriqueiras e desabilitariam qualquer intenção de exercer alguma autoridade. Moisés acredita que ninguém acreditará nele, pois ele mesmo não acredita em si. Quem sou eu? – Pergunta ele ao Senhor (Êxodo 3:11). Como resposta, Deus lhe ensina que o importante não é “quem” ele pensa ser, e sim “quem” Deus sabe que ele "é". Também informa a Moisés que ele não estará sozinho, pois será acompanhado em tempo integral pelo próprio Deus. 

Moisés então parte para um novo tipo de argumentação: Quem é você? Quem direi que me enviou? Não sei seu nome? Os hebreus irão reconhecer o Deus que me comissiona?  Então Deus revela ao Moisés o nome que melhor define sua excelsa e gloriosa essência: “Ehyeh Asher Ehyeh” - Eu Sou o que Sou – O Deus de Abraão, Isaque e Jacó, que ouviu o clamor de seu povo e veio libertá-los.

Definido quem é quem, Moisés passa ao seu próximo (e válido) argumento: Eles não vão acreditar em mim... Ninguém vai crer que um pastor de ovelhas encontrou Deus no meio deserto e conversou com ele através de uma fogueira (seja sincero, você acreditaria?). Deus diz a Moisés que se o povo não acreditar no que os ouvidos ouvissem, certamente acreditariam no que os olhos vissem, e então, lhe concede a capacidade de realizar grandiosos sinais; como transformar seu cajado em serpente (e vice versa), promover uma espécie de mutação na própria mãe e depois reverter o efeito, além da “habilidade” de transformar água em sangue. 

Agora Moisés está instruído e capacitado para a realização de sua vida, porém ele traz para a pauta aquilo que considera seu maior defeito: Olha Senhor, tem certeza que deseja enviar a mim? Tenho uma língua travada e dificuldades para falar, se me conhecesse a mais tempo, saberia que sou um péssimo orador, creio que alguém com fala mais fluida seria uma opção melhor. Segundo o texto do Êxodo, Deus se irritou com este argumento de Moisés, pois era ele mesmo quem lhe tinha dado boca, língua e fala. Porém, respeitou o receio de Moisés, e indicou seu irmão Arão como uma espécie de porta voz (Êxodo 4:10-16). Em resumo: Todos os argumentos humanos foram esmiuçados pelos desígnios divinos.

Mas antes de recriminarmos a Moisés, lembremos das inúmeras “desculpas esfarrapadas” que também já apresentamos para esconder nossos medos em aceitar o comissionamento de Deus em nossa vida. “Não posso”, “não sou bom o suficiente”, “não tenho capacidade para isto”, “existe gente melhor que eu”, são expressões usais em nosso vocabulário cristão. Porém, assim com Deus derrubou todos os argumentos de Moisés, Cristo também suplanta nossa ambiciosa e errônea razão, com promessas de fidelidade e garantias de sucesso...

Não tenho capacidade para isso!
Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda (João 15:16).

Sou limitado, fraco e cheio de falhas!
E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte (II Coríntios 12:9-10).

Não tenho nada de especial em mim!
Estes sinais acompanharão os que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e, se beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal nenhum; imporão as mãos sobre os doentes, e estes ficarão curados (Marcos 16:15-18).

Não posso fazer isto sozinho!
Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi. Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo (Mateus 28:19-20).



Assim como Moisés, venha aprender na escola de Deus para ser líder e profeta, participando neste domingo, (19/04/2015),  da Escola Bíblica Dominical.

Material Base:
Revista Jovens e Adultos nº 95  - Editora Betel
Moisés - Lição 03
Comentarista: Pr. Belchior Martins da Costa
 
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Pb. Miquéias Daniel Gomes


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