quarta-feira, 1 de abril de 2015

O Casulo (Palavra Pastoral - Abril 2015)


Conta-se que duas lagartas se arrastavam pelo jardim. A dificuldade de locomoção era enorme, pois avançavam lentamente centímetro após centímetro. De repente, sobre elas, passou voando uma lindíssima borboleta. Uma das lagartas olhou para sua companheira e disse: - “Não voaria numa coisa dessas nem que me dessem um milhão de reais...” – Mal sabiam elas, que a longa e arrastada jornada que realizavam juntas, as estava levando rumo a realeza, pois logo ali na frente, entrariam em um casulo e também se transformariam em garbosas borboletas.

Quantos de nós, estamos sendo conduzidos a duras penas para este processo de metamorfose, que transformará não apenas nossa vida, como também quem somos. Esta jornada obviamente é longa e muito difícil. Nosso caminhar será lento e arrastado, demandando sacrifício, alguns ferimentos e muito pó no rosto. Depois de tanto sofrimento, ainda será necessário enfrentar o casulo do anonimato, da solidão e do autoconhecimento. Ali, ninguém poderá te ajudar, nenhuma mão se estenderá em seu favor, nenhum olhar complacente se voltará para você...  Mesmo assim, lá dentro, você jamais estará sozinho. Existem sim olhos atentos que continuaram a te observar em cada segundo de enclausuramento.

Não estou aqui para te enganar, e a verdade é que o tempo passará lentamente, mas passará. E então o belo e aguardado dia irá chegar... A honra vem, a lagarta consegue romper o casulo e ressurgir retumbante como a mais bela das borboletas...  A transformação foi completa!

Como pastor desta igreja, posso muitas vezes sentir o quão angustiado você está, pois tudo ao seu redor parece estar nublado e sem perspectivas, e a certeza que paira sobre sua cabeça é que nada dará certo, pois as circunstâncias da vida conspiram contra você...

Mas tranquilize-se. Na realidade há alguém que jamais deixou de acompanhar teus passos... São dele as mãos que te conduziram para dentro deste casulo e os olhos que te observam quando ninguém mais pode te ver.... No teu silêncio Ele te escuta. Na tua solidão Ele faz companhia. No teu anonimato Ele te observa. No teu ostracismo Ele trabalha... Portanto, nunca desista.

O processo é doloroso? Sim... A dor é uma professora excelente, o sofrimento é disciplinador e as intempéries da vida são a academia da alma. No casulo nos fortalecemos para enfrentar o mundo, e os resultados obtidos serão eternos e imutáveis...

Portanto, pequena lagarta, prepare-se para voar em breve. Pois aquele que começou a boa obra em sua vida é fiel para terminá-la...

Mãozinhas para cima... Bom voo!  


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