A Quarta
Forte realizada deste dia 11 de maio de 2016 foi mais que especial. Além da participação dos cantores Bene Wanderley e Adrielly Olevaqui, a reunião contou
com uma palavra exegética e mui reveladora do Pr. Jonathan Olequavi, que
baseado no texto de I Coríntios 12:1-10, ministrou sobre a “Pedagogia do Sofrimento”
O texto de Coríntios 12 é um dos escritos bíblicos mais discutidos por antigos e modernos
teólogos. Este apóstolo notável, fundador de diversas igrejas primitivas por
toda antiga Ásia, o mais bem-sucedido missionário da história e comissionado em
pessoa pelo próprio Cristo, registra sua visita ao terceiro céu, após ser
arrebatado pelo Senhor. Ali, ele viu e ouviu coisas das quais se negava a
falar, tamanha a grandiosidade de suas visões, deveras impactante para a homem
natural.
Porém,
esta experiência sobrenatural trouxe sobre Paulo um efeito colateral, afim de
que não se “ensoberbecesse” demais, por ter estado onde nenhum outro homem
jamais pisou. O apóstolo foi ferido com um “espinho na carne”, que o inquiria
diariamente, como se fosse um agente de Satanás a lhe esbofetear o rosto. Paulo
era um homem de fé, e insistentemente orou ao Senhor pedindo que o livrasse
daquela dor, porém, todas as suas petições foram negadas pelo Altíssimo. Em sua
terceira oração, ele recebeu uma resposta que apesar de não trazer a cura que
tanto desejava, acalentou seu coração e se tornou o contexto de sua vida: - A
minha graça te basta!
A partir
deste ponto, a vida de Paulo ganhou um novo lema, e um sentido aparentemente
paradoxal. O homem que visitou o Trono de Deus não mais se orgulhava de sua
espiritualidade elevada e de seus feitos admiráveis, mas sim de suas fraquezas
e de seus sofrimentos. Paulo entendeu que o “PODER DE DEUS” se aperfeiçoa em
“NOSSAS FRAQUEZAS”.
O homem
sofre, e isto é um fato inquestionável. O sofrimento é uma condição
generalizada da humanidade, e não podemos em qualquer instância, culpar Deus por
esta situação. Tragédias se proliferam pelo mundo numa escala grandiloquente, a
dor flerta com nosso dia a dia, perdas nos rondam sistematicamente e a morte
visita incontáveis famílias a cada minuto. Com isso, muitos se decepcionam e
imergem num pântano de sofrimento e ostracismo espiritual, se apostatando da fé, perguntando para sua própria alma: - Onde está Deus?
A resposta
para esta questão é simples e objetiva. Deus está onde sempre esteve,
inabalável em seu Santo Trono, emanando justiça, graça e bondade, perfeito em
sua vontade e nos seus propósitos, tendo o controle absoluto do universo na
palma de suas mãos. Sua intenção para com o homem ainda é a mesma da época do
Jardim. Ele deseja estar em comunhão com seus filhos, porém, respeita o livre
arbítrio e as escolhas que o homem faz. O Criado alertou Adão e Eva que o
pecado traria a morte, e mesmo assim, iludidos por Satanás, o primeiro casal
desobedeceu ao Senhor desejando “ser igual a Deus”. O resultado foi trágico, e
o mal tornou-se conhecido e notório. O pecado abriu as portas para o sofrimento
entrar no mundo.
Pedro foi
categórico ao afirmar que muitos homens sofrem por serem maus. Os salmistas
ressaltam que o caminho dos perversos é tumultuado por suas ações. Muita gente
confunde “consequência de atitudes pecaminosas” com “sofrimento aleatório”. A
grande verdade é que Deus não é culpado por estas mazelas, e o Diabo também não. Quem está disposto a experimentar
do doce sabor do pecado, precisa estar disposto a sentir o amargo gosto das consequências.
Mas nem
todo sofrimento é originado em ações pecaminosas. Existem também conturbações naturais inerentes a vida humana. Nem sempre há razões para se
“espiritualizar” a dor. Somos uma geração hedonista e materializada, onde
pregadores da teologia da prosperidade inserem em mentes incautas, o falso
conceito que a comunhão com Deus afasta de nós todo tipo de sofrimento. A vida
do cristão não é indolor. Por vezes é preciso chorar, guardar luto, frequentar
hospitais, vivenciar perdas, assinar uma carta de demissão. Homens de Deus também sofrem, ficam doentes e
tem a boca amargada pela dor.
Conscientes
desta realidade, encontramos uma terceira razão para o sofrimento: a vida
cristã. Estar em Cristo implica em sofrimento. Paulo testifica que sua dor
tinha um propósito divino, agindo como uma trava de segurança contra o
hedonismo e a soberba. O espinho na carne que afligia o apóstolo clamavam em
alta voz a sua humanidade e a sua dependência de seu Deus. Neste contexto, o
sofrimento é uma ação momentânea do Senhor, produzindo em nos um fruto de
glória eternal.
E neste caso, Satanás entra em cena com raro oportunismo, e
trabalha para transformar uma ferramenta divina usada para construção, numa
arma que nos destrói de dentro para fora. E infelizmente, muitos não entendem a
situação, e ao invés de submeter-se ao trabalhar de Deus em nosso
aperfeiçoamento espiritual, dá vazão a voz enganosa de Satanás, que sussurra
em nossos ouvidos palavras dolosas, esbofeteando nossa face, tentando demolir os
alicerces de nossa fé.
O “NÃO” de
Deus, é uma das respostas mais produtivas que podemos receber. Ele nos dá
limites e parâmetros. Deus usa algo que parece ser “mal” para propósitos
“bons”. Na mão do Senhor o sofrimento é pedagógico. Através dele somos ensinados,
discipulados, purificados e santificados. Quem busca a comunhão com Deus
entende que o sofrimento é uma cola que nos une a Ele.
Na
caminhada cristã, o deserto não é acidente de percurso, mas sim agenda de Deus.
Em nossa fraqueza, Deus nos fortalece!
Nenhum comentário:
Postar um comentário