quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Onde está o aniversariante?

Autor
Cícero Alvernaz
O Natal é uma festa de aniversário, porém muitas vezes é comemorado sem a presença do aniversariante. 

Por incrível que pareça isto acontece normalmente, inclusive entre pessoas que afirmam ser cristãs. 

Em toda festa de aniversário a pessoa mais procurada e mais requisitada é o aniversariante. Para ele se guarda o melhor lugar na mesa, o primeiro pedaço do bolo, depois os presentes chegam e são entregues com direito a um abraço, beijos e felicitações. 

Em geral, ele veste a melhor roupa e fica aguardando a chegada dos convidados. 

Depois, todos cantam os "parabéns", batem palmas e tudo se transforma em festa. Mas no Natal de Jesus quase sempre é diferente.

A situação costuma ser tão decepcionante que muitos sequer sabem o nome do aniversariante. Lembram do Papai Noel, do panetone, das bebidas, da leitoa, do peru, da rabanada, das frutas típicas, dos presentes, mas se esquecem de convidar ou ignoram aquele que deveria estar em primeiro lugar na festa. 

Nesta data se canta músicas típicas, se acende luzes que ficam piscando a noite toda; as ruas são enfeitadas, as vitrines são decoradas com motivos natalinos, enfim tudo é preparado cuidadosamente para a grande festa que mexe com todos e a todos anima com fartura de comida e muita bebida, além do tradicional "amigo secreto". Mas onde está o aniversariante?

Tudo foi preparado e cuidadosamente enfeitado, mas há uma ausência muito sentida, embora pouco percebida pelos convidados. A menina exibe o seu vestidinho estampado, o menino mostra o seu terninho engomado e a sua gravatinha borboleta, o jovem posa feliz com a sua primeira namorada e os casais ao redor da mesa exibem o seu sorriso que reflete satisfação e felicidade. A ceia de natal será servida com muita fartura e regada a bom vinho, champagne e refrigerante (para as crianças). Tem comida a vontade, muita fartura e muitos convidados para participar. Enfim, a noite promete.

No entanto é triste constatar, mas esqueceram de convidar o aniversariante para a festa. Seu lugar está vazio na mesa e quiçá nos corações, seus talheres o esperam sobre a mesa coberta por uma linda toalha azul. Esqueceram de convidá-lo, na verdade poucos se lembram que ele existe. A festa não será completa sem a sua presença. O seu olhar não pousará sobre os circunstantes, sua palavra não soará aos ouvidos dos presentes. Ele não cantará o seu hino preferido e sua bênção estará ausente no momento de partir o pão. Ele gostaria muito de estar presente, mas educadamente Ele não veio, pois não foi convidado.

As crianças continuam sorrindo e se divertindo com os presentes, os adultos se reúnem para uma boa conversa enquanto alguém serve a ceia. Tudo parece harmônico, leve e feliz. O sorriso impregna os lábios refletindo alegria, beleza e felicidade. Mas o aniversariante está ausente mais uma vez naquela que deveria ser a sua festa, a comemoração de seu nascimento ocorrido há mais de dois mil anos. 

De repente me quedo triste e cabisbaixo sem entender o que os homens fizeram com o Natal - que deveria ser simplesmente o Natal de Cristo.


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