Esta
semana iniciaremos um novo trimestre da EBD falando sobre os Milagres do Velho
Testamento.
Aproveitaremos então a oportunidade para elucidar uma das dúvidas
mais recorrentes em relação a manifestação dos dons espirituais: Qual a
diferença entre Dons de Curar e Dons de Maravilhas? Como é a manifestação de cada um deles? Ainda são validos? É possivel a realização de milagres nos dias de hoje?
Dons de Curar:
Em certa ocasião, Jesus e seus
discípulos, cansados depois de uma longa reunião na sinagoga, dirigiram a casa
de Pedro e André. Aquele era um lar hospitaleiro, onde todos se sentiam
confortáveis. Parte deste bem estar vinha do tratamento solícito e prestativo
dado a eles por uma senhorinha muito simpática, da qual nem sabemos o nome,
apenas que era a mãe da esposa de Pedro.
Mas naquele dia a casa estava triste, o
fogão fechado e a mesa vazia. No quarto sobre o leito, Pedro encontra sua
sogra, derruba por um mal estar muito intenso, ardendo em febre. Logo Jesus é
posto a par da situação; ele adentra no quarto, pega as mãos daquela mulher e
ela logo fica curada e passa a os servir (Mateus 8:14-15).
Está
com certeza não é uma história muito impactante, principalmente quando a
comparamos com Jesus abrindo olhos de cegos, expulsando demônios ou
ressuscitando mortos, afinal, uma febre pode ser tratada com um simples
comprimido de acido acetíl salicílico ou um belo banho frio, não é? Mas
é exatamente aí que reside a beleza dos Dons de Curar, pois sua abrangência é
tão grande que pode prover cura tanto para uma AIDS quanto para um simples
resfriado. Este
é o único DOM descrito no plural (Dons de Curar) e trata-se da atuação
sobrenatural de Deus sobre o corpo humano livrando o de todo tipo de
enfermidade, sem que seja necessária a intervenção de recursos humanos.
Precisamos entender, porém, que embora a cura de nossas mazelas e dores seja
uma promessa bíblica (Isaías 53-3), existem algumas enfermidades que tem um propósito
especfico em nossas vidas e por este motivo “não” serão curadas até que cumpram
seu desígnio sobre nós (II Coríntios 12:7-8). Por outro lado, não é vergonha
alguma ao cristão procurar a medicina humana para tratar de suas enfermidades,
pois a mesma tem sua utilidade reconhecida pela Bíblia (Mateus 9:12).
Forando
a exceção aqui já citada, toda e qualquer enfermidade pode sim ser curada
através da fé, pois a ausência de fé impede a realização de um milagre.
No
caso das curas, a fé pode ser oriunda de três fontes distantes: do enfermo, de
quem ora ou de terceiros.
Na
cura do cego Bartimeu, ele mesmo era a fonte de fé:
E Jesus, parando,
disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo;
levanta-te, que ele te chama.E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e
foi ter com Jesus. E
Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre,
que eu tenha vista. E Jesus lhe disse:
Vai, a tua fé te salvou. E logo viu,
e seguiu a Jesus pelo caminho (Marcos 10:49-52).
Na
cura do coxo no templo, a fé provinha dos próprios apóstolos:
E Pedro e João subiam
juntos ao templo à hora da oração, a nona. E era trazido um homem que desde o ventre de sua
mãe era coxo, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa,
para pedir esmola aos que entravam. O
qual, vendo a Pedro e a João que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem
uma esmola. E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse:
Olha para nós. E olhou para eles, esperando receber deles
alguma coisa. E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus
Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.E, tomando-o pela mão direita, o levantou, e
logo os seus pés e artelhos se firmaram. E,
saltando ele, pôs-se em pé, e andou, e entrou com eles no templo, andando, e
saltando, e louvando a Deus (Atos 3:1-9).
Na
cura do paralítico de Cafarnaum, a fé operante partiu de seus quatro amigos:
E aconteceu que, num
daqueles dias, estava ensinando, e estavam ali assentados fariseus e doutores
da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia, e da Judéia, e de
Jerusalém. E a virtude do Senhor estava ali para os curar. E eis que uns homens transportaram numa cama um homem
que estava paralítico, e procuravam fazê-lo entrar e pô-lo diante dele.E, não
achando por onde o pudessem levar, por causa da multidão, subiram ao telhado, e
por entre as telhas o baixaram com a cama, até ao meio, diante de Jesus.
E, vendo
ele a fé deles, disse-lhe: Homem, os teus pecados te são perdoados (Lucas
5:17-20).
Veja
que nestes textos, a cura de um mal físico foi apenas parte do milagre, pois o
foco primordial era sempre a cura da alma, com o perdão dos pecados. Baseado
nesse princípio, que a fé promove cura e libertação, podemos afirmar que
qualquer cristão tem autonomia para orar por um enfermo e ministrar cura sobre
ele. Há ainda uma classe específica dentro da igreja, que em seu ministério já está
“embutido” os DONS de CURA.
Está alguém entre vós
doente? Chame os presbíteros da
igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com
azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o
Senhor o levantará; e, se houver cometido
pecados, ser-lhe-ão perdoados (Tiago 5:14-15).
Neste
texto de Tiago, fica evidente que o homem de Deus que foi separado para exercer
a função de “PRESBÍTERO” na congregação, recebe “automaticamente” os DONS DE
CURAR.
Vale
aqui ressaltar que no contexto eclesiástico do novo testamento, “presbítero”,
“bispo” e “ministro”, são termos diferentes para a mesma função. Outros dois
pontos de grande relevância para se observar aqui é a cura do pecado e a unção
do enfermo. Como já dissemos
anteriormente, o propósito primordial da cura do corpo é de fato a cura da
alma, logo a oração feita em fé por um presbítero, tem poder intercessessório,
capaz de trazer o perdão de Deus ao homem pecador. Já a questão de ungir o
enfermo possui dois elementos vitais no processo da cura. Primeiro porque o azeite
(ou óleo) é um símbolo do Espirito Santo, e logo podemos dizer que o ungido,
foi “marcado” com o selo do Espírito. Além deste simbolismo é inegável que ao
receber uma “unção com óleo” o enfermo tem sua fé potencializada, o que
facilita para que o milagre aconteça.
Em
resumo podemos afirmar que todo cristão pode sim orar pelos doentes, mas alguns
indivíduos do Corpo de Cristo recebem do Espírito Santo uma capacidade especial
para orar pelo enfermo, e o mesmo receber uma cura imediata (seja qual for a
enfermidade) e tais DONS são inerentes ao exercício do presbitério da igreja.
Há
ainda alguns elementos que devem ser observados no instante da oração por cura
divina:
-
Orar em nome de Senhor Jesus (João 14:1)
-
Impor as mãos sobre o enfermo (Atos 19:11)
-
Dar todo crédito pela cura ao Senhor Jesus (Salmos 115:1)
Operação de Maravilhas:
O Exercito de Israel avançava vitoriosamente
sobre seus inimigos e a vitória
total era certa, mas o cair da noite já se aproximava e os amorreus poderiam
usar a escuridão para fugir da zona de guerra. Josué então ordena ao sol e a
lua que não se movam mais no céu, e então o dia se estendeu até a derrocada do
inimigo e nunca houve na história um dia tão longo quanto aquele (Josué
10:6-15).
Esta
história registra um evento miraculoso de impacto a nível cósmico, pois para
sol e lua não se moverem no céu, Deus “parou” o movimento de rotação da Terra,
e ao mesmo tempo não permitiu que a gravidade terrestre sofresse qualquer alteração
funcional. Muitos estudiosos acreditam que as 18 horas que faltam para se fechar os 366 dias do ano (daí a necessidade
de um ano bissexto a cada 4 anos), seja de fato uma sequela deste grande evento
bíblico. Eventos deste porte (mar aberto,
chuva de saraiva, água transformada em sangue, pão caindo do céu) excedem
em muito os impactos causados pela cura de um enfermo, pois tem abrangência em
grandes massas e não apenas em indivíduos. Por trás destes impactantes eventos,
temos sempre um homem cheio do Espírito Santo que dá a voz de comando para que
tais feitos portentosos aconteçam.
Foi
através da voz de comando do profeta Elias que fogo caiu do céu (I Reis 18:36-39). Foi à ação de Moisés que desencadeou a
abertura do mar vermelho (Êxodo 14:21). Foi o louvor de Josafá que abriu as
portas para uma vitória milagrosa do exército de Judá contra os moabitas e
amonitas. (II Crônicas 20:18-22)
Embora
muitos acreditem que feitos tão grandiosos não tenham lugar no mundo de hoje,
devemos nos lembrar que o homem capaz de ressuscitar mortos e transformar água
em vinho declarou que “aquele que crê em
mim também fará as obras que faço e as fará moires do que estas... (João
14:12)” Podemos portanto afirmar que os grandes sinais são raros em nosso
tempo, mas não estão extintos. Para que uma Operação de Maravilhas aconteça,
faz-se necessário que um propósito específico exista, pois milagre sem propósito
não passa de show de mágica.
Por
exemplo:
No
livro apócrifo chamado “Evangelho da Infância de Jesus”,
encontramos algumas bizarras histórias de milagres sem nenhum propósito. Uma
das mais interessantes narra um “milagre” curioso que “teria” sido realizado
pelo pequeno Jesus, que juntando um pouco de barro, modelou caprichosamente um
pássaro para depois lhe dar vida e vê-lo sair voando rumo ao céu... Embora seja
uma bela história, a mesma não é aceita no cânon sagrado pois vai na direção
oposta de tudo que sabemos sobre Jesus. O Mestre, embora fosse um Deus entre os
homens, nunca se utilizou de seus poderes divinos para outros meios, se não
abençoar vidas e engradecer o nome do Pai, logo é difícil imagina-lo dando vida
a um pássaro de barro para simplesmente “testar o seu poder”, pois isso não
passaria de um grande número de mágica.
Em
contra partida, o capítulo 7 do evangelho de Lucas, nos conta que ao entrar na
cidade de Naim, Jesus se deparou com o cortejo fúnebre, do filho de uma viúva.
Jesus parou a multidão, dirigiu-se ao menino e o trouxe de volta a vida. Este
fato, além de devolver a alegria (e o sustendo) a uma pobre mulher que estava
fadada a amargar um imenso sofrimento, ajudou a espalhar o evangelho por toda a
Judéia, ou seja, um milagre com propósito. Além da ressurreição de mortos, a Bíblia
fala sobre operações maravilhosas para exercer castigo ou juízo (Atos 5:3-11;13:7-12),
como intervenção nas forças na natureza (Êxodo 14:21; Marcos 4:35-41) e como
investida contra as ações de Satanás (João 6:2).
Um
milagre pode ser definido como uma intervenção sobrenatural no curso usual da
natureza ou uma suspensão temporária da ordem costumeira através da intervenção
do Espírito Santo, ou seja, toda manifestação espiritual através dos DONS pode
ser considerado um milagre. Mas o DOM específico de OPERAÇÃO DE MARAVILHAS, que
pode também ser chamado de OPERAÇÃO DE MILAGRES ou OPERAÇÃO DE PODERES, e que
no original grego significa “explosões de onipotência”, tem como propósito
demonstrar o poder e a grandeza de Deus de forma inquestionável, a ponto de “estontear”
quem o testemunha, e é o único DOM que leva o indivíduo que o recebe a
participar de uma pequenina parcela do poder de Deus, o mesmo poder usado na
criação do mundo. No inicio da década passada, um modismo invadiu diversos
altares e muitos pregadores passaram a orar para que os dentes das pessoas se
transformassem em ouro, numa OPERAÇÃO DE MARAVILHAS moderna. Minha pergunta é
simples? Qual é o propósito de tal milagre? Não faria mais sentido orar para
que os dentes dos irmãos “banguelas” nascessem outra vez?
Devemos
tomar muito cuidado para não supervalorizarmos o milagre e usa-los como bússola
para nortear nossa vida. Sinais e maravilhas são meios que o Senhor usa para se
manifestar ao seu povo, tendo como ferramenta as mãos e a boca de alguns
indivíduos agraciados, mas não são eles os parâmetros indicativos para o desejo
de Deus sobre nós. Logo não podemos nos tornar “reféns” dos milagres, buscando
desesperadamente alguém que os realize e nem mudar nossa postura cristã quando
um milagre não acontece. Nossa vida deve ser lapidada, regida e conduzida pela
“PALAVRA” e não por manifestações megalomaníacas de poder. A revista Ensinador Cristão nº 45
assim define essa questão: “Os sinais
seguem aqueles que creem e seguem a Palavra de Deus, e não os que creem e
seguem os milagres”.
Os que vivem puramente
atrás dos milagres e se esquecem de quem os opera, pode se deparar com
operações enganosas e fraudulentas, pois Satanás também tem a capacidade de
realizar grandes obras.
Não vos lembrais de que estas coisas vos dizia quando
ainda estava convosco? E agora vós sabeis o que o detém, para que a seu
próprio tempo seja manifestado. Porque já
o mistério da injustiça opera; somente há um que agora o retém até que do meio
seja tirado; então será revelado o iníquo, a quem o Senhor
desfará pelo assopro da sua boca, e aniquilará pelo esplendor da sua vinda;
a esse cuja vinda é segundo a eficácia de
Satanás, com todo o poder, e sinais e prodígios de mentira, e com todo o engano da injustiça para os que perecem,
porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E por isso Deus lhes enviará a operação do erro, para
que creiam a mentira; para que sejam
julgados todos os que não creram a verdade, antes tiveram prazer na iniquidade (2 Tessalonicenses 2:5-12).
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