Já imaginou um jogador que bate o escanteio e ao mesmo tempo
corre para cabecear a bola? Impossível não é? Ele jamais daria conta de fazer
as duas coisas ao mesmo tempo. Assim estava Moisés, solitário, prestando
assistência ao povo, desde a manhã até o pôr do sol (Êxodo 18:14).
Uma fila enorme de pessoas para atender e responder às suas
necessidades, sem ter sequer um auxiliar. Jetro, seu sogro, observou que não
era bom o que Moisés fazia, e teve a preocupação, e a ousadia de lhe dizer que
era incorreto. Jetro, sem dúvida, demonstrou um tino especial para liderança,
apontando-lhe a solução, o ato de delegar tarefas e atribuições. Delegar é o
ato de transmitir poderes, de conferir a alguém representatividade, de incumbir
alguém a julgar, resolver ou trabalhar em alguma coisa. Nas Escrituras,
encontramos inúmeros exemplos do ato de delegar - Deus delegou Moisés para
libertar o povo do governo egípcio; Moisés instituiu líderes que julgassem o
povo; Josué foi delegado para ser sucessor de Moisés; Jesus delegou seus
discípulos para evangelizarem a Israel, Paulo delegou muitos obreiros para
trabalharem em várias regiões, por exemplo, enviou Timóteo a Éfeso, enviou Tito
a Creta e Epafras a Colossos.
Quando um líder entende que é limitado e que precisa expandir
a visão além de si mesmo, ele delega poderes a outros e assim a sua capacidade
se multiplica: - E as palavras que me ouviu dizer na presença de muitas testemunhas, confie-as a homens fiéis que sejam também capazes de ensinar outros (II Timóteo 2:2).
Não importa quão excelente seja um líder, a unidade
é tudo em um ministério aprovado. Uma das maiores lições que um líder precisa
aprender é que ninguém pode fazer tudo sozinho. Do mesmo modo que uma equipe
necessita de bons jogadores para ganhar, uma organização também necessita de
bons líderes para alcançar êxito. Jetro observou Moisés julgar o povo, e
percebeu que ele exercia a plena função de juiz para estes mais de dois milhões
de pessoas, sem dividir a responsabilidade com os outros. Jetro questionou a
sabedoria de Moisés em servir só e manter as pessoas esperando o dia todo para
terem seus casos resolvidos.
Moisés apresentou suas razões para fazer o
trabalho assim: primeiro disse que ele buscava a vontade de Deus para resolver
as questões, e também aproveitava a ocasião para ensinar ao povo os estatutos
de Deus e as suas leis. Considerando que ele era o único com quem Deus falava,
ele achava necessário agir diretamente com as pessoas em relação a todos os
problemas. Mas Jetro não ficou satisfeito com estas explicações, pois entendia
que o método utilizado por Moisés não era bom.
Mesmo um homem de sua força não podia esquecer que
era um simples humano e com este tipo de procedimento mais atrapalhava do que
ajudava, e então aconselhou: - Não pode fazer tudo este trabalho
sozinho, pois ele é pesado tanto para você, quanto para o povo -
Moisés deveria saber acerca disso, mas ele, como tantos outros, precisava de um
amigo para lhe mostrar a realidade. Este método não só era trabalhoso em si,
mas também causava dificuldades para as pessoas que eram forçadas a esperar na
fila por muitas horas.
Jetro não negou a posição de Moisés como porta-voz
de Deus; ele ainda estaria pelo povo diante de Deus, quer dizer, representaria
o povo perante Deus. Também continuaria sendo tarefa de Moisés ensinar os
estatutos e as leis e dirigir o povo no caminho em que deveriam andar e no que
deveriam fazer. Contudo, para cumprir sabiamente os propósitos de Deus, Moisés
deveria escolher homens capazes, tementes a Deus, “homens de verdade”, que
aborrecessem a avareza, e colocá-los sobre o povo por maiorais de mil, de
cem, de cinquenta e de dez. Talvez estes números se refiram a famílias e não a
pessoas. Os homens serviriam na função de juízes de tribunal inferior e
tribunal superior, cada líder de grupo menor responsável a quem estava acima
dele. Quem não estivesse satisfeito com uma sentença de instância inferior
poderia apelar para um tribunal superior. Isto significaria que inumeráveis
sentenças não chegariam a Moisés.
Obviamente, não basta a um líder apenas entender
que possui limitações, e que precisa ser representado para aumentar seu raio de
ação. Um líder precisa ser claro quanto ao que o seu representante vai fazer.
Jetro interveio na liderança de Moisés, dando-lhe claras explicações de como
deveria interagir - E tu dentre todo o povo procura homens capazes,
tementes a Deus, homens de verdade, que odeiem a avareza; e põe-nos sobre eles
por maiorais de mil, maiorais de cem, maiorais de cinquenta, e maiorais de dez;
Para que julguem este povo em todo o tempo; e seja que todo o negócio grave
tragam a ti, mas todo o negócio pequeno eles o julguem; assim a ti mesmo te
aliviarás da carga, e eles a levarão contigo (Êxodo 18:21-22) - Jetro
aconselhou e Moisés seguiu o que havia dito. Com isso, ele ganhou agilidade e
pode servir melhor, e em contra partida os liderados se ocuparam, e todos
passaram a trabalhar num objetivo comum.
Diferente desse modelo, hoje, em muitas igrejas,
encontramos dois grupos de pessoas nomeadas: os que não sabem o que fazer, e os
que querem fazer o que não lhes foi determinado. Todo líder precisa compreender
a responsabilidade que está sobre seus ombros ao dar poder a alguém para agir.
O poder pode mudar a mentalidade de uma pessoa, como no fato narrado em Atos
8:19-21, quando um homem chamado Simão, tentou adquirir o poder do Espírito
Santo através de bens materiais - e disse: “Deem-me também este
poder, para que a pessoa sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo”.
Pedro respondeu: “Pereça com você o seu dinheiro! Você pensa que pode comprar o
dom de Deus com dinheiro? Você não tem parte nem direito algum neste
ministério, porque o seu coração não é reto diante de Deus...
Um líder precisa observar se além de capacidade, o
tal também possui uma chamada da parte de Deus. A posição pode mudar o status,
mas pode não resolver o problema para o qual foi designado. Um certificado de
médico não resolve o problema de um doente. O conselho de Jetro era para que
Moisés buscasse pessoas capazes, e os nomeasse conforme a capacidade de cada
um: “põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de
cinquenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo tempo”. Se a
capacidade dos encarregados for negligenciada bem como outras qualidades o
prejuízo será de todos.
No texto de Deuteronômio 1:13-26, encontramos
alguns critérios usado por Moisés para designar sua liderança adjunta, as quais
podemos chamar de “As Qualificações para Líderes”. Dentre elas destacam-se:
1) Humildade no aconselhamento
2) Reconhecimento da
fraqueza humana
3) Preocupação pelo
melhor de Deus
4) Integridade de
caráter
5) Boa vontade em
obedecer
Além destas características fundamentais para um
líder cristão, é preciso também avaliar a capacidade pessoal e as condições de
trabalho adequado a cada indivíduo. O Senhor Jesus foi criterioso ao enviar
seus discípulos representantes, respeitando os atributos individuais.
Além de instruí-los Ele os enviou aos pares, pois a solidão é desagradável e traz consigo as suas tentações. E mesmo dentro desses pares, Jesus também utilizou critérios ligados ao temperamento, afinidade e aptidão de cada um. Observe atentamente como ficou estabelecidos os pares: Simão Pedro e André, esses dois eram irmãos; Tiago e João, ambos filhos de Zebedeu; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que traiu Jesus. Note, por exemplo, que Simão, o Zelote e Judas, o Iscariotes, eram pessoas que tinham ambições e diálogo mais político.
Além de instruí-los Ele os enviou aos pares, pois a solidão é desagradável e traz consigo as suas tentações. E mesmo dentro desses pares, Jesus também utilizou critérios ligados ao temperamento, afinidade e aptidão de cada um. Observe atentamente como ficou estabelecidos os pares: Simão Pedro e André, esses dois eram irmãos; Tiago e João, ambos filhos de Zebedeu; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes, que traiu Jesus. Note, por exemplo, que Simão, o Zelote e Judas, o Iscariotes, eram pessoas que tinham ambições e diálogo mais político.
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