quinta-feira, 6 de agosto de 2015

EBD: O segredo dos milagres apostólicos


Texto Áureo
Mas recebereis virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra.
Atos 1:8

Verdade Aplicada
Os milagres autenticam a pregação e são o cartão postal de uma Igreja viva e movida pelo Espírito Santo.

Texto de Referência
Atos 1.1-4

Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar, até ao dia em que foi recebido em cima, depois de ter dado mandamentos, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera; aos quais também, depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e infalíveis provas, sendo visto por eles por espaço de quarenta dias e falando das coisas concernentes ao Reino de Deus.
E, estando com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que, disse ele, de mim ouvistes.


Pescadores de Homens

Ao longo de três intensos anos, eles andaram com Cristo. Dormiram sobre o mesmo teto, comeram da mesma porção, caminharam os mesmos caminhos, conheceram as mesmas pessoas, frequentaram as mesmas festas. Olhavam para os olhos do próprio Mestre enquanto bebiam da fonte de seu inesgotável saber. Viram os lírios se vestirem com tal elegância que excedia aos reis. Contemplaram as aves se refestelando em seu banquete matinal. A visão de cada um se voltou para a cidade edificada sobre a rocha e sentiram seus olhos doeram com a ideia da lasca de uma madeira enterrada ali. Descobriram que a felicidade está nas pequenas coisas, que ser é muito mais importante que ter. Quantos preconceitos tiveram que vencer para jantar junto aos pecadores. Aprenderam que o zelo é primordial, mas que o amor e a misericórdia suplantam as convenções e são as bases que sustentam a fé. Cada ensinamento, cada palavra de vida eterna chegaram primeiro aos seus ouvidos. Desfrutaram da beleza que há na correção feita em amor e da doçura existente numa severidade empática. Homens privilegiados com um chamado exclusivo e pessoal, testemunhas oculares de cada milagre, participantes de cada página da mais bela história já registrada. Tinham motivos de sobra para crer, mas por um instante duvidaram, pois aparentemente seu Mestre tinha ido embora numa viagem sem retorno e agora eles estavam sozinhos, a mercê da própria sorte. O caminho fora interditado, a verdade tinha sido sepultada e a vida estava morta.  Mas o sepulcro frio e escuro só conteve Jesus por três dias. Um Cristo vivo e radiante aparece a Maria Madalena e ordena: - Vá e diga aos outros que eu ressuscitei! Porém, chegando ao túmulo, aqueles homens nada veem além de um lugar vazio. Tão vazio quanto seus lúgubres corações.  

Bastaram poucos dias sem uma manifestação corpórea do Jesus ressuscitado para que seus discípulos perdessem o foco prioritário de sua missão espiritual, tirassem da aposentadoria suas redes e se lançassem ao mar para uma boa noite de pescaria.  É comum ao homem que se sente longe de Deus seguir seus próprios instintos, confiar em suas habilidades naturais e tomar decisões por conta própria. Assim, eles decidem que é hora de voltar aos velhos hábitos, retornar as origens e se dedicarem a uma atividade mais prática, num mundo que conheciam muito bem. Ali, na imensidão azul, se sentiam grandes e importantes, senhores da situação, líderes de suas próprias vidas, e afinal de contas, para que se preocupar em pescar homens se existem tantos peixes disponíveis no mar?  É claro que nestas circunstâncias os resultados não seriam os melhores, e apesar dos seus muitos esforços, nenhum peixe se apanhou. Ao romper do dia, quando retornavam frustrados e decepcionados (pois até o mar os abandonara), avistaram junto à praia alguém que os perguntou se a pescaria tinha sido produtiva. - Por que vocês não jogam as redes novamente? Mas desta vez joguem para o lado direito do barco, e com certeza os peixes estarão lá – Orientou a homem que estava na praia. Sem nada a perder, os discípulos jogam as redes e milagrosamente os peixes começam a aparecer às dezenas. João é o primeiro a entender o que está acontecendo e avisa aos demais: - É ele... É Jesus! Pedro se lança nas águas e em largas braçadas chega à praia antes mesmo do barco.

Ali o Mestre os aguarda com pão e peixe assado. Como era seu costume, Jesus alimenta corpo e alma ao mesmo tempo, e enquanto come com eles, os encoraja a serem fortes e perseverantes, pois um novo tempo está para começar. Era chegada a hora dos alunos assumirem o lugar do professor, de discípulos se tornarem apóstolos. Está para nascer a maior e mais importante organização da história da humanidade: A IGREJA DE CRISTO. Pescadores de peixes agora se tornariam definitivamente em pescadores de homem.


Poderosas Testemunhas

O livro de “Atos” recebe este nome porque mostra exatamente o que os apóstolos começaram a realizar movidos pelo poder do Espírito santo e alicerçados na ressurreição de Cristo (Atos 1:8). Lucas começa a dissertação discorrendo acerca das coisas que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar (Atos 1:1). Aqui se finda seu ministério terreno e tem início o ministério terreno e tem início o ministério dos apóstolos. Veremos como foram instruídos antes da Sua ascensão e como deveriam agir após ser recebido nos céus. Como testemunhas, os apóstolos deveriam atuar em uma série de círculos concêntricos em continua expansão. Primeiro, Jerusalém, depois através da Judeia; passando por Samaria, um estado semi judeu, que seria uma espécie de ponte que ligaria o mundo pagão; e, finalmente, deveriam testemunhar até os confins da terra (Atos 1:8). Por não se tratar de uma fácil missão, eles deveriam primeiro ser revestidos de um poder sobrenatural, pois sem ele a missão estaria ameaçada (Atos 1:4-5). O dicionário Salvat define a palavra testemunha como sendo “pessoa que testifica alguma coisa; que adquire direto conhecimento de uma coisa”. A razão principal pela qual os apóstolos receberiam o poder do Espírito Santo em suas vidas era para que testemunhassem da obra salvadora de Cristo e de Sua ressurreição entre os mortos. Cristo sairia de cena, mas Seus representantes atuariam fortalecidos pelo mesmo poder que atuou em Seu ministério terreno (Mateus 10:25a). Os discípulos se tornaram apóstolos e, saindo da função de aprendizes, foram promovidos a mestres.

Durante três anos e meio Jesus mostrou através de sinais e maravilhas que havia um governo de trevas que dominava os homens e cegava seus entendimentos (II Coríntios 4:4). Eles sabiam que havia um poder contrário, um governo de trevas sobre o mundo e eles deveriam desapossá-lo. Mas sem poder isso seria impossível. Por esse motivo, Jesus ficou com eles por espaço de quarenta dias falando somente acerca do Reino de Deus. Jesus lhes revelou que havia outro reino, o das trevas (Atos 26:18 / Colossenses 1:3-29). Para que o Reino de Deus fosse bem-sucedido, era preciso que tivessem a convicção de quem eram a partir de então e como deveriam agir (Efésios 6:10-12). Porque melhor do que agir é saber o porquê da ação! Talvez esse seja nosso maior problema nesse mundo. Saber quem somos e o que podemos fazer. O poder do Espírito é o segredo do sucesso da missão da Igreja. Lembremos que os discípulos de Jesus foram homens que andaram cerca de três anos com o Mestre. Conheceram-no intimamente, foram ensinados por Ele, ouviram seus sermões e viram seus milagres. Viram Seus sofrimentos, morte, ressurreição e ascensão. Se alguma vez existiram homens que estivessem em melhor posição e condição de falar ao mundo acerca da ressurreição de Jesus e de todos os fatos a respeito dEle, estes homens eram os Seus discípulos. Entretanto, o que o Senhor Jesus diz é que eles seriam totalmente incapazes de fazê-lo se do alto não fossem revestidos do poder do Espírito.

Por que Jesus gastou tantos dias de revelação e ordenou que esperassem o revestimento do Espírito Santo antes de qualquer missão? O termo grego usado para “testemunha” é “martyr”. Alguns estudiosos entendem que o significado da missão dada por Jesus seria originalmente que Seus apóstolos morreriam defendendo a fé. Eles seriam mártires. Por isso, deveriam estar revestidos (Atos 1:3- 4). Um único destino lhes esperava, era a morte pela propagação da verdade e deveriam estar prontos para isso (Atos 1:8). O dicionário Michaelis define a palavra mártir como “pessoa que sofreu tormentos ou a morte pela fé cristã, ou pessoa que sofre por sustentar as suas crenças ou as opiniões”. O que mais vemos em nossos dias é o surgimento de pessoas desavisadas. Gente que pensa que o Evangelho é fonte de lucro ou um clubinho de diversões que satisfaz o público com belos espetáculos. Pessoas que vivem de qualquer jeito, sem sequer entender porque existem ou qual a missão que devem cumprir (I Coríntios 8:2).


Paciência para esperar 
antes de avançar

Sabemos que toda grande construção deve haver um grande alicerce. É o alicerce que garante o peso que poderá suportar. Jesus sabia muito bem disso. Ele sempre falou em calcular antes de construir (Lucas 14:26-32). O que estava em jogo naqueles quarenta dias era o futuro da Igreja e o projeto necessitava estar sólido antes da execução. Mediante manifestações da vida ressurreta, durante 40 dias, Jesus se revelou aos Seus discípulos, aparecendo e desaparecendo. Seu intento era leva-los gradualmente a perceber que Ele pode estar presente no Espírito, embora ausente no corpo. Não sabemos o que Jesus falou. Mas sabemos que era tão grande, que foram capazes de esperar e depois rasgaram os arquivos de suas vidas passadas, se importando apenas com a missão que lhes fora outorgada. A priori pensavam que o Reino de Deus se expressaria pela restauração de Israel (Atos 1:7). Mas Jesus os fez entender que Seu plano abrangia o mundo e não apenas um país. Como resposta às suas curiosidades receberam uma promessa e uma comissão (Atos 1:8). Por mais que Jesus ensinasse acerca do Reino de Deus, seus seguidores ainda tinham muito que aprender sobre Sua natureza. Devemos descobrir em qual direção Deus está guiando as coisas e remover do caminho tudo quanto há em nós que possa impedir sua obra.

Há várias maneiras de se esperar e a melhor de todas é quando sabemos que o que esperamos vai melhorar para sempre nossas vidas. Até Jesus esperou. Ele viveu durante trinta anos observando injustiças e vendo pessoas enfermas sem poder fazer nada por elas porque não havia chegado o momento (João 2:4). Se até o próprio Jesus precisou atuar movido pelo Espírito Santo, não seria diferente com os apóstolos que escolhera (Atos 1:2). Jesus revelou a seus discípulos o caráter e o objetivo do Reino, e lhes fez entender que estavam ligados a Ele, sendo pessoalmente o principal responsável tanto antes quanto depois de sua morte. É importante saber o que se espera, pois, a esperança não traz confusão (Provérbios 10:28 / Romanos 5:5a). A palavra de Deus fala da necessidade de esperar – e nos ordena a fazê-lo (Salmo 37:7). O segredo é esperar nEle é na verdade uma bênção em nossa vida (Provérbios 8:34). Somos abençoados quando damos ouvidos a Deus, vigiamos e esperamos diariamente ás Suas portas. Mas como é que Deus usa os períodos de espera para abençoar-nos? Quando Deus permite que circunstâncias nos impeçam de chegar ao alvo, podemos estar certos de que Ele tem uma boa razão. Pode ser que o propósito seja edificar nossa fé (Hebreus 11:1). Deus pode também usar os tempos de espera para edificar nosso caráter, enquanto aguardamos que o caráter de Cristo se forme em nós (II Coríntios 3:18). Deus pode ainda desejar que aprendamos a ser pacientes. Ele nos ama, portanto, o tempo de espera nEle deve ser benefício para o crescimento emocional e espiritual.

Jesus traça um contraste entre o batismo de João e o revestimento do Espírito Santo que deveriam aguardar (Atos 1:5). O batismo em água era oferecido somente àqueles que davam provas de verdadeiro arrependimento, pois atuava externamente (Lucas 3:8). Jesus estava lhes falando de mudança interior. Em muitas situações passadas, esses homens haviam fraquejado, mas revestidos se tornariam despertos para com a presença do Espírito e mais receptivos à Sua presença e poder. A espera exige quietude e paciência. Muitos de nós, porém, nos deixamos levar pelo espírito inquieto dos nossos dias. Existe um tipo de espera que significa acomodar-se, sem fazer esforços físicos ou mentais. A verdadeira espera inclui expectativa, oração e fé.


Uma tríplice função

A palavra grega “ekklesia”, que na língua portuguesa se traduz por “IGREJA”, etimologicamente significa “alguém que é chamado para fora”. Ela é formada de uma preposição - “ek” (fora) - e de um verbo, - “kaleo” (chamar) - logo significa “chamar para fora”, mas também pode ser entendida como “assembleia”. Ekklesia, no sentido prático, designava uma convocação de homens para a guerra. Em nosso contexto teológico, trata-se de um grupo específico que ao receber o chamado do Evangelho de Cristo (chamado este que é universal), abandonam suas velhas práticas, renunciam a si mesmos, tomam a cruz sobre os ombros e passam a seguir Cristo, tendo seu modo de agir, pensar e viver lapidados de acordo com os ensinamentos de Jesus. São pessoas que embora vivam no mundo, do mundo não são mais; pois vivem a vida baseados na fé do Cristo encarnado. Viviam num círculo vicioso de pecados, longe da vontade divina, mas foram “chamados para fora” e agora fazem parte do Reino de Deus. É claro que sem seu fundador e líder em corpo presente, a possibilidade de perder o foco e ver a causa minguar até o esquecimento era muito grande; e ficando exclusivamente nas mãos de homem voláteis a Igreja já nasceria em risco de extinção. Exatamente por isto, ao ascender ao céu em seu corpo ressurreto, Cristo envia outro para ficar em seu lugar e assumir o papel de mentor espiritual da organização, e assim alguns dias depois, quando o remanescente fiel estava reunido no cenáculo, esse “outro” (PARAKLETOS), chamado de “CONSOLADOR” chega provocando um barulho gigantesco, pois agora, cheios do Espírito, aqueles homens começam a falar em novas línguas, selados com fogo e revestidos de poder; aptos espiritualmente para realizar a grande obra para a qual foram separados, capacitados para transformar o mundo através do Evangelho.

Mas que proveito existe em se pregar o Evangelho, ganhar milhares de alma e no final se perder? Antes de sair ao mundo e evangelizar, a IGREJA precisa primeiramente adorar. Não simplesmente cantar canções bonitas no domingo de olhos fechados e mãos levantadas, mas adorar em espírito e verdade, dia e noite, noite e dia. Adoração não é status ou mero devocional, é estilo de vida. Questão de escolha. Ser adorador é viver por Deus, em Deus e para Deus. É entregar a ele o que temos o que somos e o que queremos, para desta forma, viver a sua vontade. É sonhar seus sonhos e querer seu querer, dedicar ao Senhor seus dias, seus atos e sua vida, vivendo de forma que cada segundo, cada gesto de suas mãos, cada pensamento e palavra que se pense ou diga seja para honra e Glória do Pai. Este é o dever primário da Igreja, adorar ao Senhor com toda a força de sua existência. Mas a igreja adoradora ainda não está completamente apta para impactar e ganhar o mundo. Pois antes de “encarar” o desafio da evangelização, ela precisa se “EDIFICAR”, e é aí que a ação do Espírito Santo se torna vital dentro da comunidade eclesiástica. Por atuar em uma esfera completamente espiritual, a ação prática do Espírito Santo na congregação depende exclusivamente das “ferramentas” disponibilizadas a ele no mundo físico, ou seja, os crentes dispostos a isto.

A Edificação pode ser entendida como um processo constante pelo qual Deus mantém ativa e produtiva sua igreja na Terra. Evidentemente, cabe a nós (humanos) cuidarmos dos aspectos práticos e materiais da obra tais como templos, equipamentos, suprimentos em geral; sendo que todos estes elementos são viabilizados através dos dízimos, ofertas e com uma gestão eficiente. Mas a igreja também tem necessidades espirituais e precisa ser gerida por um ser espiritual (O Espírito Santo). Essa “capacitação sobrenatural” é a forma que Deus trabalha em sua igreja buscando o fortalecimento e o aperfeiçoamento de todos os que estão em Cristo. O apóstolo Paulo nos advertiu em II Coríntios 4:7 que a excelência do poder que há em nós vem e é de Deus, e ele deposita seus tesouros dentro de vasos comuns. Uma vez que o crente entende que ser cheio do Espírito é uma dádiva concedida e não um mérito conquistado, ele estará apto a exercer com dignidade as atribuições que o Espírito lhe conceder. A fim de capacitar a IGREJA para a grande obra a ela destinada, o Espírito “presenteia” indivíduos com “poderes” sobrenaturais e os capacita a realizar “obras” além da capacidade ou compreensão humana. Esse poder concedido não visa engrandecimento de pessoas, mas sim contribuir para o crescimento e fortalecimento da comunidade, edificando o Corpo de Cristo. Somente após este preparo, a Igreja finalmente estará pronta para “ganhar o mundo” através da evangelização.


Não somente ver, mas realizar

Lucas começa o diálogo falando acerca do que Jesus fez e ensinou a fazer. O que fez e o que disse são coisas inseparáveis. O que Ele fez deve ser interpretado à luz do que disse; e o que Ele disse deve ser interpretado à luz de tudo o que Ele fez. O que se seguiu no movimento Cristão teve lugar por causa daquilo que Jesus fizera e dissera (Atos 1:1). Jesus deu as coordenadas, mas parece que faltava algo para impulsionar os discípulos a marchar. As palavras dos anjos soam como uma última advertência: “é hora de dar segmento a obra, parem de olhar para cima, mais tarde ele vai voltar” (Atos 1:10-11). Existe o perigo de nos ocuparmos com os mistérios da Trindade e nos esquecermos do próprio Senhor. De nos dedicarmos ao estudo da expiação e nos esquecer daqueles pelos quis Jesus morreu. A sequência da obra dos discípulos não podia abrir mão da unção do Espírito Santo. Daí vem o convite – ordenança de Jesus aos discípulos (Lucas 24:48-49). Eles ficaram e o Espírito Santo veio sobre eles no dia do Pentecostes. Assim, o Pentecostes, além de marco histórico na caminhada da Igreja, é referência de visitação do Espírito Santo. Cada Igreja, cada geração, cada cristão precisa ter o seu Pentecostes. Pentecostes é ser íntimo de Jesus e de Seu Espírito Santo; é sentir a cada dia o coração ardendo em fé, confiança disposição para fazer a obra que Deus vocacionou a Igreja (Atos 1.8).

O Evangelho sem milagres é como um mar de peixes. Durante três anos e meio o mundo se maravilhou com o ministério de Jesus aqui na Terra e, após Sua ascensão, os discípulos testemunhavam Sua ressurreição com grande poder (Atos 4:33). É impossível entender como alguém pode falar de Cristo e não fazer uso do poder de Seu nome para libertar oprimidos, curar enfermos e operar maravilhas, prodígios que atraem as multidões (João 6:2). Esse foi o modelo ensinado por Jesus e não adianta inventar outra forma de apresentar o cristianismo. Ele afirmou que se crêssemos faríamos obras ainda maiores (João 14.12). O tempo passou e, em vez de homens poderosos, nos tornamos hábeis pensadores. Para que esse tempo volte, precisamos não de reforma, mas sim, de retorno (At 11.15). A Igreja Primitiva levou muito a sério o encargo de ser testemunha de Jesus até os confins da terra (Atos 1:8). Tal ato começou por suas próprias casas, amigos e familiares através da manifestação de sinais e prodígios (Atos 5:12-14).

Até hoje vivemos a nos perguntar como esses homens alcançaram tão grande feito em seus dias. E aqui está a resposta: eles fizeram coisas extraordinárias. Mas, por que fizeram? Porque se prepararam antes de agir. E qual foi o preparo? Deixar de amar a própria vida por causa da missão. Eles trocaram a vida pela glória (Lucas 14:33). Nós saímos do mundo, é certo que tanto nossa influência quanto resistência dependem de nossa separação e renúncia. É preciso entender que o sal vem do mar, mas se outra vez for misturado com a água desaparecerá (Lucas 14:34). É extremamente importante lembrar que os discípulos estavam preparados para obedecer a Deus como o Senhor e soberano, continuando a testificar a ressurreição de Jesus e a realizar portentos em seu nome. Estavam prontos para enfrentar as forças opositoras e o poder religioso que tentava freá-los a todo custo (Atos 4:26-31). Para eles era importante que o fato de Jesus ter ressuscitado fosse comprovado pelos milagres. Os evangelhos relatam o que Jesus Cristo fez através de um corpo mortal. No entanto, o livro de Atos apresenta o que Ele fez por meio da Igreja que é o Seu Corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos (Efésios 1:23).


Homens com uma missão

Para ser contado entre os apóstolos, foi estabelecido pelos onze discípulos remanescentes que o candidato tivesse conhecido a Jesus e acompanhado seu ministério, aprendendo em loco seus ensinamentos. Baseado nestes critérios, Matias foi eleito para completar o grupo. Paulo, apóstolo dos gentios, não se encaixava neste perfil, mas mesmo assim defendia seu apostolado, pois o próprio Jesus sanou estas “pendências”; primeiramente se apresentando pessoalmente a Paulo (Atos 9:3-6) e posteriormente o levando ao céu para receber “seus” ensinamentos” (I Coríntios 11:23, II Coríntios 12:2).  Um grupo já fechado e insubstituível que formam as bases e os pilares da IGREJA estabelecida por Cristo. Enquanto andaram com Jesus, esses homens foram sempre identificados como “DÍSCIPULOS”, que significa “aprendiz ou aluno”. Já no livro de Atos, pós-ascensão de Cristo, quando as responsabilidades de se prosseguir com a missão do Mestre recaíram sobre seus ombros é que passaram a serem chamados de “Apóstolos” que significa “alguém que é enviado”. Ora, todo homem que se propõem a seguir a Cristo e cumprir seus mandamentos, traz sobre si a responsabilidade da grande comissão: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.  E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados (Marcos 16:15-18). Logo, “todos” os cristãos foram “enviados” para uma missão especial; a de anunciar o Reino de Deus aos Homens. Também é concedido para aquele que renuncia a si mesmo, vivendo por Cristo, a honraria de ser um representante legal do Reino de Deus entre os homens: De sorte que somos embaixadores da parte de Cristo, como se Deus por nós rogasse (II Coríntios 5:20).

Um embaixador é o representante máximo do chefe de um Estado em outro Estado, e, portanto, podemos afirmar embasados nas escrituras que todo Servo de Deus “é” um representante legal de Cristo aqui na Terra, não cabendo tal honra a apenas “um” único homem, como muitos erradamente tendem a acreditar. Se todos fomos “enviados” por Cristo, e somos todos seus “representantes” legais aqui na Terra, então, “TODOS” temos um chamado apostólico em nossas vidas e podemos nos considerar um pouquinho apostólicos também. Mas esta é uma chamada generalizada pertinente a toda a Igreja, e não uma vocação específica ou um chamado individual. Somos apostólicos, mas isto não nos torna Apóstolos.

O número doze na Bíblia faz referência a “totalidade” e é considerado um número de governo. Portanto, faz total sentido que num grupo de muitos seguidores, Jesus tenha escolhido doze homens especiais para serem seus discípulos. Como um deles se perdeu, o Mestre já glorificado escolheu um substituto que se tornou o mais notável entre todos eles.  Nada mais justo que a Bíblia utilize o “termo” APÓSTOLO para descrever apenas este grupo seleto de homens especiais que literalmente viveram e morreram pelo evangelho. Para ser um apóstolo era necessário ter recebido um chamado especial de Jesus (Lucas 6:13) e ter acompanhado na íntegra o ministério de Cristo (Atos 1:21-22), e todos cumpriam tais exigências, embora Paulo tenha recebido um chamado posterior e uma instrução diferenciada. Sobre esses APÓSTOLOS era delegada uma autoridade especial como continuadores diretos do ministério de Cristo e para o estabelecimento das diretrizes que norteariam a IGREJA recém-estabelecida (Atos 15:6:29). Ora, este grupo especial de homens escolhidos em corpo presente pelo próprio Jesus são as bases da Igreja edificada em Cristo; autores dos preceitos que garantem a funcionalidade da organização por todo mundo ao longo de dois milênios, expositores e explanadores de toda a doutrina neo testamentaria; mártires da causa cristã; operadores de obras portentosas; mestres da IGREJA em todo tempo e lugar; dignos o suficiente para terem seus nomes eternizados nas edificações celestes (Apocalipse 21:14). Eles são de fato os únicos homens chamados na Bíblia de APÓSTOLOS e não há nenhum indício que legalize qualquer outra pessoa a se auto denominar “substituto” de qualquer um deles.

Enquanto estavam sobre a tutela de Jesus, esses homens eram chamados de DISCÍPULOS, ou seja, ALUNOS. A ascensão de Cristo e o comissionamento dado a seus discípulos, conferiu-lhes o “diploma” de formatura. Agora eles seriam os professores dos discípulos que estavam por vir, e apenas neste momento, são chamados de APÓSTOLOS, ou seja, “ENVIADOS”. Que Deus nos conserve em Graça e Amor, aptos para ouvir e aprender dia após dia, como servos obedientes e discípulos em humildade, cientes que nossa “formação” definitiva só acontecerá após a volta de Cristo, e que até este dia glorioso estaremos em um constante processo de aprendizado pois como Jesus dizia  aos judeus que criam nele, “se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:31-32).




Participe da EBD deste domingo, 09/08/2015, e descubra você também o maravilhoso poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.

Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 96 - Editora Betel
Comentarista: Pr. Abner de Cássio Ferreira
Sinais, Milagres e Livramentos do Novo Testamento 
Lição 6

Comentários Adicionais (em verde):
Pb. Miquéias Daniel Gomes




2 comentários:

  1. Pb. Miquéias Daniel Gomes, Deus continue te abençoando e dando cada vez mais sabedoria na direção do Espirito Santo, parabéns pelo comentario, gostei muito, principalmente na parte que o Irmão fala sobre
    Adoração, é isto que a Igreja precisa saber, tem muita gente equivocada e enganada, precisamos de pessoas como verdadeiro Espirito de Adorador.

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    1. Miqueías Daniel Gomes8 de agosto de 2015 às 23:19

      Prezado irmão Elias.
      Fico grato por suas palavras. Oro sempre á Deus para que estes comentários sejam benção na vida dos leitores.Desde já peço também que ore por este trabalho, pois embora mui gratificante, é deveras espinhoso. Grande Abraço

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