quinta-feira, 27 de agosto de 2015

EBD - A irreverência destruiu Ananias e Safira



Texto Áureo
Atos 5:11
E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas.

Verdade Aplicada
Deus conhece o interior da alma de cada ser humano, Ele jamais é injusto. Quando age com juízo, é porque viu o que nenhum de nós poderia ter visto.

Textos de Referência
Atos 5:3-5, 9

Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E um grande temor veio sobre todos os que isto ouviram.
Então Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e também te levarão a ti.


Um casamento e dois funerais

Os primórdios da Igreja foram marcados por uma intensa e irrepreensível união, tornando-se um dos pilares que sustentaram seu crescimento assombroso. Nos primeiros capítulos de Atos dos Apóstolos, o evangelista Lucas registra minuciosamente os fatores que corroboraram para o estabelecimento desta unidade eclesiástica: A Igreja, como um todo, se mantinha fiel aos ensinamentos apostólicos, nas orações, na comunhão e no partir do pão. Entre eles não havia gente necessitada, pois aqueles que “tinham” repartiam com os que “não tinham”. Faziam refeições comunitárias, onde comiam juntos em alegria e humildade de coração. Todos cultivavam a mesma fé e tinham tudo em comum, sendo hospitaleiros uns para com os outros.  Perseveravam unânimes no templo, louvando a Deus e caindo na graça do povo. O amor era uma pregação prática e incessante, despertando interesse de todo tipo de gente por aquela nova fé. Uma vez atraídos pelos laços de fraternidade tão presente entre os cristãos, todos eram impactados pelo poder que residia na pregação dos apóstolos, que cheios de unção testificavam sobre a ressurreição de Cristo e ministravam a Palavra de Deus com tamanha ousadia, que até os alicerces do templo eram abalados, operando em nome de Jesus, grandes sinais e prodígios maravilhosos. Com um número cada vez maior de fiéis ingressando em suas fileiras, seria apenas uma questão de tempo para que alguma “laranja podre” fosse identificada no seio da congregação. E de fato, isto não demorou a acontecer.

Uma das práticas mais relevantes da Igreja Primitiva consistia em que cristãos mais abastados se desfaziam de alguns bens e traziam o dinheiro angariado até os apóstolos, afim de que os mesmos repartissem aquele valor entre os mais necessitados. Lucas cita, por exemplo, que um levita natural de Chipre por nome Barnabé, após vender uma propriedade, reverteu toda a renda em prol dos menos favorecidos. Tal atitude generosa fez com que o mesmo fosse muito estimado pela congregação, abrindo precedentes para que outros irmãos agissem da mesma forma. Ananias e Safira, também venderam uma propriedade, mas não tornaram público o valor da transação. Separaram uma parte do dinheiro obtido com aquela venda e trouxeram o montante aos apóstolos, dizendo que estavam ofertando aos necessitados todo o valor conseguido com a venda. Com isso, objetivaram ganhar em duas frentes. Se por um lado poderiam empregar o dinheiro guardado em novas propriedades, por outro seriam enaltecidos dentro da congregação por sua generosidade desapegada. Buscando ser duplamente honrados, o casal decide que cada um deverá levar separadamente, uma parte do dinheiro até os apóstolos, ressaltando que ali estava sendo entregue tudo quanto tinham conseguido arrecadar.

Porém, esta atitude hipócrita e gananciosa, com motivações meramente carnais, desagradou profundamente ao Espírito de Deus, que tomou aquela mentira como uma ofensa pessoal. Pedro ficou incumbido da dura tarefa de transmitir ao casal a terrível sentença desta irreverente ação. Ananias foi o primeiro a se achegar ao altar, e assim que entregou sua “oferta” ao apóstolo, foi inquirido pelo homem de Deus: - Por que você deixou Satanás encher teu coração com mentiras? Alguém exigiu algo de você? A herança não era tua? O dinheiro da venda não era teu? Por que, então, decidiu por este engodo, mentindo não aos homens, mas sim ao próprio Deus? Assim que ouviu estas palavras, Ananias foi atingido mortalmente pelo Senhor e faleceu imediatamente, fazendo que um grande temor recaísse sobre toda congregação. Alguns jovens obreiros se encarregaram de retirar o cadáver do cenáculo e sepulta-lo nas imediações. Passadas três horas, Safira se apresenta diante de Pedro, e incauta sobre o acontecido, repete a história contada anteriormente por seu marido. Diante de mais esta mentira, Pedro informa aquela mulher que as mesmas pessoas que sepultaram seu marido horas atrás, também seriam responsáveis pelo seu próprio sepultamento. Ao saber de sua viúves, e tomando consciência da gravidade de seu erro, imediatamente, Safira morreu.



Ananias e Safira – 
Inimigos íntimos da Igreja

Corremos grandes riscos quando tentamos aparentar ser o que não somos. Tal ação e denominada hipocrisia. É a dissimulação deliberada. É a tentativa de fazer as pessoas acreditarem que somos mais espirituais do que somos. Lucas faz questão de relatar a oferta de Barnabé antes da oferta de Ananias e Safira (Atos 4:36. Seu intento é mostrar a motivação do casal, os quais buscavam reconhecimento entre os apóstolos. Ananias e Safira forma instigados por Satanás a buscarem glória humana e, tomados pelo orgulho, cederam e planejaram uma estratégia (Atos 5:3). Satanás sabe que não pode destruir a Igreja, por isso, tenta misturá-la perder a credibilidade (Atos 20:28-3). O “Inimigo” sabe como enganar a mente e o coração dos membros da Igreja, e como os manipular de modo que sigam suas ordens, mesmo sendo cristãos sinceros (Efésios 6:5-9). Devemos ter em mente que Ananias e Safira não foram condenados por roubar dinheiro de Deus, mas sim pela mentira arquitetada em seus corações. Eles não tinham obrigação alguma de ofertar qualquer valor pela propriedade vendida (Atos 5:4). A origem de seu pecado se deu pelo desejo de reconhecimento (Atos 5:4-9), um pecado que, infelizmente, lhes custou a vida (Tiago 1:15).

A igreja vivia um altíssimo nível espiritual naquele tempo e qualquer pessoa que fizesse parte dela não conseguira participar da comunhão por muito tempo sem que sua falsidade fosse percebida. A intervenção poderosa de Pedro condenou a raiz do pecado e manifestou um dom pouco ativado pelos cristãos em nossos dias: o dom de discernir os espíritos, que é a habilidade ou capacidade, dada por Deus, de se reconhecer a identidade, a personalidade e a condição dos espíritos em suas diferentes manifestações ou atividades. Ananias e Safira teriam se tornado pessoas influentes dentro da Igreja, caso Pedro não discernisse e a palavra de juízo os julgasse (I Coríntios 12:1-11 / I João 4:1). Pedro tinha o dom de discernimento espiritual e foi informado pelo Espírito Santo que Ananias e Safira estavam mentindo. As palavras do apóstolo deixam bem claro que Ananias tinha completa liberdade para conservar ou vender sua propriedade conforme bem entendesse. Seu pecado se achava na sua mentira ao Espírito Santo e consistia, assim, não em dar uma mera parte do preço ao fundo comum, mas, sim, em alegar que o dinheiro representava a totalidade e não apenas parte do preço da propriedade. Nem sequer se tratava apenas de procurar enganar os líderes humanos da Igreja. Os líderes eram homens inspirados pelo Espírito e, portanto, eram os representantes de Deus.

Enquanto os ataques do inimigo forem externos, a Igreja estará segura, mas, quando estes penetrarem em seu seio, esta ação deve ser cortada. A Igreja foi comprada com o precioso sangue de Jesus e o zelo de Deus está sobre ela (Atos 20:28; Efésios 5:25). Satanás tem por finalidade destruí-la ou enfraquecê-la com sua mentira, porque uma Igreja sem poder é apenas mais uma religião no mundo (João 8:44 / 10:10). Três qualidades distinguem a Igreja e, por isso, é vítima dos ataques inimigos. Primeiro, ela é coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.15), por isso é atacada com as mentiras de Satanás. Em segundo lugar, a Igreja é o templo de Deus, onde Ele habita (I Coríntios 3:16), por isso, ele deseja se mudar para dentro dela para roubar sua perfeição. Por último, a Igreja é o exército de Deus e Satanás procura se infiltrar nela para seduzir o maior número possível de traidores (II Timóteo 2:1-5). Esta história nos dá um claro exemplo do julgamento pessoal de Deus, pois se Ananias e Safira tivessem julgado o próprio pecado, não teriam sofrido o julgamento de Deus (I Coríntios 11:31). No entanto, ao concordarem em mentir, Deus teve de lidar seriamente com eles


A importância do Discernimento Espiritual

Desde o Jardim do Éden, Satanás tem enganado o ser humano de diversas maneiras, mas nenhuma é tão eficiente quanto “simular” as ações de Deus. A Bíblia nos revela que Deus é Espírito (João 4:34) e é também no campo espiritual que o Inimigo atua em sistemas de poderes organizados. O homem também é um ser espiritual “revestido de um corpo corruptível” (I Coríntios 15:35-54), o que faz deste mundo invisível, um ponto chave em nossa vida cristã – “Pois não temos que lutar contra a carne e nem o sangue, mas sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Efésios 6:12) ”.   O termo espírito ou espíritos aparece cerca de 990 vezes nas escrituras, sendo que em Hebreus 12:7-9, é aconselhado que nos sujeitemos a Deus, que é “Pai dos Espíritos”. Deus é um ser espiritual, logo as ordens angelicais também o são, ministrando seus desígnios e tornando-se visíveis aos homens apenas em ocasiões especiais (Genesis 32:1-2; Juízes 6:11; I Reis 19:5; Neemias 9:6;  Jó  1:6; 2:1;  Salmos  68:17; 91:11; 104:4; Isaías 6:2,3; Daniel 8:15-17; Mateus  13:39;  13:41; 18:10; 26:53; Marcos 8:38; Lucas 22:43; João  1:51;  Efésios 1:21; Colossenses 1:16; II Tessalonicenses 1:7; Hebreus 1:13,14; 12:22; I Pedro 3:22; II Pedro  2:11; Judas 9; Apocalipse 12:7; 22:8,9). Se os anjos do Senhor são espíritos, logo a terça parte dos renegados que foram expulsos do paraíso também o são. Espíritos maldosos e enganadores, que atuam nas esferas celestes (céu cósmico), aos quais comumente denominamos DEMÔNIOS. O homem também possui um espírito dentro de si, que foi dado e será recolhido por Deus (Eclesiastes 12:7), recebendo então uma destinação final baseado no julgamento de seus atos enquanto vivente (Hebreus 9:27).

Considerando estes fatores, podemos concluir que uma manifestação espiritual pode ser oriunda de três fontes distinta: Espírito de Deus, espírito de demônios ou espírito do homem. A manifestação do Espírito de Deus visa fortalecimento, consolação, conselho, exortação e santificação do Corpo de Cristo. A manifestação do espírito de demônios visa confusão, contendas, deturpação e corrompimento deste mesmo Corpo. A manifestação do espírito do homem por sua vez, age visando vanglória e interesses pessoais, como por exemplo, no caso de Ananias e Safira. Para realizar o julgamento sobre as ações espirituais sem cometer uma grave blasfêmia contra o Espírito Santo, atribuindo a ele uma ação demoníaca ou vice-versa, faz-se necessário o Discernimento dos Espíritos.

Este DOM nada mais é do que a capacidade e a habilidade sobrenatural de se reconhecer e identificar o espírito (ou espíritos) que estão por detrás de uma manifestação ou atividade, percebendo e distinguindo suas personalidades e condições.  Este DOM é vital dentro da igreja, pois qualquer espírito que queira “interagir com o mundo físico” precisará fazer uso do corpo e das faculdades de um ser humano, o que nos trará imensos desafios e batalhas tremendas dentro da congregação, exigindo do cristão essa habilidade de identificar a manifestação espiritual e posteriormente, conhecendo a fonte, saber como agir e reagir em relação a cada tipo de espírito. Uma vez reconhecida à voz de Deus, postar-se em reverência para ouvir a mensagem. Se a manifestação espiritual for identificada como oriunda de uma fonte maligna, expulsar os demônios no nome de Jesus e trazer libertação a pessoa que está sendo “usada” por esta força demoníaca. Caso seja identificado que a manifestação não passa de uma atividade humana, repreender o responsável pela mensagem, e assim evitar confusão junto à igreja. Caso não haja na congregação pelo menos um indivíduo que possua tal DOM, toda a comunidade eclesiástica ficará vulnerável a ação de espíritos enganadores e homens mal-intencionados que se usurpam da “Palavra de Deus” para obter lucros abusivos e vantagens pessoais, manipulando a fé dos fiéis. Todo membro do Corpo, deve constantemente interceder por seus líderes e pastores, a fim de que estes homens sejam capacitados por Deus a exercerem o bom discernimento e identificar as manifestações nocivas que podem acontecer no seio da congregação.


Uma cultura orgulhosa e materialista

A nova vida produzida pelo Espírito Santo capacitava os primeiros cristão a viver em comunhão e a dividir seus bens para suprir a necessidade dos menos favorecidos. Esta atitude desafiava o espírito ambicioso dos moradores de Jerusalém, lugar onde o Espírito Santo imprimia em cada cristão um modelo de Cristo (I Coríntios 11:1). Na época do derramamento do Espírito, Roma estava no poder e disseminava uma cultura de orgulho, arrogância e materialismo, onde os oprimidos, as viúvas, órfãos e os pobres não tinham vez (Salmo 9:6). Por toda a extensão do império encontravam-se monumentos e palácios que foram construídos para os heróis de guerra. Porém, não havia qualquer preocupação com os pobres (Salmos 9:18). Do lado judeu, a cobiça e o orgulho também predominavam. Os líderes religiosos se inclinavam para a aquisição das riquezas e de propriedades (Eclesiastes 5:10 / I Timóteo 6:10). Enquanto isso os fariseus viviam de artimanhas legais para roubar as casas das viúvas. Assim, os órfãos eram abandonados e os desabrigados sofriam ofensas. A classe trabalhista era sabotada no salário. Não havia mais justiça, nem temor a Deus. Por todo Israel, a atitude predominante era a seguinte: “Cada um por si”. Não havia satisfação porque cobiçosamente se desejava mais e mais.

Durante centenas de anos, os pobres haviam sido desprezados, mas, de repente, o Espírito Santo soprou uma qualidade de vida contagiante, onde as pessoas vendiam propriedades, compartilhavam suas alegrias e tinham tudo em comum (Atos 2:43-46). O mundo presenciou o surgimento de crentes que amavam uns aos outros, eram cheios de poder, não estavam presos a bens materiais e se preocupavam com os necessitados. O Espírito Santo queria que eles fossem uma carta lida, um testemunho vivo do amor de Deus para o mundo (II Coríntios 3:2). Eles pregavam sem palavras, com atos. Foi exatamente esse clima que Ananias e Safira tentaram sabotar. Não custa entender porque perderam a vida. A aparente generosidade de Ananias não foi um ato de fé. Ananias não agiu licitamente, pelo que inclui o verbo grego (nosphizomai) traduzido por reter (Atos 5:2-3). Esse verbo no Novo Testamento só aparece aqui e em Tito 2.10 (traduzido por defraudar). “Reter” aqui é no sentido de “subtrair”. Esse mesmo verbo aparece em Josué 7:1, na Septuaginta, quando Acã tomou do “anátema” de Jericó.

Muitas pessoas servem a Deus com reservas, não permitindo que o senhor preencha as áreas escuras de suas almas. Ananias e Safira não foram punidos por causa de um pedaço físico de terra, o juízo tem a ver com o território interno dos seus corações. Eles se rebelaram contra a verdade. Acreditaram que podiam servir a Deus e estar agarrados a alguma coisa. Pedro afirma que mentiram ao Espírito Santo (Atos 5:3). A ganância em seus corações foi a chave que deu acesso legal à entrada de Satanás e, com obstinada desobediência, permitiram que o inimigo enchesse seus corações (Provérbios 26:2 / Efésios 4:7). O preço de uma vida triunfante não é pequeno. Significa sujeitar a vida toda à Palavra de Deus, não deixando mais nenhum lugar escuro, nenhuma luxúria oculta ou rebelião. Não devemos dar espaço para Satanás entrar porque é tudo o que ele precisa para ganhar o direito de entrar e estabelecer uma base poderosa em nossos corações (Tiago 4:7/ I Pedro 2:13).

Lições de um juízo inesperado

O testemunho que se espalhou por toda Jerusalém é a mensagem que o Espírito Santo desejava disseminar em todo o mundo. Somente o poder de Deus poderia suplantar aquele espírito de materialismo que há séculos asfixiava Israel. Algumas pessoas confundem período de graça com ausência de santidade divina. Embora não sejam comuns tais juízos. Deus ainda os executa em nossos dias. Ninguém, exceto Deus, conheceu o que havia de tão horrendo no coração de Ananias e Safira. Todavia, não há dúvidas de que eles mexeram em casa de maribondo quando tentaram enganar a todos, inclusive a Deus (Atos 5:3-4). Ananias significa “Deus é cheio de graça”, mas ele descobriu que Deus também é santo. Safira significa “bela”, mas o pecado tornou seu coração repugnante. Um avivamento não nos isenta de ter no seio da Igreja pessoas com essa estirpe. Em tempos de grande avivamento, a presença de Deus é real e quando essa presença é real pode tanto salvar quanto matar (II Samuel 6:6-7). Ressalte para eles que, no mesmo lugar que se produzia a vida, Ananias e Safira encontraram a morte. Assim como Nadabe, Abiú e Uzá, eles foram irreverentes e a presença de Deus para eles agiu como juízo em vez de graça (Levíticos 10:1-5 / I Crônicas 13:9-10).

Vivemos tempos difíceis onde as pessoas misturam o santo com o profano, onde tudo é muito comum. Tempos em que se vive uma graça sem responsabilidade, onde o temos a Deus parece não fazer parte da vida de muitos cristãos. O que o Espírito Santo está tentando nos comunicar com o juízo sobre esse casal? Será que sabemos o que significa temor? Temor não é medo, é respeito, reverência! Eles tentaram enganar a Deus como se Deus fosse uma pessoa qualquer! Eles não precisavam dar nada, a propriedade lhes pertencia. Também não precisavam forjar valores. Era somente dizer: “eu quero dar isso! ”. Morreram por querer aparentar o que não eram. Por isso, eles se tornaram exemplo para que todos vissem o quanto Deus é santo (Jó 28:28 / Provérbios 1:7; 10:27). O motivo da ira de Deus se encontra nos versículos 3 e 4 – eles mentiram ao Senhor! Ananias e Safira venderam um terreno e afirmaram que o ofertaram o valor total da venda para ajudar os irmãos pobres. Eles queriam parecer pessoas generosas, mas, ao mesmo tempo, queriam ficar com uma parte do dinheiro. Decidiram mentir, dizendo que sua oferta foi o valor integral da venda do terreno. Deus não obrigou ninguém a vender terras ou a dar o valor total de suas propriedades. Pedro reconheceu o direito de Ananias e Safira de ficar com o seu terreno: “Conservando-o, porventura, não seria teu? Uma vez que decidiram vender, não foram obrigados a doar o valor total. Pedro acrescentou: “E, vendido, não estaria em teu poder? ” (Atos 5:4). Ananias e Safira queriam o “crédito” por uma doação generosa, sem o sacrifício de perder todo o valor do terreno. Mentiram para Deus e para os homens e foram cobrados por essa infeliz atitude.

A irreverência matou Ananias e Safira. No entanto, o grande questionamento é se foram ou não salvos. Segundo o que as Escrituras nos informam, poderíamos acreditar que não (I Coríntios 6:9-10 / Apocalipse 22:15). Todavia, o que convém é entendermos que Deus é soberano e não precisa dar explicação de seus atos. Somente Ele viu realmente o que havia em seus corações e se agiu dessa forma é porque viu muito mais além daquilo que vemos (Jeremias 17:10). Pedro também lhes deu a oportunidade de dizer a verdade, ele apenas condenou a mentira. Entretanto, foi o Espírito de Deus que executou o julgamento (Atos 5:4-11 / Gálatas 6:7). Ananias e Safira esperavam dar um pouco a Deus e receber crédito por muito. O seu esquema era desonesto e o julgamento de Deus foi rápido e severo. Não precisavam terminar dessa maneira. Esse é o preço da hipocrisia e da insensatez. Em vez de fama e sucesso, alcançaram a vergonha e o fracasso.

O juízo sobre a vida de Ananias e Safira nos ensina que ninguém deve brincar com o Espírito Santo, nem deixar de levar a sério a importância de se dizer a verdade. A graça é a oportunidade para se viver retamente; o juízo é a resposta para quem se utiliza da graça para ser desonesto.


O perigo das “boas intenções”

Há um ditado popular que diz: de boas intenções, o inferno está cheio. De fato, as boas intenções não justificam ações impensadas, levianas ou displicentes. Basta lembrar do caso de Saul, que recebeu do Senhor a ordem de subir contra os amalequitas e aniquilar tudo que encontrasse pelo caminho. Ele reuniu um poderoso exército com 210 mil homens e subiu contra Amaleque, mas contrariando a instrução divina, poupou a vida de Agague, rei dos amalequitas e ainda tomou como espólio de guerra os seus rebanhos de vacas, ovelhas e carneiros. Esta atitude de Saul acendeu a ira do Senhor contra ele, e Samuel foi enviado para repreende-lo. O rei tentou justificar seu erro com um argumento que convenceria a maioria de nós: trouxe estes animais para sacrificar ao Senhor. Mas a resposta de Saul a essa justificativa foi a celebre frase: É melhor obedecer do que sacrificar (I Samuel 15:22).

O amor e o zelo estão intrínsecos em Deus, fazendo parte de sua personalidade. Logo, o Grande "Eu Sou" vela pela sua palavra e sempre a fará se cumprir. Uzá, ao tentar segurar a Arca com suas próprias mãos, negligenciou o zelo de Deus. Como sacerdote, ele sabia exatamente como proceder, mas foi conivente com desleixo demonstrado na tentativa de levar a Arca para Israel. Todas as intenções eram boas... Davi ansiava pelo retorno da presença de Deus. O povo desejava que a Arca voltasse para casa. Os sacerdotes se apressaram para que nenhum minuto fosse desperdiçado. Mas todos se esqueceram que não basta desejar a presença de Deus.... Antes é exigido preparo, cuidado e santificação. Deus não visita casa bagunçada. Ele vem até seu povo, mas é necessário atender os pré-requisitos. Deus faz suas exigências e homem que deseja compartilhar de sua presença precisa atender. Uzá se esqueceu disso, assim como nós nos esquecemos também. A Arca não poderia ser guiada por bois, Uzá estava do lado da carroça... Quando a Arca pareceu estar em risco de queda, ele se prontificou a ampará-la, mas se esqueceu que Deus não necessita de mãos humanas para estar de pé. Deus é bom, mas é justo... Deus é amor, mas também é zelo... 
 
É preciso se atentar a estes detalhes, afim de preparar o ambiente para a chegada de Deus. Caso contrário, colocamos nossa vida em perigo. Certa vez, ao ser questionado sobre porque Deus matou Uzá, um rabino respondeu: A pergunta correta não é porque Deus matou Uzá, mas sim porque nós continuamos vivos.



Participe da EBD deste domingo, 30/08/2015, e descubra você também o maravilhoso poder de Jesus Cristo e o segredo do sucesso apostólico.

Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 96 - Editora Betel
Comentarista: Pr. Abner de Cássio Ferreira
Sinais, Milagres e Livramentos do Novo Testamento 
Lição 9

Comentários Adicionais (em verde):
Pb. Miquéias Daniel Gomes



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