sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Uma só carne


Após trazer a realidade cada elemento do universo, o Criador tinha por hábito avaliar a própria criação. Em regra geral, concluía que tudo estava “muito bom”. Mas houve uma exceção: A solidão do homem. Deus então fez Adão adormecer e de uma de suas costelas forjou a mulher. Ao despertar de seu sono e se deparar com a mais bela das criaturas, Adão compôs o mais belo (e romântico) poema de todos os tempos:

“Esta, sim, é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque do homem foi tirada". Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e eles se tornarão uma só carne” (Gênesis 2:23-24).

O fato de Deus ter escolhido uma das costelas do próprio homem como a matéria prima da qual se origina a mulher não é mera coincidência. Nem da cabeça, para não se sentir superior a ele, e nem dos pés, para não ser por ele pisada; mas sim do lado, próximo ao coração. No texto original, o termo usado para identificar a “costela” é TSELA, que pode ser traduzida literalmente por “LADO”, e da mesma palavra se origina TSELEM, que significa “IMAGEM” ou “SEMELHANÇA”. Mesmo tendo funções distintas dentro de uma relação, homem e mulher, macho e fêmea, Adão e Eva, são duas faces de uma mesma moeda, reflexo um do outro, partes que se completam para formar o todo. Adão entende perfeitamente esta linda realidade que Deus engenhosamente planejara para a felicidade plena de sua mais amada criação, e então testifica para que todo o Jardim posso partilhar de sua alegria: Esta agora é ossos dos meus ossos, carne da minha carne...  Adão a chama de “Mulher”, Deus a chama de “Eva” e concede a ela um título muito especial: “EZER” (Gênesis 2:18).

A expressão “EZER” tem sido interpretada de diversas formas: ajudadora, auxiliadora, adjuntora. A tradução literal para esta palavra é “Ajuda” ou “Auxilio”, mas para os poetas inveterados (Adão manda lembranças), da mesma raiz etimológica podemos transliterar a palavra “Tesouro”. Assim, quando Deus diz que fará para ele uma “ezer”, está subjetivamente dizendo que dará ao homem o “maior e melhor” presente que ele poderá receber na vida. Salomão, um “especialista” na arte do casamento (embora tenha errado miseravelmente na quantidade), entendeu muito bem o propósito de Deus ao apresentar Eva para Adão: 

Quem encontra uma esposa descobre algo excelente: recebeu uma bênção especial do SENHOR (Provérbios 22:18). E tratando-se de benção conjugal, a recíproca também verdadeira.
 
Uma vez unidos, homem e mulher se fundem num único ser. O corpo de um passa a pertencer ao outro e os sonhos do outro passa a depender daquele um. Um vínculo é estabelecido no corpo, na alma e no espírito. Dois se tornam em um, num amálgama que já não se pode desfazer. Adão declarou está verdade em Gênesis 2:24; Jesus a validou em Marcos 10:12 e Paulo a ratificou em Efésios 5:22-35. É como se fossem duas folhas de papel coladas, dois tijolos cimentados, duas vigas de metal soldadas... É até possível separá-las, mas será inevitável marcas, ranhuras e danos permanentes. Separados, viverão para sempre como apenas uma metade, pois o “todo” que haviam se tornado, simplesmente deixa de existir.




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