Livremente inspirado na
ministração do Pr. Wilson Gomes no Culto de Celebração da Santa Ceia do Senhor,
realizada no dia 17/04/2016.
Em sua famosa obra “A
Arte da Guerra”, o general chinês Sun Tzu escreveu: “Se você conhece o
inimigo e conhece a si mesmo, não precisa temer o resultado de cem batalhas. Se
você se conhece, mas não conhece o inimigo, para cada vitória ganha sofrerá
também uma derrota. Se você não conhece nem o inimigo nem a si mesmo, perderá todas
as batalhas."
Infelizmente, muitos
cristãos têm sido derrotados na batalha espiritual, não por ter pouco
conhecimento sobre seu adversário, mas sim, por desconhecer a si mesmo. No
Jardim do Éden, quando a primeira profecia messiânica foi proferida pelo próprio
Deus, a serpente foi avisada que da semente da mulher nasceria um que pisaria
em sua cabeça. Porém, uma informação muito relevante é acrescentada: e
a serpente irá ferir o seu calcanhar (Gêneses 3:15).
É jargão usual em muitas
pregações a ordenança de se pisar na cabeça de Satanás, e crentes incautos tem
se lançado nesta aventura desastrosa, declarando a plenos pulmões que o diabo
está embaixo de seus pés. Pois bem, se assim for, o inimigo tem aproveitado
este momento para inocular seu veneno em calcanhares desatentos. A autoridade
de pisar na cabeça da serpente pertence apenas a Jesus Cristo, que por sua vez
é capaz de suportar o ferimento colateral. Quando agimos por contra própria,
desafiando Satanás com nossos pés, subestimamos o mais letal dos adversários e
nos provarmos ignorantes quanto a nossa própria condição. O diabo não está
preocupado com nossos pés. O alvo dele é bem mais acima.
A mente do homem é um
campo de batalha onde Satanás mobiliza o primor de seu arsenal. Diariamente
somos bombardeados com tentações que atravessam nossos olhos como flechas,
semeando sementes de hedonismo em nossa imaginação. Ondas sonoras invadem
nossos ouvidos ecoando acusações gritantes, que minam nossa confiança em Deus e
questionam nossa fé na própria salvação. Satanás trabalha nas sutilezas,
pacientemente esperando uma brecha para adentrar nossa mente, e ali estabelecer
pouco a pouco sua fortaleza. Porém, ele é um ser que age nas trevas, e para ter
êxito em sua invasão, precisa primeiro escurecer nossa mente, coração e alma
(Mateus 6:23).
Assim, a mais eficaz
estratégia contra os planos do inimigo, é em todo tempo, manter as “luzes
acessas”. Escrevendo aos Filipenses, Paulo nos ensina que o grande segredo
desta “luminosidade” é exatamente a “paz” de Deus, capaz de exceder todo o
conhecimento. Ela protege nosso coração e nossas mentes em Cristo. Para
alcança-la, o apóstolo aconselha seus leitores a terem uma vida de equidade
notória, que consiste na pratica da justiça, na demonstração de respeito e na
imparcialidade dos julgamentos. Também é aconselhada constância de orações,
suplicas e louvores.
Agindo assim,
centralizamos nossos pensamentos em Cristo, e imunizamos nossa mente aos
ataques de Satanás. Uma vez em Cristo, nossa mentalidade é transformada e
revestida de luz, elevando nossos valores e redirecionando nosso pensar as
coisas celestiais: tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo
o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa
fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai (Filipenses
4:5-8).
Martin Lutero, pai da
Reforma Protestante, foi um homem vitimado por inúmeros ataques de Satanás.
Sombras do passado e acusações veladas do adversário irrompiam o silêncio das
noites de oração, levando Lutero a inúmeros confrontamentos mentais. Sua mente
era um grande campo de batalha, onde Satanás tentava cravar suas bases. Graças
a Deus, nunca conseguiu.
Umas das mais marcantes
frases da vida do reformador revela sua vitória contra as investidas do
adversário: - “Você não pode impedir que um pássaro pouse em sua cabeça,
mas, pode impedir que faça ninho.” Satanás investirá com furor contra as
nossas vidas, estudando nossos passos, vasculhando nosso lixo, forçando nossas
defesas em busca de um ponto fragilizado.
Não podemos impedir seus
rompantes de fúria, nem limitar seus passeios sistemáticos ao nosso derredor.
Ele está fazendo seu papel, sendo quem ele é. Cabe a cada um de nós estarmos
preparados para não ceder as investidas, guardados e protegidos a Sombra do Altíssimo
(Salmo 91:1).
Os pássaros poderão até
pousar, mas ninhos, eles jamais irão fazer.
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