Depois da morte de Moisés, a
voz do Senhor alcança Josué (um dos dois únicos sobreviventes da geração que
tinha saído do Egito), e o convoca para conduzir os Israelitas para dentro de
Canaã. Deus encoraja Josué dizendo que estaria com ele, da mesma forma que
estivera com seu antecessor, e onde quer que chegasse, o sucesso chagaria na
frente. Mas era necessário esforço e motivação, cuidado com a lei, temor e
muita coragem.
Uma das promessas mais
relevantes feitas a este jovem líder, está inserida em Josué 1:4 – “Desde o deserto e desde
este Líbano até ao grande rio, o rio Eufrates, toda a terra dos heteus e
até o grande mar para o poente do sol será o vosso termo.
Esta promessa de sucesso e
vitórias estava claramente atrelada com a capacidade visionária do novo líder,
pois o Senhor determinou que o limite para as conquistas de Josué (termo),
seria o poente do sol. Aqui temos um mistério interessante, pois o sol não se
põe em um local geográfico específico, mas sim atrás da linha do horizonte. A
definição para “horizonte” é basicamente um plano que passa pelo observador e é
perpendicular à direção do fio de um prumo.
Resumindo: A linha do horizonte
começa, onde termina o alcance da visão, e, portanto, o “poente do sol” é
relativo, variando de pessoa para pessoa.
Assim, podemos entender que
Deus estabeleceu uma aliança com Josué, determinando que seu território seria
exatamente do tamanho de sua visão. Um homem de visão limitada, restringe o
potencial de suas próprias conquistas. Quando Deus nos escolhe, Ele também
aponta a direção que devemos olhar, mas não estabelece limites práticos, pois é
exatamente o alcance da nossa visão que determina o território a se conquistar.
É tudo uma questão de ponto de vista.
Quando Israel chegou em
Cades-Barnéia, no deserto de Parã, já estava no limiar de Canaã, a poucos
passos da terra prometida. Com mão forte e braço estendido, Deus os havia
tirado do Egito, e com feitos portentosos, os trazidos até a fronteira da
promessa. Mesmo assim, o povo duvidou, temendo o desconhecido, apreensivo com o
que estava por vir. Então, Deus permitiu que Moisés enviasse espias para sondar
a terra, e assim, acalmar a ansiedade dos israelitas. Foram escolhidos para
esta missão, 12 homens entre os líderes do povo, sendo um de cada tribo.
Moisés os orientou a
colher informações sobre a geografia do lugar (relevos e rios), a qualidade e a
produtividade do solo, áreas agrícolas e florestas, aspectos gerais dos
moradores, nível de segurança das cidades, e por fim solicitou que fossem
colhidas amostras dos frutos ali produzidos. Por quarenta dias os espias
sondaram a terra. Partindo de Cades–Barnéia, chegaram ao sul de Canaã por
Hebrom e dali se dirigiram ao extremo norte pelo caminho próximo ao mar
Mediterrâneo. Após alcançarem Reobe, o grupo regressou a Hebrom, desta vez pelo
Vale do Jordão. Antes de voltarem para o acampamento, os espias se ativeram em
Ecol, de onde colheram cachos de uva para apresentarem aos israelitas.
Embora o
povo tenha ficado admirado com os frutos trazidos de Canaã, o relatório dos espias
não foi recebido com o mesmo entusiasmo. Segundo eles, a terra era
realmente boa, manando leite e mel conforme havia sido prometido por
Deus. Porém, os habitantes locais eram muito poderosos, as cidades eram grandes
e fortificadas, os amalequitas já dominavam a terra do Neguebe, as montanhas
eram habitadas por tribos cananitas (heteus, jebuseus e amorreus), e pelo
caminho, ainda estavam os filhos de Anaque, homens tão altos, que fariam os
israelitas se sentirem como gafanhotos prontos para serem pisados. Ao ouvirem
estas palavras, o povo foi subitamente tomado por grande desanimo, considerando
impossível a conquista de território tão hostil, a mesma opinião de dez dos
doze espias. Aquela foi uma noite de choro e murmurações.
Josué (da tribo de Efraim) e
Calebe (da tribo de Judá) foram as únicas exceções. Eles estavam maravilhados
com a terra e nem um pouco preocupados com os inimigos que teriam que
enfrentar. Ambos se inflamaram a esforçar o povo, encorajando-os a não
terem medo dos cananitas, pois Deus estava ao lado dos hebreus, e os inimigos
seriam devorados como se fossem pães (Números 14:9).
Quando os
espias retornaram com seu relatório, dez deles estavam aterrorizados com o
tamanho dos filhos de Anaque, verdadeiros “gigantes” que faziam homens comuns
se sentirem como insetos. Josué e Calebe, por outro lado, olhavam a situação
sob outra perspectiva. Eles se focavam nas uvas. Historicamente os hebreus
sempre foram apreciadores de um bom vinho, e isso demandava o cultivo de
vinhedos de boa qualidade. Assim, enquanto os espias só conseguiam enxergar o
problema, analisando como eram fortes e poderosos os habitantes da terra, Josué
e Calebe se atentaram ao fato que eram necessários “dois” homens para carregar
um único cacho de uva produzido na região. Muitas vezes, problema e solução são
faces distintas do mesmo prisma, e assim, a interpretação do custo-benefício
depende de “quem” e “como” se olha para ele.
Conta-se que o dono de uma loja de
sapatos enviou dois de seus vendedores para uma cidade do interior. Um deles,
ao chegar verificou que os moradores andavam descalços e imediatamente voltou
para casa, imaginando que ninguém se interessaria em comprar sapatos por ali. O
outro vendedor, ao constatar a mesma situação, abriu um sorriso largo e falou
consigo mesmo: - Ninguém nesta cidade tem sapatos... Vou vender que nem água!
Josué e
Calebe enxergaram oportunidades onde outros viam impossibilidades. Ao
olhar apenas para os fatos e as evidências humanas, toda uma nação foi corroída
pela descrença. Os dois, porém, mantiveram seus olhos voltados para Deus,
focados na promessa, certos que o “EU SOU” não abandonaria sua grande obra pela
metade.
Sob a
liderança visionária de Josué, os israelitas reconquistaram as terras de seus
patriarcas, vencendo muitas batalhas na força do Senhor. Um dos líderes mais expoentes deste avanço em
Canaã foi exatamente Calebe, que liderando uma tribo formada por 76.500 judeus,
ocupou boa parte da região sul de Canaã, tomando posse dos territórios que
formaram a Judéia.
Após cinco anos
de campanhas, Calebe viveu plenamente a promessa, quando finalmente recebeu por
herança o monte Hebrom. Antes, porém, precisou realizar uma limpeza
territorial, expulsando da região tribos hostis e povos pagãos, sendo que entre
eles estavam os anaquins Sesaí, Aimã e Talmai, os mesmos gigantes que causaram
tanto pavor nos dez espias que foram sepultados no deserto.
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