sexta-feira, 1 de abril de 2016

Quem já foi perdoado sabe amar



O relato de Lucas 7 nos mostra que  o religioso Simão estava começando a ver Jesus com outros olhos. Seu interesse em ouvir as palavras do Mestre nos leva a crer que a sementinha do Reino de Deus dava sinais de brotar em seu coração. Mas ao assistir a cena da pecadora ungindo os pés de Jesus, ficou tão abalado, que sua infante fé, minguou como manteiga no fogo.

Em seus pensamentos Simão conjecturava que não havia qualquer possibilidade de Jesus ser de fato um profeta, pois um homem dotado da revelação divina, teria discernimento para compreender o quão pecadora aquela mulher era, e assim, jamais permitir que a mesma o tocasse. Jesus, ciente dos pensamentos de seu anfitrião, educadamente pede que o mesmo lhe de permissão para contar uma história.  

O Mestre discorre sobre dois homens endividados, cujos bens estão empenhorados ao mesmo credor. Um deles possui uma dívida altíssima que ele não tem a menor condição de pagar. Já dívida do outro, embora também seja alta (e o pagamento esteja muito atrasado), é 10 vezes menor. O credor, porém, decide perdoar ambas as dívidas, e manda notificar aos envolvidos, que nenhum deles lhe deve se quer um centavo. Então, Jesus questiona a Simão sobre qual dos homens deveria mostrar mais gratidão, e em resposta, ouve o obvio: Aquele que devia mais. O Mestre, concorda com o raciocínio de Simão e completa dizendo: - Desta vez, seu julgamento está correto.... Mas deixe-me te explicar uma coisa...

É neste ponto que fica explícito o abismo que separa a liberdade cristã encontrada na graça e o legalismo pragmático implícito na religiosidade.

Aquela mulher, despida de moralidade hipócrita e desarmada das formalidades sociais, se torna um exemplo a ser seguido por cada cristão. Simão é lembrado que no momento da recepção de Jesus em sua casa, nem mesmo um beijo no rosto (tão inerente a cultura da época) lhe foi dado pelo anfitrião, mas a mulher, desde o momento que chegou, não parava de beijar seus pés. Simão também não tinha oferecido uma vasilha com água para que seus convidados lavassem as mãos (outro ritual relevante naquela sociedade), mas a “pecadora” lavou seus pés com lágrimas. Simão não ofereceu um único pedaço de pano para que Jesus enxugasse o suor de seu rosto, mas a mulher enxugava seus pés com os próprios cabelos. Simão, não disponibilizou uma única gota de óleo para ungir a cabeça de Jesus... A pecadora verteu o mais caro dos perfumes para ungir seus pés. 

E por que tamanha diferença? 

Jesus é taxativo ao afirmar: - Quem já foi perdoado sabe amar...


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