Material
Didático
Revista Jovens e Adultos
nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração
- Lição 11
Comentarista: Pr.
José Elias Croce
Comentários
Adicionais
Pb. Miquéias Daniel
Gomes
Pb. Bene Wanderley
Confira nossa biblioteca de
estudos na página especial da EBD
Texto
Áureo
Hebreus
10:22
Cheguemo-nos
com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados
da má consciência e o corpo lavado com água limpa.
Verdade
Aplicada
Os
verdadeiros adoradores possuem as marcas de Deus que os diferencia dos falsos.
Texto de
Referência
Hebreus
10:16-20
Este é o
concerto que farei com eles depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei as minhas
leis em seu coração e as escreverei em seus entendimentos, acrescenta:
E jamais
me lembrarei de seus pecados e de suas iniquidades.
Ora, onde
há remissão destes, não há mais oblação pelo pecado.
Tendo,
pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus,
Pelo novo
e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne,
Introdução
Nesta
lição veremos as marcas dos verdadeiros adoradores. Se essas marcas estiverem
em nós, carecemos urgentemente de um retorno ao caminho do quebrantamento, o
lugar onde as marcas são impregnadas em nós.
A Marca da Transformação
Comentário
Adicional
Pb. Bene
Wanderley
As marcas que
identificam o verdadeiro adorador estão gravadas no espírito, na alma e no corpo
do adorador. O espírito do homem é a sede do Espírito Santo, possibilitando a
manifestação do Deus trino. Na conversão do pecador, o seu espírito se torna o
depósito da presença de Deus, trazendo a ele, a possibilidade do retorno ao estado
de comunhão com os céus. Nesse momento, um rio de águas vivas passa a fluir do
interior do homem. Esse rio é a glória do Deus criador que passa a transformar
o interior do homem. A nova vida é manifestada, para logo em seguida, ter a sua
alma atingida por esse turbilhão das águas que jorram do trono do Deus eterno.
A alma é o centro das emoções do homem, e é bem ali, no antro das emoções, que a ação do Espírito Santo vem
à gerar mudanças profundas, radicais, pois esta locação que foi contaminada
pelo queda do homem lá no jardim, precisa passar por uma rígida e profunda
transformação. Quando a Bíblia fala de coração do homem, literalmente ela está
falando da alma do homem. Essa alma tem sede de Deus, ansiedade descrita no
Salmo 42:2: - “Minha alma tem sede de
Deus, quando irei e me verei perante a face de Deus?” Todo verdadeiro
adorador tem sede de Deus, tem sede pela presença de Deus, tem sede pela
palavra de Deus, tem sede da justiça de Deus. Logo entendemos que para ser um
verdadeiro adorador, a alma do homem precisa ser marcada por essas características
básicas citadas acima. Por fim, vem o corpo. O corpo manifesta as
características do Espírito Santo no espírito do homem, e também manifesta as
características da alma renovada pela presença de Deus no espírito do homem.
Sendo assim o corpo do adorador deve transmitir a glória do Deus Eterno.
Entre as
muitas leituras indicadas para complementar este estudo de grande valor
instrutivo, mas um deles tem me chamado a atenção. A leitura do texto de
Neemias 8: 8-12 é fenomenal. O livro da lei é lido a todo povo em plena praça e
todos tinham ouvidos abertos e atentos para ouvir ao livro da lei. A comoção
foi estrondosa pois quando Esdras abriu o livro, "ho! Glória”, todos se puseram em pé. Logo após a leitura o
povo adorou ao Senhor com o rosto em terra. Esdras, Neemias e os levitas, disseram
a todo povo: - “Este dia é consagrado ao
Senhor, vosso Deus”. Aqui fica explícito uma das grandes marcas que caracterizam
um verdadeiro adorador: O desejo de restauração pela Palavra do Senhor. O
desejo ardente pela lei do seu Deus é a marca mais visível na vida de quem é
adorador. Como estamos necessitando de Neemias e Esdras nessa geração. Homens e
mulheres amantes da lei do Senhor Jesus. Homens e mulheres impregnados por uma
paixão avassaladora, que os arrebatam a um nível tão profundo que nada mais tem
importância, a não ser, trazer o coração do povo a se render ao Senhorio de
Cristo e do seu Reino.
Os pontos
salientes destacados nos próximos tópicos são de um valor incalculável para nós
que desejamos ser verdadeiros adoradores do Deus Eterno. Primeiro. A marca da
verdade. A importância de ser verdadeiro é indispensável principalmente quando
o assunto é conosco. Se queremos atrair a glória de Deus para nós e depois
espalhar entre as pessoas e ver os resultados? É preciso vasculhar o nosso
enganoso coração. (Jeremias 17:9) o nosso coração é perverso, é enganoso. Só
Deus pode sondar, perscrutar o nosso coração. Precisamos encarar essa verdade.
Infelizmente não são poucos os filhos de Deus que caem no conto da carochinha
do enganoso coração. Se acham auto-suficientes, os dono do poder, os senhores
de suas vidas, os “sabe” tudo e etc.. Muitos são os que não querem enxergar as
suas mazelas, suas mentiras, seus enganos. Mas, a verdade é que todos nós
sabemos que temos que fazer o que é certo fazer, e o que é certo fazer? O certo
a fazer é: Reconhecer firmemente que somos totalmente dependentes de Deus e
nessa firmeza buscar nos humilhar aos seus pés, tomarmos coragem de abandonar
as ilusões de nosso coração enganoso e nos aproximar da cruz. Pois Deus conhece
a verdade do íntimo de cada um de nós. Muitas
vezes a verdade de nossa vida não é a verdade de nossa voz. Falamos muito e não
fazemos nada. As pessoas dizem ser, mas entre o dizer e o fazer, eis a questão.
É necessário rever muitas coisas em nós. Pois corremos sérios perigos em
tentarmos viver sobre o comando do enganoso coração. A marca da verdade deve
ser nossa bandeira, nosso brasão, nosso lema e nossa divisa.
Em segundo
lugar temos a marca da excelência. Ser excelente é ser diferente. É sobressair
é saber se diferenciar do normal, do comum e do banal. Fazer as coisas com
experiência é deixar a marca da glória do Senhor Jesus dominar o ambiente, é
deixar que Deus seja exaltado. E enfim a marca da paz é Jesus. O senhor da paz,
dele vem a paz que excede todo entendimento. Nessa paz temos a confiança de que
nada pode nos separar do Deus eterno. Essa marca deve ser expressa na vida do
verdadeiro adorador. Num meio de tantas ideologias a paz de Jesus Cristo deve
permear nossas mentes. Pois temos a mente de Cristo. (I Coríntios 2:16).
A marca da
verdade
O adorador verdadeiro
constantemente vasculha o próprio coração, observa, vê, sente. O coração pode
nos enganar. Muitos são os que, enganados pelo coração, transformaram-se no
deus de sua própria adoração. Não são poucos os que teatralizam o ato da
adoração. Com gestos e posturas técnicas, profissionais, abalam emoções, entram
nos domínios da euforia, do êxtase. É preciso tomar muito cuidado com o
barulho, com a emoção. Muita gente perde a razão e confunde adoração com
inovação, gerando espaço para heresias, confusões e deslizes. Muitos amam as
multidões porque sentem que a impessoalidade da massa é capaz de ocultar sua
verdadeira identidade. Alguns dos “levitas” da atualidade adoram os palcos
porque ali é o único lugar onde podem estar rodeados por pessoas - o resto do
tempo estão sozinhos. A verdade do íntimo é aquela que me liberta para ser quem
sou em qualquer lugar: na multidão ou em casa, pois sei que Deus me conhece
como sou.
O texto de Hebreus 10.22
diz: “Cheguemo-nos com verdadeiro
coração, em inteira certeza de fé; tendo os corações purificados da má
consciência e o corpo lavado com água limpa.” Lutero escreveu: “Tenho mais medo do meu coração do que do
papa e de todos os seus cardeais”. O profeta Jeremias escreveu: “Enganoso é o coração, mais do que todas as
coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9). Ser marcado pela
verdade é saber que essa verdade é Deus, Jesus disse em João 14.6: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.
Ninguém vem ao Pai, senão por mim.” Ninguém é marcado pela verdade se não
for primeiro ter um encontro legítimo com Jesus, o único que conhece a verdade
do íntimo.
O problema da atualidade
é a contradição violenta entre nosso showzinho verbal e nossa miséria
vivencial. Cantamos sobre a verdade, declamamos poesia sobre ela, mas estamos
longe de uma vida embasada nela. Quantos mentem para conseguir uma promoção?
Quantos mentem ao cônjuge? Quantos mentem a Deus? O apóstolo Paulo escreveu: “Porque nada podemos contra a verdade, senão
pela verdade.” (II Coríntios 13:8). O que cantamos ou pregamos tem sido o
mesmo que vivemos? Nossas vidas são dignas do nome de “cristãos”? A verdade que
exaltamos no púlpito é a mesma que encontramos no secreto de nossos lares?
Todos nós temos marcas.
Sinais históricos que nos definem. Testemunhos mudos que dizem quem realmente
somos. Os adoradores também são assim. Eles também têm as suas marcas. A
atualidade, conspirando contra os relacionamentos duradouros, que são
justamente aqueles que deixam suas mais profundas marcas, presta um grave
desserviço ao adorador. Essa é uma das razões pelas quais muita gente entra na
igreja, mas, infelizmente, não carrega nenhuma marca.
Testemunhos,
experiências, sonhos, por mais bonitos que sejam, são apenas pessoais, não
podem ser colocados como doutrina. A Bíblia é a nossa única regra de fé e
prática. Em nome de um “sagrado” muita gente “santifica” suas manias e
interpretações tendenciosas dos textos bíblicos, a fim de corroborar suas
práticas. Os verdadeiros adoradores são marcados pela verdade da Palavra,
aquela que permanece firme quando todas as tendências doutrinárias se vão. Nosso
Senhor Jesus Cristo afirmou categoricamente: “O céu e a terra passarão, mas as
minhas palavras não hão de passar.” (Mateus 24:35). Ser marcado pela verdade
significa assumir o compromisso com a Bíblia em todas as áreas da vida; desde
aquilo que cantamos, até o mais profundo nível da existência.
A Marca da Alegria
Comentário
Adicional
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
O
"Gozo", mais conhecido em nossos dias como “Alegria”, é o profundo
regozijo do coração, o verdadeiro gosto de viver e o legítimo amor à vida (Gálatas
5:22). É este aspecto do fruto espiritual que nos leva a sentir uma profunda
“Satisfação no Senhor” independente das circunstâncias vividas. Ele não impede
que tenhamos momentos de tristeza ou frustração, mas nos capacita a passar por
eles com nossa devoção intacta e nosso desejo de adorar inalterável. Sua
fonte está na Graça de Deus, que é perfeita e infinita. Logo, o cristão que
atravessa uma noite de tristeza, terá logo pela manhã, motivos de sobra para
sorrir; e aquele que ora em gemidos e lágrimas, pouco depois já está a celebrar
com cânticos de júbilo (Salmo 30:5). Sabemos que a vida cristã implica em
muitas provações (João 16:8) e inúmeros perigos (Mateus 10:16), mas mesmo nas
piores condições podemos experimentar dessa imensa alegria que a presença
do Senhor Jesus nos proporciona, afinal, nada e ninguém poderá tira-la de nós
(João 16:22) . Esta alegria, não se trata de um mero sentimento, e nem é
reflexo de um momento de descontração; mas sim uma característica inerente do
homem que se entrega a Deus, pois uma vez feita esta escolha, somos “ungidos”
com o “óleo da alegria” (Salmos 45:7). Um bom exemplo deste comportamento
é Davi.
Ele estava em
um dos piores momentos de sua vida, havia perdido seu mentor espiritual
(Samuel), estava muito longe de casa, as circunstâncias tinham afastado seus
amigos. Perseguido pelo exército de Israel, foi encurralado numa caverna escura
e úmida de Adulão. Motivos de sobra para chorar, se lamentar e se entregar ao
desespero. Mas não são estes sentimentos que encontramos em sua mais conhecida
composição deste período, o Salmo 23 – “O Senhor é meu pastor e nada me
faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente as águas
tranquilas... Ainda que eu andasse pelo vale da sombra e da morte eu não teria
medo, pois sua vara e teu cajado me consolam." No original grego,
a palavra “EVANGELHO” significa literalmente “Boa Notícia” ou “Boas Novas”.
Porém, mais do que trazer alegria e esperança, esta “novidade” vinda
diretamente dos céus, traz para a vida do ser humano uma verdadeira
“transformação”. Não uma mudança superficial ou uma mera adaptação a um
estilo religioso de vida, mas sim uma guinada de 180º que começa no interior do
coração humano e se expande progressivamente por sua alma, espírito e corpo,
até levar o indivíduo ao padrão de homem perfeito, estabelecido e personificado
em Cristo.
Esta
transformação começa pela liberdade de todas as amarras que nos prendem ao
passado pecaminoso ou então ao legalismo que nos veste com trajes de
religiosidade enquanto nossas intenções estão distantes dos desígnios de Deus.
E esta liberdade nasce do conhecimento – “Conhecereis a VERDADE e a
VERDADE vós libertara” (João 8:32). Jesus é esta verdade libertadora,
e, portanto, é inadmissível que o cristão continue amarrado em traumas e
pendências pretéritas, sofrimentos diários e tristezas continuas. Quando o
homem tem um encontro real com o Salvador, uma mudança genuína acontece, pois o
sangue de Cristo suplanta toda maldição e o amor que abunda na cruz, lança fora
todo o medo. Jesus é poderoso o suficiente para arrebentar cordas e destruir
grilhões e fará isso na vida de qualquer pessoa que realmente o receba como o
Messias. Ele apaga nosso passado e nos orienta rumo a um futuro glorioso. Em vez de
lamento, louvor... Ao invés de desespero, esperança... Que os versos compostos
por Davi em Adulão sejam nossas palavras nas horas mais tristes da vida... E
que o mesmo sentimento do poeta nos acompanhe dentro das cavernas escuras, para
onde um dia, inevitavelmente teremos que correr.
A marca da
excelência
A marca da excelência
ajuda a diferenciar os adoradores verdadeiros daqueles que fazem apenas
barulhos sem conteúdo. Marcados pela excelência, enxergamos mais longe.
Firmamos nossas esperanças no projeto de Deus para termos uma vida frutífera
(João 15). A mediocridade não consegue conviver bem onde a excelência se
afirma. É simplesmente uma questão de lógica. Se a excelência vem do alto, olhe
para lá! Isaías 40:31 diz: “Mas os que
esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias;
correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão.” A imagem usada
pelo profeta é perfeita: “como águias”. Se Deus nos projetou para voo da águia,
porque deveríamos satisfazer-nos como chão? No chão da mediocridade, a vida
fica insossa, maçante, previsível e cansativa. Talvez a palavra que descreve
melhor seja “entediante” – o resultado direto da mira baixa! Não precisamos
viver copiando os “novos modelos de adoração da moda”. A excelência que
precisamos vem do alto! Quantos têm se perdido nos escuros labirintos da
mediocridade? Vale ressaltar que não são poucos os que se contentam em ficar
presos na angustiante teia da mesmice.
Custa caro ser
diferente, especialmente quando a maioria está satisfeita em misturar-se e
permanecer como maioria, povo, massa. É difícil viver uma vida de excelência.
Não é fácil oferecer o melhor, pois isso implica em renúncia, tempo e esforço.
Quando sabemos a quem estamos honrando, tudo passa a ser mais gratificante e
belo. O adorador marcado pela excelência vai lutar com todas as forças para que
seu louvor chegue a Deus como oferta suave feita com o melhor de nossa alma (Salmo
119:96).
Se temos um compromisso
com Deus, ele não deve ser quebrado. Deus não quebra suas alianças! Quando
quebramos nosso compromisso, perdemos a legitimidade e a marca do adorador.
Essa é uma das razões pelas quais muitos até se dizem adoradores, mas não geram
frutos. Se quebrarmos o compromisso, a única atitude legítima é voltar a
estrada do quebrantamento, da reconstrução, da restauração, do avivamento.
Nunca continue adorando se o compromisso com deus for quebrado. Eclesiastes 3.5
começa dizendo que “há tempo de espalhar pedras”, isso ocorre quando o altar
pessoal está em ruínas. O louvor não pode fluir, pois o compromisso foi
quebrado. Porém, o versículo termina: “há tempo de ajuntar pedras”. Esse é o
maravilhoso tempo de restauração. É quando o adorador reconstrói seu altar e
pode restabelecer o compromisso perdido.
A excelência que vem do
alto é diferente porque é humilde. Há muita gente que, em nome da excelência,
destrói relacionamentos. Com postura arrogante, julgam-se superiores a tudo e a
todos. O verdadeiro adorador reconhece que a superioridade é de Jesus Cristo e
não nossa. Quando a excelência vira pretexto para o orgulho, é porque o pecado
já nasceu no coração, e, uma vez consumado, gera morte. Não são poucos os que
fazem uma coreografia evangélica perfeita, mas a alma é monstruosa. Excelência
não significa arrogância.
A Palavra de Deus nos
adverte em I Pedro 5:5: “Porque Deus
resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”. Excelência e humildade
são virtudes gêmeas. A ausência de qualquer uma delas corrompe mortalmente o
equilíbrio da adoração. Vivemos no século da mistura. Igrejas têm se perdido
por causa da salada teológica, da mistura desesperada dos elementos que,
juntos, formam e deformam as estruturas da nossa adoração. Deus procura
adoradores da pureza. Gente que não prostitui seus dons. Quando não temos
compromisso com a pureza, produzimos o lixo teológico que tem apodrecido muitos
cultos. O adorador marcado pelo compromisso com a pureza tem um lema: “Mas, como é santo aquele que vos chamou,
sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito
está: Sede santos, porque eu sou santo.” (I Pedro 1:15-16; Levítico 11:44).
Comentário
Adicional
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
Ao listar as
características do Fruto do Espírito, o apóstolo Paulo inseriu entre elas a
palavra grega PRAUTES, que num sentido mais literal pode ser entendida como
“dócil submissão” ou “submissão voluntária e pacífica”. Em sua origem, a mesma
palavra era usada para um animal que foi domesticado e criado sob controle. Geralmente
traduzida como “mansidão”, esta qualidade do Fruto Espiritual nos remete a
idéia do “poder sob controle” ou “humildade”. Assim, a “mansidão” é a condição
básica para as bem-aventuranças ensinadas por Jesus em Mateus 5:3-11. A palavra
“humildade” vem da raiz indo-européia “húmus”, que significa “o solo sob nós”.
Então, o principio básico da vida cristã é compreender que diante de Deus somos
todos iguais. A partir daí, está dado o primeiro passo para se tornar
“manso”. O dicionário de língua portuguesa EDIOURO, define a mansidão como
qualidade ou estado de manso (alguém de índole pacifica; pacato; calmo;
tranquilo); brandura e suavidade. O Dicionário Colegial de Webster dá um
significado mais antigo e poético para a mansidão (ou brandura), explicando-a
como sendo a capacidade de suportar uma ferida emocional com paciência e sem
ressentimento. No contexto bíblico, porém, a mansidão é atribuída ao indivíduo
que consegue equalizar força e coragem com moderação, irando-se com equidade e
somente quando necessário, além de submeter-se sempre humildemente a vontade de
Deus. É por estas razões que Moises foi chamado de “o homem mais manso da
terra” (Números 12:3), mesmo depois de ter matado um egípcio (Êxodo 2:12) e
quebrado as placas da lei feitas de pedra usando as próprias mãos (Êxodo
32:19).
Uma outra
palavra que pode definir “mansidão” é docilidade, que remete a alguém que é
fácil de guiar. Como ovelha, parte do grande rebanho de Deus, o cristão precisa
ser dócil, afim de que o trabalho de seu pastor possa ser facilitado. O crente
que produz frutos espirituais encontra nessa característica a essência de um
bom liderado. A estrada para o céu não é trilhada em solidão. Somos guiados
pelo Espírito Santo e conduzidos por líderes que o próprio Deus levantou, afim
de que não erremos o caminho. Agora de nada valerá essa liderança, se o cristão
seguir apenas o próprio instinto e não obedecer a voz de seu pastor. Seguir a
Jesus é desenvolver obediência e facilidade para obedecer a sua voz de comando.
Mansidão também está ligada diretamente a serenidade, que é a capacidade de se
manter calmo e sossegado mesmo em situações estressantes, denotando se em paz.
Esta é uma virtude tão excelente que Paulo nos aconselhou a estarmos vestidos
dela (I Colossenses 3:12) e que a sigamos por toda a nossa vida (I Timóteo
6:11). Alguns teólogos costumam referir-se a “mansidão” como o marketing do
Testemunho Cristão,, pois tal característica do Fruto do Espírito é uma qualidade admirada
até mesmo pelo homem natural.
Nos escritos
de Platão e Aristóteles, a “mansidão” é citada como a arma dos verdadeiros
sábios e poderosos. Platão a comparava com um cão de guarda que revela
ferocidade e hostilidade valente aos estranhos e amizade gentil para com os de
casa, aos quais conhece e ama. Segundo Platão, "manso é aquele que tem ao
mesmo tempo impetuosidade e delicadeza nos mais altos graus". Para Aristóteles, mansidão é a “capacidade para suportar recriminações e
ofender com moderação, sem embarcar em vinganças rapidamente, e não ser
provocado facilmente à irritação, mas estar livre de amargura e de contenção,
tendo tranquilidade e estabilidade no espírito". O homem que
produz mansidão é um semeador de paz e é capaz de pregar a mensagem de Cristo
sem sequer dizer uma única palavra. Pedro, que, aliás, precisou desenvolver a
mansidão ao longo de sua vida, ensinou que a melhor forma de se ganhar um
cônjuge ímpio para Jesus não é por palavras e nem por beleza, mas sim
utilizando o incorruptível traje de um espírito manso e quieto (I Pedro 3:1-4).
A mansidão produzirá no homem uma vida fecunda e sustentada em três pilares
básicos: SANTIDADE (ser manso igual a Cristo nos leva a agir como Cristo);
BONDADE (ser manso nos leva a sabedoria do fino trato com os demais); ENTREGA
(ser manso é viver para Deus e a sociedade como um pacificador, alguém que
promove a paz).
A marca da
paz
A paz é a serenidade que
desafia o caos. É um dos conceitos mais profundos da Bíblia e também um dos
aspectos do fruto do Espírito Santo (Gálatas 5:22). A saudação de Cristo
ressurreto é: “Paz seja convosco.” (Lucas
24:36). Quando Jesus se preparava para ausentar-se fisicamente de Seus
discípulos, não tinha bens nem posses para deixar a eles, então, deixou Sua
última vontade como testamento: “Deixo-vos
a paz, a minha paz vos dou.” (João 14:27). Paz não é algo que o homem
alcança através de exercícios de controle emocional, é algo que ele recebe de
Jesus. O verdadeiro adorador transmite essa paz de Cristo, não como uma senha
eclesiástica de reconhecimento, mas como quem tem a certeza plena de que Cristo
nele habita (Efésios 3:17).
A paz facilita
trajetórias, abençoa estradas futuras, estreita relações e abre-se ao
ministério do outro. O salmista Davi nos aconselha: “Aparta-te do mal e faze o bem; procura a paz e segue-a.” (Salmo
34:14). A grande verdade desse salmo é de que fomos chamados a endireitar
relações tortuosas e a contribuir para que guerras medíocres sejam extintas.
Em Mateus 5:9 Jesus diz:
“Bem-aventurados os pacificadores, porque
eles serão chamados filhos de Deus”. São chamados de filhos de Deus porque
estão fazendo o que o Pai faz! Fazer a paz não é fácil. A cruz e a prova cabal
disso. Proclamar “paz, paz” onde não há paz é obra de falsos profetas (Jeremias
6:14). Em Colossenses 3:15, o apóstolo Paulo usa uma imagem dos eventos
esportivos: “árbitro”. A paz na Igreja deve ser a juíza de todas as decisões.
Nenhuma igreja, nenhum grupo de louvor, nenhum ministério de adoração é uma
casa da paz, quando sua espiritualidade é construída no chão da vingança, da
inveja, da fúria, da indiferença ou do medo. Nada é mais diabólico do que a
destruição da paz.
A pós-modernidade é
marcada pela ausência de seriedade compromisso. Já não se honra a palavra. O
respeito é visto como antiquado. Relacionamentos não carregam mais o senso do
compromisso, do pertencer. Numa sociedade – e igreja – assim, a tática mais
notada é driblar o compromisso com a adoração verdadeira utilizando evasivas
como: “não tenho dom para isso” ou “há pessoas mais capacitadas”. Deus procura
adoradores que tenham compromisso com Ele, pois uma vez que Ele chama, também
capacita e dignifica os Seus.
Em II Coríntios 10:5,
Paulo afirma a escravidão dos pensamentos à obediência de Cristo. Em I
Coríntios 2:16, o mesmo Paulo diz que “temos a mente de Cristo”. O apóstolo
Paulo insiste no conceito de uma busca pela paz na mentalidade. A obediência a
Deus através da meditação séria em Sua Palavra nos garante a paz na arena
pós-moderna das ideologias. Vivemos num tempo onde ás ideias se multiplicam na
velocidade da luz. Todo dia alguém surge com uma “nova ideia”, ou mesmo uma
nova teologia. Entretanto, o verdadeiro adorador – aquele que é marcado pela
paz – sabe que sua segurança não está em adentrar no barco da aventura
ideológica, mas em se manter na rocha. Nenhuma ideologia pode ser bênção e nos
roubar a paz!
O verdadeiro adorador
sabe que suas palavras só têm sentido quando sua vida é capaz de atestar a
verdade do que foi dito. Deus quer nos marcar com um compromisso que o honre
até mesmo em silêncio. É quando nem precisamos usar palavras, pois nossas vidas
testemunham nosso caráter. Deus procura gente compromissada com a fé, não
apenas com uma espécie de “religiosidade oficial”, mas sim, numa atitude de
lealdade aos princípios bíblicos fundamentais da nossa espiritualidade. Nem
tudo que se diz “profético” é profecia. Deus não honra verbalismos vazios. Ele
honra compromisso. Se quisermos adorar ao Eterno Deus da forma bíblica, o
compromisso é o ingrediente ideal e indispensável.
Conclusão
O Espírito Santo, o
nosso guia, busca por homens e mulheres que tenham o desejo ardente e sincero
de serem marcados para o serviço do Reino de Deus. Quando recebermos essas marcas,
estaremos dando passos confiantes no caminho bendito da adoração que Deus
aceita em amor.
Vivemos para adorar. Deus criou o homem para que
este O adorasse. O combustível da adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão
verdadeira e despretensiosa começa em um lugar secreto. Adoração é decidir
investir a vida no Eterno. É quando nos redescobrimos em Deus e todas as demais
coisas são periféricas diante de tão grande descoberta. Deus não procura
adoração, mas adoradores. Para compreender ainda mais os princípios da verdadeira
adoração, participe deste domingo, 11 de dezembro de 2016, da Escola Bíblica
Dominical.
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