Material
Didático
Revista Jovens e Adultos
nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração
- Lição 12
Comentarista: Pr.
José Elias Croce
Comentários
Adicionais
Pr. Wilson Gomes
Pb. Miquéias Daniel
Gomes
Pb. Bene Wanderley
Confira nossa
biblioteca de estudos na página especial da EBD
Texto
Áureo
João 15:4
Estai em mim, e eu, em
vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,
assim também vós, se não estiverdes em mim.
Verdade
Aplicada
Quando a adoração perde
o significado, tornamo-nos reféns das lógicas do resultado.
Textos de Referência
João 15:1-3;
5-6; 8
Eu sou a videira
verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
Toda vara em mim que não
dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
Vós já estais limpos
pela palavra que vos tenho falado.
Eu sou a videira, vós,
as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada
podereis fazer.
Se alguém não estiver em
mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e
ardem.
Nisto é glorificado meu
Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
Introdução
Na imensa crise do
esvaziamento, coreografias pouco interessantes roubam a beleza e a arte.
Vivemos na era da técnica em detrimento a graça. Há muitos que vivem em
“adoração”, mas que não geram frutos de arrependimento.
A simplicidade do Evangelho
Comentário
Adicional
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
Um “texto-áureo” pode
ser entendido como uma frase única e compacta, que resume em si, toda a essência
de um contexto muito maior. Um bom exemplo pode ser encontrado neste estudo,
onde no cabeçalho da lição, o comentarista escolhe um versículo bíblico que
embasa o tema a ser estudado e resume todo o conteúdo dos tópicos em uma única frase
chamada de “verdade aplicada”. Neste caso, ao lermos a sentença “quando a adoração perde o significado,
tornamo-nos reféns das lógicas do resultado”, já é possível uma clara
compreensão de todo conteúdo a ser esmiuçado. Ou seja, os detalhes precisam ser
estudos em miuças, porém a essência já foi revelada. A Bíblia
não é de fato, um livro de fácil compreensão. Suas inúmeras formas de linguagem
decorrente da grande variedade de autores oriundos de culturas e épocas distintas,
pode dar um nó na cabeça de leitores inexperientes. Registros históricos,
relatos biográficos, genealogias, parábolas, poemas e profecias, se mesclam de
forma aparentemente aleatória e constatadamente não cronológica. Teólogos se
debruçam por anos sobre páginas amareladas de suas versões prediletas, e mesmo
assim, não passam da superfície de um oceano de profundezas incalculáveis. A
grande revelação de Deus ao homem é também uma jornada diária de novos
mistérios a serem desvendados, e uma única vida é pouco para tanta assimilação.
Na prática, a Bíblia é uma biblioteca temática, onde o tema é Deus, e podemos
enxergá-lo pelos olhos de centenas de personagens e na narrativa de pelo menos
40 autores diferentes. Dominar a Bíblia requer muito estudo e devoção
sacrificial.
Se a Bíblia como
literatura é uma leitura complexa, sua mensagem é bem simples. Na verdade,
ao longo da história, milhares de pessoas iletradas e sem nenhum conhecimento acadêmico,
compreenderam perfeitamente toda a sua essência, já que este compendio de
livros sagrados, é sim divinamente inspirado, sendo revelado aos verdadeiros adoradores
por intermédio da atuação do Espírito Santo. Não lemos a Bíblia para entender
sua mensagem, mas sim, por que já a entendemos. E para a grande maioria dos teólogos,
os mais de 31.100 versos das Escrituras, podem ser resumidos naquele que é o "texto áureo" da Bíblia, a "verdade aplicada" da Palavra de Deus, registrado em
João 3:16. Aqui, está revelado o caráter de Deus, a vontade de Deus e o amor de
Deus revelado em Cristo. Esta é toda a mensagem grandiosa que precisamos
compreender: - Porque Deus amou ao
mundo (maior alvo de Deus) de
tal maneira (intensidade), que
deu o seu filho unigênito (Jesus), para que todo (abrangência
universal) o que Nele crê (condição para ser salvo) não pereça (condenação pelo
pecado) mas tenha a vida eterna (salvação).
Neste verso temos a razão para
toda e qualquer adoração em Espírito e Verdade, ou seja, a essência do próprio
Deus. Nós adoramos ao Senhor por quem Ele é desde as eternidades passadas.
Qualquer movimento que se faça em outra direção, pode até ser rotulado de
louvor e adoração, mas não o é. O método empregado na adoração é incondicional,
passando pelo silêncio absoluto e chegando a um coro de trovões e relâmpagos. Porém
sua motivação é imutável. Deus irá aceitar a adoração de seu povo, seja oriunda
de uma choupana de pau-a-pique através de vozes dissonantes e semitonadas, ou de
um mega-evento pirotécnico com corais e orquestras, desde que a essência seja
verdadeira e a motivação esteja correta. Caso contrário, tudo não passará de um
imenso vazio eternal. Esta é a simplicidade do evangelho e a singeleza da
adoração. Que oremos com sinceridade a mesma oração realizada a mais de 1200
anos por uma jovem muçulmana chamada Rabia al Adawiya al Qadsiyya: - Se eu te adorar por medo do inferno,
queima-me no inferno; se eu te adorar pelo paraíso, exclua-me do paraíso. Mas
se eu te adorar pelo que Tu és, não escondas de mim a Tua face.
A crise do
vazio
A esmagadora maioria dos
que vivem nos chamados “movimentos da adoração” da atualidade vive num
atordoado esforço para destruir a monstruosidade do vazio. A falta de sentido é
percebida na forma como se pretende orar; do exagero ao sufocamento, os
extremos vão fazendo a rotina da adoração do vazio (João 4:23-24). O vazio
alimenta-se de um sofrimento secreto, que por sua vez, apela à máscara. O
teatro comportamental rouba a cena alargando ainda mais a distância entre o
adorar e o povo, e, também entre o adorador e Deus. O erro fundamental está no
vazio existencial. Gente que “adora” sem vida. Morte no altar. Isso gera um
profundo choque entre ética e estética: é o parecer superando o ser. Por essa
razão, as características de shows são mais viáveis do que o culto. No show,
tudo é produto de uma mistura entre o frenesi da massa e o desempenho dos
astros, mas o culto só acontece quando os astros são destronados e o Soberano
Deus é adorado como Santo.
Vivemos num tempo
marcado pelo esvaziamento dos conteúdos, do significado. Excesso de informação
atordoando e confundindo. A constante troca de mitos numa sociedade que não
consegue abraçar o contentamento. A variedade de solicitações e de modelos
generalizantes cansa, abate. Nesse contexto de busca alucinada, a adoração é
direta e essencialmente atingida. Na correria tresloucada é criado um
“fenômeno”; igrejas cheias de gente vazia! Esse duelo entre significado e dor
produz uma busca frenética por novidades que tragam autenticidade e autoridade.
Quando isso acontece, o buraco negro da alma se aprofunda ainda mais.
Para encobrir a vergonha
do vazio, muitos se aventuram na perigosa via dos extremos: de um lado, uma
melosidade sentimentalista que escraviza emoções. Gente produzindo uma espécie
de estelionato emocional, onde as lágrimas são forçadas, sequestradas de sua
inocência. Do outro lado, uma carnavalização folclórica que, em nome da
liberdade cristã, “santifica” o ridículo (gente rolando no chão, imitando
bichos, cabelos esvoaçantes, etc.). Essas taras sentimentalistas nada mais são
do que fugas da normalidade. Gente que não suporta o silêncio. Gente que odeia
a cadência normal dos dias. Gente viciada numa espécie de adrenalina
espiritual. Gente que, se parar, percebe o vazio, e sofre. Gente que destrói o
significado da adoração, porque disfarça seu vazio ao invés de preenchê-lo na
presença do Altíssimo.
Quando nossa vida é um
altar, nossas palavras são hinos. Somos chamados a encarnar a graça. Nossas
palavras só terão sentido quando corresponderem à realidade de nossa vida com
Deus. Quando cultivarmos a presença de Deus, passarmos tempo nos deleitando nos
braços do Pai, é que teremos poder nas palavras e na adoração. Deus procura
adoradores que saibam que o Agricultor celeste não negocia com o engano. “Se
alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os
colhem e lançam no fogo, e ardem.” (João 15:6). Não há significado na adoração
se Deus não for a realidade maior de nossa vida.
Essa geração do vazio é
rápida em inverter os valores. Humildade vira defeito, orgulho vira virtude. O
vazio engole os valores. Grande parte das pessoas hoje luta por causas sem
sentido. Uma das formas mais eficazes de desligar-nos de Deus é invertendo os valores.
É gritando a graça com a fúria da lei. É caindo na tentação de ser o dono do
nosso próprio culto. Se a adoração for invertida, Deus saíra de cena. Igreja
sem Deus é apenas acúmulo de vazio (João 15:6). Em Lucas 1.38, Maria afirma:
“Cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. Adoração começa quando Deus visita
nossa intimidade. É a presença que propõe mudanças. Na sequência do texto (Lucas
1:46), Maria canta: “Minha alma engrandece ao Senhor”. Ela repete as palavras
de Ana (I Samuel 2:1-10). A adoração tem o componente da gratidão. Gratidão
pelo que está por vir (o Messias). Quando chegamos ao capítulo 2:14, os anjos
cantam: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra”. A adoração dos anjos une o
que tem origem no céu com o que acontece na terra. É a primeira indicação da
oração de Jesus: “Assim na terra como no céu.” (Mateus 6:10). A adoração com
significado nos coloca juntos não apenas da comunidade dos santos, mas de toda
a congregação do céu.
O Perfume de Cristo
Comentário
Adicional
Pr. Wilson
Gomes
Biblicamente
falando, somos os co-herdeiros de Cristo caminhando sobre Terra, legítimos representantes de seu Reino
entre os homens. Nossa responsabilidade é grandiosa, pois somos a “tela” por
onde o mundo enxerga Jesus. Com isso, pensamos na condição que nós,
cristãos, temos tido com relação a Cristo, a Videira Verdadeira, longe da qual,
toda a nossa existência perde o sentido. Em II Coríntios 2:14-16, Paulo
testifica: - E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em
Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu
conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam
e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para
aqueles, cheiro de vida para vida. Estas são palavras que nos enchem de
esperança, pois nos leva a consciência que se achegando cada vez mais perto do
Senhor Jesus, vamos nos tornando iguais a Ele. Mas qual é o espelho aonde nós
devemos refletir a Glória do Senhor nosso Deus? Paulo nos ensina que
quando estamos em Cristo, aonde formos, levamos o seu bom cheiro, a sua
fragrância celestial, o seu bom perfume. Isso quer dizer que somos
representantes, somos embaixadores, somos aquele que representam Deus aqui na
Terra, e isto é um privilégio dado a poucos, somente aqueles que são chamados a
Graça.
Portanto nós,
como igreja de Deus, temos que ter consciência que nossa vida é um testemunho
vivo, e nossas palavras precisam impactar as pessoas de nossa rua, cidade,
estado, país, até finalmente, impactar o mundo com a nossa simples presença,
porque Cristo através de nós, brilha sobre aqueles que não conhecem a pessoa do
nosso Deus. O próprio Cristo disse que nós seríamos luz do mundo e sal da
terra. Então, veja a diferença que nós podemos fazer sobre toda essa
gigantesca nação brasileira! É preciso estar integralmente na Videira,
firmados na Rocha e alicerçados na Verdade, para que cada passo, cada movimento
que fizermos, seja em direção a glorificar o nome do Senhor Jesus. É por nossas
ações que Cristo é aceito nos lares, nas ruas, nas fábricas e nas escolas.
Pessoas são atraídas a Cristo através de nosso testemunho, de nossa fala temperada
com sal na dose exata, com o equilíbrio emocional gerado pela presença do
Espírito Santo em nossas vidas. É preciso voltar a essência, adorar com
integridade de corpo, alma e espírito, para que assim, onde quer que passemos,
a presença de Cristo seja visível, e o seu bom cheiro seja sentido a distância,
com epicentro em nosso coração. E desta forma, todos unidos no mesmo
propósito, de sermos crentes cheio da Glória, íntimos com o Senhor e adoradores
por excelência, que veremos as almas sendo salvas, e o nome de Jesus,
glorificado cada vez mais!
Quando o Pedro chegou até a Porta Formosa, e aquele paralítico lhe pediu uma esmola, qual foi a resposta que ele deu? - Olha para Nós.... Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus, levanta e anda! (Atos 3:4-6). Percebeu que antes do milagre, o apóstolo usou sua vida como testemunho? Antes de você abrir a boca para falar do amor do Senhor, é preciso vivencia-lo em seu coração. Antes de cantar é preciso louvar. Antes de pregar é preciso viver. Deixe que o seu testemunho, a tua postura, a tua simpatia, o teu amor e a tua bondade, fale muito mais alto que suas próprias palavras. Que todo o teu ser venha transpirar o bom perfume de Cristo, e que toda a tua vida grite: - Eu sou Jesus eu estou aqui!
Quando o Pedro chegou até a Porta Formosa, e aquele paralítico lhe pediu uma esmola, qual foi a resposta que ele deu? - Olha para Nós.... Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus, levanta e anda! (Atos 3:4-6). Percebeu que antes do milagre, o apóstolo usou sua vida como testemunho? Antes de você abrir a boca para falar do amor do Senhor, é preciso vivencia-lo em seu coração. Antes de cantar é preciso louvar. Antes de pregar é preciso viver. Deixe que o seu testemunho, a tua postura, a tua simpatia, o teu amor e a tua bondade, fale muito mais alto que suas próprias palavras. Que todo o teu ser venha transpirar o bom perfume de Cristo, e que toda a tua vida grite: - Eu sou Jesus eu estou aqui!
A fixação
dos resultados exteriores
A adoração da atualidade
corre atrás de resultados. Isso é tão notório que o linguajar do marketing
virou rotina: publico alvo, estratégias de alcance, pesquisas de gêneros musicais,
mídia. Essa tentação do retorno é fruto dos olhos seduzidos pelos “reinos do
mundo e seu esplendor” oferecidos a Jesus pelo diabo no deserto (Mateus 4:8).
Esse é um grande motivo para mantermos nossos olhos constantemente lubrificados
pela graça de Deus. Vivemos a era da desvalorização das essências. O que vale é
o espelho, não o rosto. Na tentação dos resultados exteriores, ignora-se a alma
amordaçada. Ignora-se a tortura que ocorre no íntimo. Por isso, muitos dos
“artistas” acabam nos consultórios psiquiátricos, em abismais depressões.
Alimentam a mentalidade mitológica e sofrem por medo do esquecimento. Esse
comportamento gera um fenômeno conhecido como “celebridade instantânea”, gente
descartável. Enquanto dão algum prazer à massa, são amados e idolatrados, mas
quando o encantamento se esvai, entram nos domínios de sua interioridade
negligenciada e ferida para recolherem os estilhaços de sua vitrine
sentimental.
A linguagem de Jesus
Cristo nos evangelhos é cheia de metáforas e imagens. Suas parábolas são um
convite á imaginação. Uma das metáforas que Jesus usa é a videira. Ele mesmo é
a videira, nós, as varas. Mas, para que cresçamos e venhamos a dar frutos,
carecemos do trabalho do agricultor experiente. Isso deixa-nos uma valiosa
lição para a adoração: adoração não é o resultado de uma série de experiências
ou de uma dose de criatividade, mas de um processo divino de jardinagem – a
poda! (João 15:2). Nossa tendência é acreditar que o crescimento espiritual é
determinado por aquilo que fazemos para Deus, contudo, essa metáfora mostra-nos
que antes de fazermos qualquer coisa vem a poda! O que o Eterno Deus faz em nós
vem antes do que aquilo que fazemos por Ele, Só adoramos porque somos libertos
para adorar.
Elevados a categoria de
celebridades, muitos vivem escravizados pelas agendas. Perdem o contato com a
família, com a Igreja local. Perdem o chão. Como dizia o poeta: “os mais belos
hinos e poesia foram escritos em tribulação”. Os hinos e poesias de hoje são
escritos em “tripulação” – no avião, na correria entre uma agenda e outra, na
escada entre um palco e outro. É doloroso observar o esforço desumano que fazem
para manter a imagem de santos, quando já perderam o caminho da santidade.
Nenhum santo é feito no palco, mas na sarça, na fornalha, no deserto, no vale (Gêneses
32:22-32; Êxodo 3:2; Daniel 3:1-30; I Reis 19:1-21). Deus procura servos que
saibam que não há agenda mais importante do que alimentar-se diariamente na
presença do Santo. Antes de qualquer coisa, precisamos resgatar a verdade de
que o Eterno Deus valoriza a adoração. No chamado de Isaías, o ato de adoração
dos serafins retrata muito bem a dinâmica do céu: adoração e santidade. Quando
a presença de Deus é real em nossa adoração, preenchemos o vazio e destruímos o
verbalismo.
A grande tragédia dessa
geração do vazio é mirar no horizonte dos resultados e não vislumbrar
esperança. Se o resultado não acontece, a inquietação rouba o sono. Como o
mundo de hoje fabrica deuses com extrema velocidade, o medo do esquecimento
leva a tentação de manipular falsos resultados. A mentira começa a governar a
vida. Uma verdade precisa ser resgatada com urgência: aquilo que o Espírito
Santo não quer fazer, marqueteiro nenhum pode produzir! (Gálatas 6:7). Se
julgarmos nossa adoração pelos resultados exteriores, estaremos condicionados à
multidão e ela sempre é perigosa. Não é o que os outros sentem quando eu adoro
que me legitima como adorador, mas sim, o que eu sei que Deus operou em mim
quando abracei o privilégio de estar em Sua Presença Santa.
Igrejas cheias. Pessoas vazias.
Comentário
Adicional
Pb. Bene
Wanderley
Creio que todo
o conteúdo deste estudo, bem como o contexto da cristandade atual, pode ser resumido
em uma frase da própria lição estudada: “igrejas
cheias de pessoas vazias!” Esta é a sintaxe perfeita da crise que estamos
vivendo na atualidade no meio cristão. Jesus deixou claro para todos nós, no
texto de João 15:5 que "sem Ele nada poderíamos fazer"... Infelizmente,
estamos excluindo Jesus de nossas liturgias.
A crise não é só na adoração, mas, em todos os segmentos doutrinários
básicos que regem nossos cultos e a nossa postura cristã. Como já ressaltado
pelo Pr. Elias Croce, estamos sendo engolidos por um buraco negro chamado de Crise
do Vazio. E esta é uma verdade tão cristalinamente pura quanto inegável.
A geração mais abastecida de conteúdo é também a mais vazia de essência. Esse
vazio resulta no cenário tenebroso que se alastra no meio da igreja, numa onde
avassaladora de pecados levianos, responsável por desmoronar nossas estruturas
cristãs.
Princípios
bíblicos são quebrados sem nenhum arrependimento, movimentos mundanos invadem
as igrejas, levando nossos jovens (e até mesmo nossos obreiros) para um limbo
espiritual. Isso é tão grave e a situação fica cada vez mais irreversível, pois
a cada dia, assistimos impassíveis o avançar ardiloso das trevas. A terrível
inversão dos valores vem roubando a simplicidade do evangelho de Jesus Cristo.
Ser humilde se tornou vergonhoso e ser cheio de orgulho é se vestir de virtude.
Onde está Jesus em tudo isso? Somos varas morrendo imperceptivelmente fora da
videira. Com isso a essência da
verdadeira adoração se perde, e o que nos sobra, são os fragmentos da corrupção moral
e espiritual de nossos dias, formando uma totalidade de apostasia e negligencia
com o sagrado.
A
escravização do verbalismo
Muitos são os que ainda
carregam a síndrome da mulher samaritana: “Jerusalém ou Gerizim?” (João 4:20)
Mais do que lugares, geografias demarcadas, era um jeito estabelecido de adorar
– o império do tecnicismo. Existe hoje uma “cultura gospel”. Um movimento
musical, o gospel, explodiu na última década do século XX entre os evangélicos
e deu forma a um modo de vida configurado pela tríade: música, consumo e
entretenimento. O problema dessa “cultura gospel” é que seu discurso é
profundamente distante de sua prática. O verbalismo afirma Deus como Senhor,
mas a prática cultua deuses descartáveis do orgulho e da fama. A partir da
segunda metade da década de 80, uma influência vinda do Atlântico Norte chegou
com tanta força e fúria que, em vez de enriquecer e ampliar horizontes musicais
brasileiros, ditou formas e tons para os artistas da terra. Era o movimento
gospel. Desde então, tudo se tornou gospel. A maioria dos músicos mudou de som
e de proposta. Os poucos que resistiram bravios perderam seu espaço. Outros
foram cantar noutros quintais.
O conceito de profecia
foi banalizado. Tudo hoje virou “profético”. Não contente com o vocábulo
“profético” criam-se objetos proféticos, numa espécie de animismo eclesiástico:
é óleo ungido, vara do poder, corredor do fogo, mãos ungidas, etc. A lista é
longa, curiosa e desesperadamente “profética”. São nossas “Jerusalém e
Gerizim”. Geografias ocultando corações. Criatividade duvidosa suprimindo o bom
senso. Não basta termos um elaborado jargão profético, uma gramática ungida ou
um dicionário de poder, mas sim, uma vida íntegra, humilde e digna diante do
Senhor. Deus procura homens e mulheres de coração aberto (João 15:5). Na
passagem bíblica de Mateus 7.21, Jesus afirma: “Nem todo o que me diz: Senhor,
Senhor! Entrará no reino dos céus”. Jesus não se deixa impressionar pela
articulação teológica da nossa fala, mas pela submissão de nosso ego à Sua
vontade. Verbalismos como “Senhor,
Senhor!” podem ser apenas fugas semânticas de uma realidade interior
destruída.
A preocupação com o sofisticado
leva essa geração à fuga da simplicidade. Cantar que Jesus é bom e salva o
pecador é considerado retrógrado, passado, sem impacto. É preciso florear,
carregar no apelo do marketing. É preciso “dar um trato” em Jesus. Essa crise é
tão forte que tem aprisionado muitas almas. Muitos, em nome dessa sofisticação,
alimentam a teatralização da própria existência. É gente que não suporta quando
o culto termina no domingo à noite, pois sabe que o monstro da segunda-feira
virá. Esse vazio machuca muitos “adoradores”. Infelizmente, muitos acordam com
gosto de cinzas nas segundas-feiras da vida. Aprendamos com o exemplo do nosso
Senhor Jesus Cristo, que não se deixou seduzir pela sofisticação do Império
Romano, nem pelo verbalismo da filosofia grega, muito menos pela imponência
egípcia. Seu coração estava na companhia de doze homens extraordinariamente
simples, mas livres para viver ao Seu lado.
Conclusão
Estamos na era das
ilusões. Para que não sejamos levados por essa forte correnteza, carecemos de
bases sólidas, firmes na rocha, um trabalho de estruturação genuíno e fiel. Que
o Agricultor por excelência tenha liberdade para nos podar, para que nossa
adoração gere frutos de eternidade.
Vivemos para adorar.
Deus criou o homem para que este O adorasse. O combustível da adoração é a
comunhão com Deus. Uma comunhão verdadeira e despretensiosa começa em um lugar
secreto. Adoração é decidir investir a vida no Eterno. É quando nos
redescobrimos em Deus e todas as demais coisas são periféricas diante de tão
grande descoberta. Deus não procura adoração, mas adoradores. Para compreender
ainda mais os princípios da verdadeira adoração, participe deste domingo, 18 de
dezembro de 2016, da Escola Bíblica Dominical.
A adoração perde o sentido quando não há edificação 1co 14.26
ResponderExcluirGratidão cl3.16 sujeição ef5.19a21 reverência ec5.1 alegria sl122.1 temor gn28.16e17 espírito de oração e súplica 1sm 1e10 espírito de louvor sl100.4