Material
Didático
Revista Jovens e Adultos
nº 102 - Editora Betel
Aprendendo com as
Gerações Passadas - Lição 03
Comentarista: Pr.
Manoel Luiz Prates
Comentários
Adicionais
Pb.
Miquéias Daniel Gomes
Texto
Áureo
Jeremias 12:5
Se te
fatigas correndo com homens que vão a pé, como poderás competir com cavalos? Se tão-somente numa
terra de paz estás confiado, que farás na enchente do Jordão?
Verdade Aplicada
Sempre
surgirão obstáculos em nosso caminho. Se confiarmos no Senhor, venceremos!
Textos de Referência
Números 13:17-18; 25; 27-28
Enviou-os,
pois, Moisés a espiar a terra de Canaã e disse-lhes: Subi por aqui para a banda
do sul e subi à montanha; e vede que terra é, e o povo que nela habita; se é forte
ou fraco; se pouco ou muito.
Depois,
voltaram de espiar a terra, ao fim de quarenta dias.
E
contaram-lhe e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e, verdadeiramente,
mana leite e mel, e este é o fruto.
O povo,
porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, fortes e mui grandes; e
também ali vimos os filhos de Anaque.
Introdução
Quando
somos desafiados por Deus a começar algo em nossas vidas, temos a tendência de
recuar porque o novo sempre nos amedronta. Assim, adiamos para “amanhã” as
oportunidades que Deus nos oferece hoje.
No limiar da promessa
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
A saída de
Israel do Egito é um marco antológico da história. Até aquele momento, a
humanidade jamais tinha presenciado uma manifestação tão visível e abrangente
do poder do Senhor. Águas se tornaram em sangue, fogo choveu do céu, luzes e
trevas coexistiram, insetos e anfíbios atuaram de forma orquestrada, mar abriu
no meio, nuvem se transformou em coluna de fogo para aquecer a noite. Infelizmente,
grande parte da nação se acostumou a presenciar obras tão grandiosas, e com
isso, banalizou a cuidado de Deus com seu povo. Ainda estavam impregnados pelo
Egito e seus deuses tangíveis, e com isso, nutriam grande desconfiança de um
Deus que não podiam ver, mesmo que Ele se revelasse diariamente. Quando Israel chegou em Cades-Barnéia, no deserto de Parã, já estava no
limiar de Canaã, a poucos passos da terra prometida. Com mão forte e braço
estendido, Deus os havia tirado do Egito, e com feitos portentosos, os trazidos
até a fronteira da promessa. Mesmo assim, o povo duvidou, temendo o
desconhecido, apreensivo com o que estava por vir. Então, Deus permitiu que
Moisés enviasse espias para sondar a terra, e assim, acalmar a ansiedade dos
israelitas. Foram escolhidos para esta missão, 12 homens entre os líderes do
povo, sendo um de cada tribo: Samua (Rúben), Safate (Simeão), Calebe (Judá),
Ioal (Issacar), Josué (Efraim), Palti (Benjamim), Gadiel (Zebulom), Gadi
(Manassés), Amiel (Dã), Setur (Aser), Nabi (Naftali) e Geuel (Gade).
Moisés os orientou
a colher informações sobre a geografia do lugar (relevos e rios), a qualidade e
a produtividade do solo, áreas agrícolas e florestas, aspectos gerais dos
moradores, nível de segurança das cidades, e por fim solicitou que fossem
colhidas amostras dos frutos ali produzidos. Por quarenta dias os espias
sondaram a terra. Partindo de Cades–Barnéia, chegaram ao sul de Canaã por
Hebrom e dali se dirigiram ao extremo norte pelo caminho próximo ao mar
Mediterrâneo. Após alcançarem Reobe, o grupo regressou a Hebrom, desta vez pelo
Vale do Jordão. Antes de voltarem para o acampamento, os espias se ativeram em
Ecol, de onde colheram cachos de uva para apresentarem aos israelitas. Embora o
povo tenha ficado admirado com os frutos trazidos de Canaã, o relatório dos
espias não foi recebido com o mesmo entusiasmo.
Segundo eles, a
terra era realmente boa, manando leite e mel conforme havia sido prometido
por Deus. Porém, os habitantes locais eram muito poderosos, as cidades eram
grandes e fortificadas, os amalequitas já dominavam a terra do Neguebe, as
montanhas eram habitadas por tribos cananitas (heteus, jebuseus e amorreus), e
pelo caminho, ainda estavam os filhos de Anaque, homens tão altos, que fariam
os israelitas se sentirem como gafanhotos prontos para serem pisados. Ao ouvirem
estas palavras, o povo foi subitamente tomado por grande desanimo, considerando
impossível a conquista de território tão hostil, a mesma opinião de dez dos
doze espias. Aquela foi uma noite de choro e murmurações.
A procrastinação de Israel
Procrastinação
vem de duas raízes latinas: “pro”, que significa “para adiante”; e “eras”, que
significa “amanhã”. Procrastinar é prorrogar para amanhã o que o Senhor deseja
realizar agora. A ordem de Deus era simples: observar a terra, fazer um relato
do que nela havia e depois conquistá-la (Números 13:2), mas o medo se apossou
deles de tal forma, que chegaram a ignorar até mesmo o porquê de estarem ali. A
exposição da maioria temerosa atraiu a atenção do povo e, assim, eles adiaram a
aceitação da promessa de Deus (Números 13:31-33). A procrastinação é uma
alternativa covarde. Ela nos faz ignorar a presença e o poder do Senhor na
análise de um desafio. Então, o pânico nos atinge e, assim, adiamos uma ação ou
decisão importante.
Entrar na
terra Prometida era para os filhos de Israel tanto uma bênção quanto um
desafio. É preciso entender que a procrastinação traz perda, atraso e perigo.
Ela impede a realização das promessas de Deus quando resistimos por medo ou
incredulidade. A procrastinação é o temor que esqueceu o prometido nas orações.
Duvidar do que sabemos ser a vontade de Deus é um grande mal (Tiago 1:6). O
Senhor nunca volta atrás em Sua Palavra. O medo produz a dúvida e a dúvida gera
a incredulidade (I João 4:18). Quem procrastina pode estar a um passo do
fracasso e Israel é um forte exemplo para todos nós.
Os
israelitas usaram da imaginação para formar um quadro do pior (Provérbios 3:25).
O Epitáfio da morte da coragem deles foi expresso nas palavras da maioria (Números
13:33). A imagem que eles tinham de si mesmos era depreciativa (Tiago 1:6).
Eles se tornaram no que pareciam aos seus próprios olhos: gafanhotos impotentes
e insuficientes! Foi desse modo que agiram e reagiram.
Deus não
enviou os espias para fazer um relatório comparativo de quem eram diante dos
outros povos, apenas os enviou para observar a terra, seus moradores, se a
terra era boa, e que trouxessem o fruto para mostrar a seus irmãos (Números 13:17-20)
Com certeza, não era esse o relatório fúnebre que o Senhor queria que o povo
ouvisse.
O terror
implantado no coração dos dez espias se espalhou e infectou toda a nação. As
circunstâncias podem variar, mas isso não invalida o que Deus já disse. Tanto
atrasar uma decisão quanto não decidir pode ser desastroso (Hebreus 12:15).
Naturalmente, há tempos de espera quando ficamos atentos às ordens de Deus para
avançar. Essa é uma época criativa e necessária. Não é procrastinação, é
esperar até obter sinais claros do Senhor antes de agir. Procrastinação é a
relutância em pôr em ação o que Ele já tornou abundantemente claro.
As decisões
que tomamos hoje afetarão de forma radical a ousadia espiritual ou a falta dela
na vida de outras pessoas. É interessante como as pessoas estão no mesmo lugar,
vendo uma mesma coisa, mas a forma de interpretar pode ser diferente em cada
uma delas (Jó 20:3-8). Nosso problema não está em não compreender certas
coisas, mas no que compreendemos e falhamos em obedecer. Apesar de verem
diversas evidências dos milagres de Deus e de Sua provisão, eles desejaram
voltar para o Egito! É difícil de acreditar, mas é a pura verdade. Por esperar
tempo demasiado podemos perder a capacidade de dizer “agora” e dizer “não”. Ao
dizer “não”, o povo desprezou a grande oportunidade de sua vida. Eles não
disseram “não” para a terra, mas para Deus e Seu projeto.
Enfrentando Gigantes
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Quando
os espias retornaram com seu relatório, dez deles estavam aterrorizados com o
tamanho dos filhos de Anaque, verdadeiros “gigantes” que faziam homens comuns
se sentirem como insetos. Josué e Calebe, por outro lado, olhavam a situação
sob outra perspectiva. Eles se focavam nas uvas. Historicamente os hebreus
sempre foram apreciadores de um bom vinho, e isso demandava o cultivo de
vinhedos de boa qualidade. Assim, enquanto os espias só conseguiam enxergar o
problema, analisando como eram fortes e poderosos os habitantes da terra, Josué
e Calebe se atentaram ao fato que eram necessários “dois” homens para carregar
um único cacho de uva produzido na região. Muitas vezes, problema e solução são
faces distintas do mesmo prisma, e assim, a interpretação do custo-benefício
depende de “quem” e “como” se olha para ele.
Conta-se
que o dono de uma loja de sapatos enviou dois de seus vendedores para uma
cidade do interior. Um deles, ao chegar verificou que os moradores andavam
descalços e imediatamente voltou para casa, imaginando que ninguém se
interessaria em comprar sapatos por ali. O outro vendedor, ao constatar a mesma
situação, abriu um sorriso largo e falou consigo mesmo: - Ninguém nesta cidade tem sapatos. Vou vender que nem água!
Josué
e Calebe enxergaram oportunidades onde outros viam impossibilidades. Ao
olhar apenas para os fatos e as evidências humanas, toda uma nação foi corroída
pela descrença. Os dois, porém, mantiveram seus olhos voltados para Deus,
focados na promessa, certos que o “EU SOU” não abandonaria sua grande obra pela
metade. Sob a liderança visionária de Josué, os israelitas reconquistaram as
terras de seus patriarcas, vencendo muitas batalhas na força do Senhor. Um dos
líderes mais expoentes deste avanço em Canaã foi exatamente Calebe, que
liderando uma tribo formada por 76.500 judeus, ocupou boa parte da região sul
de Canaã, tomando posse dos territórios que formaram a Judéia. Após cinco
anos de campanhas, Calebe viveu plenamente a promessa, quando finalmente
recebeu por herança o monte Hebrom. Antes, porém, precisou realizar uma
limpeza territorial, expulsando da região tribos hostis e povos pagãos, sendo
que entre eles estavam os anaquins Sesaí, Aimã e Talmai, os mesmos gigantes que
causaram tanto pavor nos dez espias que foram sepultados no deserto.
Na
emblemática batalha entre o pequeno Davi e o gigante Golias, é possível mais
uma vez entender a relatividade do tamanho de nossos problemas. O pastorzinho
de Belém não se focou na estatura do guerreiro filisteu, ou com a capacidade
esmagadora de seus pés e mãos. Ele mirou na “imensa” testa do gigante, onde
sabia que poderia acertar. Por outro lado, Davi ao longo da narrativa deste
confronto, Davi se refere ao gigante em poucas ocasiões sempre profetizando que
ele seria derrotado (Samuel 17:26, 32, 36, 37). Porém, neste mesmo período, Davi
de constantemente menciona o nome do Senhor, o Deus de Israel, aquele que daria
vitória ao seu povo. E foi exatamente isso que aconteceu. Até mesmo o maior dos
gigantes que enfrentamos, é ridiculamente pequeno diante da menor ação de Deus
a nosso favor!
Vencendo os temores
Os homens
retornaram da investigação da Terra Prometida impressionados pela estatura e
corpulência dos habitantes de Canaã. Eles, além de se desqualificarem, se
declararam inferiores, devido ao medo que portavam em seus corações. As
dificuldades e os problemas da vida são oportunidades para observar a
intervenção de Deus em nosso favor. O cuidado do Senhor para com o seu povo é
sempre permanente. O segredo do sucesso é a total confiança em Deus. O homem
faz o possível e o impossível é tarefa de Deus (Lucas 18:27). O propósito de
Deus era que os israelitas chegassem à Terra Prometida. Após a escravidão e o
sofrimento no deserto, o povo de Deus deveria apossar da herança que lhes
pertencia. Todavia, a mentalidade determina grande parte nos resultados
desejados. Ninguém deve sentir-se derrotado antes de entrar na batalha. Não se
deve declarar ser incompetente antes de haver tentado. Pior que perder é nunca
ter lutado. O temor paralisa o ser humano, o inutiliza e o conduz a uma vida
improdutiva (Números 13:31-32).
O povo que
vivia em Canaã era forte e suas cidades eram fortificadas. E o mais assustador
de tudo é que os espias haviam visto os filhos de Anaque, os gigantes da terra.
O medo é comum aos seres humanos (I João 4:18). Mesmo com medo, eles deveriam
ao menos recordar o que Deus já lhes havia prometido entregar aquela terra (Josué
1:13).
O
relatório dado por Calebe e Josué era corajoso e ousado. Calebe atrai a nossa
atenção e admiração quando diz: “Subamos animosamente e possuamo-la em herança;
porque certamente prevaleceremos contra ela” (Números 13:30). Admiramos sua
prontidão, ousadia e intrepidez. A perseverança e a obediência de Calebe
renderam-lhe a promessa do Senhor de que ele entraria na Terra Prometida (Números
14:24). Calebe estava cheio do Espírito do Senhor e ele seguia ao Senhor sem
discussão. Para ele, gigantes eram gafanhotos, pois ele os via de outra forma.
Deus observou
que em Calebe havia um espírito guerreiro, capaz de crer em Suas palavras. Ele
afirmou que Calebe era um homem de perseverança, que é a qualidade de uma
pessoa que não desiste com facilidade. E, diante de todos, o Eterno disse que,
por sua coragem e intrepidez em seguir ao Senhor (Números 14:24) ele e a sua
descendência já estavam assegurados na possessão da terra da promessa.
Os espias
viram como o Senhor abriu o Mar Vermelho, experimentaram a provisão de maná no
deserto e desfrutaram da proteção de uma coluna de nuvem que o Criador tinha
colocado sobre eles para livrá-los no deserto. Antes de ver os gigantes em
Canaã eles já conheciam a grandeza do Senhor, porém, se esqueceram que Deus estava
do seu lado (Deuteronômio 11:2-7). As experiências da fidelidade de Deus no
passado são importantíssimas para enfrentarmos o futuro. Não existe gigante
superior à enormidade do Criador. Nenhum exército pode deter a mão estendida do
Altíssimo. Não há nenhuma força das trevas que possa fazer tropeçar aqueles que
confiam em Deus (Salmo 5:11).
Quando se tem
uma mentalidade de gafanhoto, é possível esquecer-se prontamente das maravilhas
operadas por Deus, ignorar Seus poderosos atos de misericórdia e discordar das
bênçãos que estão à nossa frente (Deuteronômio 3:24). Cada cristão deve
derrubar seus gigantes e tomar posse da herança que o Senhor Deus colocou
diante dele. Muitos aproveitam as oportunidades, enquanto outros deixam passar.
Na vida, há vencedores e perdedores; protagonistas e espectadores; espias
medrosos e espias valentes.
Enxergando além das aparências
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Para
conter a ansiedade de povo, doze espias foram enviados até Canãa, afim de
verificar as qualidades da terra. Porém, ao regressarem, com um relatório
pessimista, implantaram um estado de pânico generalizado. Josué (da tribo de Efraim) e Calebe (da tribo de
Judá) foram as únicas exceções. Eles estavam maravilhados com a terra e nem um
pouco preocupados com os inimigos que teriam que enfrentar. Ambos se
inflamaram a esforçar o povo, encorajando-os a não terem medo dos cananitas,
pois Deus estava ao lado dos hebreus, e os inimigos seriam devorados como se
fossem pães (Números 14:9). Porém, os filhos de Israel não deram ouvidos a
estas palavras, e imediatamente, se levantou grande rebelião contra Moisés e
Arão, exigindo um retorno imediato ao Egito, nem que para isso fosse necessário
escolher um novo comandante. Por serem contrários a este desejo retrógrado,
Josué e Calebe foram hostilizados pelo povo, e só não foram vitimados por um
apedrejamento público porque Deus bradou com poder e grande fúria na tenda da
congregação.
Falando
à Moisés, o Senhor revelou que não tolerava mais a incredulidade daquela
gente, que os estava rejeitando como nação eleita e que o povo seria ferido de
morte. Em decorrência da intercessão de Moisés, Deus não destruiu a nação de
Israel em Parã, mas jurou que todos os homens que viram os sinais realizados no
Egito, mas desobedeceram sua voz, não entrariam na terra prometida. A partir
daquele dia, Israel peregrinou quatro décadas, um ano para cada dia de
espionagem, até que toda aquela geração morresse no deserto. As únicas exceções
foram Josué e Calebe.
Josué
era filho de Num, eframita nascido no Egito que passou a ter maior destaque
nacional quando foi escolhido para comandar os hebreus na batalha de Redifim
contra os amalequitas (Êxodo 17:8-16). Seu nome era Oséias (que significa
“Salvação), porém, Moisés passou a chama-lo de Josué (Deus é a Salvação).
Durante os anos de caminhada pelo deserto, ele se tornou um tipo de “assessor”
de Moisés, acompanhando seu mentor em todos os eventos de relevância. Foi o
único autorizado a subir com Moisés ao Sinai quando este recebeu os
mandamentos. Também guardava a porta da tenda enquanto Moisés falava com Deus.
Com a morte de Arão, tornou-se o braço direito do grande líder e seu sucessor
imediato. Quando Moisés também morreu, coube a ele a responsabilidade de atravessar
o Jordão e conduzir Israel a tomada da terra prometida. Ao todo, Josué liderou
a conquista de 33 territórios.
Calebe
por sua vez, era um judeu filho de Jefoné que exerceu exímia liderança na tribo
de Judá durante duas gerações. Era um homem dotado de muitas virtudes do qual o
próprio Deus deu impressionante testemunho. Por sua perseverança e fé, o Senhor
lhe fez duas grandes promessas: ele sobreviveria ao deserto e herdaria a terra
que espiou (Números 14:34). Ele lavrou este juramento em seu coração, e nem
mesmo a passagem dos anos foi capaz de minar sua fé nas promessas. A chegada em Canaã não lhe assegurou a posse de sua herança, foi preciso
investir mais cinco anos de vida na conquista do território que lhe fora
prometido. Mesmo empregando seus melhores dias nesta jornada, e esforçando suas
mãos na conquista, Calebe não valorizou os seus méritos pessoais, pelo
contrário, faz questão de louvar ao Senhor por tê-lo conservado com vida.
Sua fidelidade ao
Deus de Israel o fez exercer um tipo de liderança focada nos mandamentos
divinos, e assim, Judá, tribo sobre sua liderança, se negou a selar pactos com
povos estrangeiros, preservando a identidade de seu povo. Calebe teve entre
seus descendentes outro líder muito bem-sucedido, já que seu sobrinho/genro
Otniel, além de exímio guerreiro, é identificado como um dos juízes de Israel
(Juízes 1:11-15). Depois de sua morte, o nome de Calebe é citado cerca de 400
vezes nas escrituras, ratificando seu legado.
Os dez
espias deram os seus informes negativos e desanimaram todo o povo, porém Josué
e Calebe apoderaram-se da fé e encorajaram toda a congregação a herdar a Terra
Prometida. Josué e Calebe nos ensinam que a verdadeira fé é a semente que tem
como fruto a obediência e a justiça. Uma atitude impensada pode causar danos
muito sérios às nossas vidas (Mateus 12:37). É preciso lembrar da exortação de
Jesus Cristo quanto à relação que existe entre palavras e coração (Mateus 12:34).
Desde o início o povo murmurava e dizia sobre morrer no deserto (Êxodo 14:11;
16:3; Números 14:2). A porta que estava aberta se fechou, o privilégio foi tirado
e a palavra que saiu de seus lábios tornou-se a sentença de suas vidas (Números
14:2).
O decreto
divino foi um amargo desapontamento para Moisés, Arão, Calebe e Josué, sendo
que os últimos tiveram que acatar a decisão divina, andar errantes no deserto e
esperar até que os muitos anos se passassem (Josué 14:7-10). O Eterno Deus
perdoa nossas ignorâncias, mas infelizmente, existem coisas que jamais teremos
a oportunidade de conquistar outra vez. É preciso entender que o Senhor os
perdoou, mas permitiu que suas vidas se gastassem sem chegar ao lugar da
promessa, até o dia de sua morte. Precisamos compreender que o perdão é
concedido, mas algumas oportunidades jamais serão restabelecidas (Número 14:18-20).
As
atitudes podem tanto nos fazer decolar quanto sucumbir. A escolha é sempre
nossa. Deus propõe, apresenta, revela. Nós precisamos decidir, escolher (Deuteronômio
30:19). O termo usado para confissão é “homologeo” (“homos”, o mesmo; “lego”,
falar), que significa, literalmente, “falar de uma mesma forma, concordar,
declarar, admitir”. Nossa confissão jamais pode ser diferente daquilo que Deus
nos assegurou. Se Ele disser “vida” não podemos dizer “morte”. Se disser
“vitória” não podemos pensar em “derrota”. Nossa confissão deve ser de acordo
com aquilo que saiu da boca de Deus (II Coríntios 4:13b).
No momento em
que os filhos de Israel resolveram recusar a terra, porque estavam
amedrontados, eles desconsideraram toda a promessa que o Eterno lhes havia
feito e anularam tudo o que viram da parte de Deus com apenas um Gesto. Embora
a terra fosse habitada por gigantes e estivesse totalmente cercada, o povo
deveria crer no que Deus disse (Deuteronômio 30:16-18). Por causa de sua
incredulidade. Eles trocaram uma terra fértil e abençoada por túmulos nas
areias do deserto.
Uma porta
aberta nos fala de uma oportunidade específica para um propósito específico, em
um tempo específico, em um lugar específico. Portanto, é algo que possivelmente
não voltará a acontecer. Por isso, precisamos do entendimento de Deus e usar a
autoridade que nos foi concedida. Precisamos entender o tempo que o Senhor Deus
está nos indicando e atravessar pelas portas que o Eterno está nos abrindo (I Coríntios
16:9). Assim, não desperdiçaremos nossas vidas envolvidos com coisas que podem
nos embaraçar, quando deveríamos realizar os propósitos de Deus para nós.
Existe um
projeto divino para nossas vidas e será uma grande tragédia permitir que a vida
passe sem descobrirmos a razão pela qual estamos aqui. Ter uma grande porta
aberta é entender as grandes oportunidades que o Senhor Deus nos proporciona.
Sem sombra de dúvida, Calebe e Josué se tornaram os destaques de uma geração.
Eles traziam consigo a certeza de que Deus jamais falhou. Certamente, eles
viram seus amigos e irmãos perecerem pela dureza de seus próprios corações.
Algo que não precisava acontecer se eles tivessem aproveitado a oportunidade
que lhes fora dada (I Coríntios 7:21).
Conclusão
Não
devemos permitir que os gigantes nos impeçam de conquistar o que o Senhor tem
para os Seus. Deus nos resgatou e nos nomeou para que frutifiquemos. Se estamos
nEle, então que possamos crer, mesmo que tudo pareça contrário e impossível
para nós.
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