quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

EBD - Lições que aprendemos com as gerações passadas



Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 102 - Editora Betel
Aprendendo com as Gerações Passadas - Lição 04
Comentarista: Pr. Manoel Luiz Prates












Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes












Texto Áureo
Romanos 15:4
Porque tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela paciência e consolação das Escrituras, tenhamos esperança”.

Verdade Aplicada
Aprender mais sobre Deus é uma tarefa diária, desafiadora e primordial.

Textos de Referência
Deuteronômio 8:1-3
Todos os mandamentos que hoje vos ordeno guardareis para os fazer, para que vivais, e vos multipliqueis, e entreis, e possuais a terra que o Senhor jurou a vossos pais.
E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar; e te tentar; para saber o que estava no teu coração, se guardaria os seus mandamentos ou não.
E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram, para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai da boca do Senhor viverá o homem.

Introdução
A história da humanidade está repleta de exemplos bons que podemos seguir e de maus que devemos descartar. Se a Palavra de deus nos alerta sobre os perigos da vida é porque Deus está a nos privar de seus embaraços.


Uma Nação Modelo
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Deus não trabalha com o caos. Ele trabalha no caos, o que é completamente diferente. Desde a antiguidade, é possível encontrar testemunhos de como situações complexas e eventos desconexos, se alinharam perfeitamente para um propósito muito bem delineado. É como se Deus tomasse em suas mãos um amontoado de linhas emaranhadas, e com elas tecesse um lindo tecido. Deus transforma o caos em eventos sincronizados, mas trabalha, incondicionalmente, com propósitos muito bem definidos. Tudo que Ele faz, tem um fim já determinado no começo. O Plano da Salvação, por exemplo, está estabelecido antes mesmo que o universo existisse. Por exemplo, I Pedro 1:19-20, testifica que a imolação do cordeiro (Cristo), era um evento já estabelecido antes da fundação do mundo. Assim, nada aconteceu ao acaso, e nunca fugiu do controle. O plano de Deus é como um rio caudaloso, correndo impetuoso rumo a eternidade. A ação do homem é como uma pedra lançada neste rio. Até pode provocar pequenas ondulações onde cair, mas não consegue provocar qualquer alteração no curso do rio.

A analogia aqui explicitada, é que na perspectiva humana, “estas ondulações” podem ser de proporções catastróficas, alternando drasticamente o destino de gerações inteiras. Mesmo assim, os desígnios eternais de Deus permanecem inalterados. O fim estabelecido no princípio, sempre não muda. Uma pedra lançada nas águas, não tem o poder de mudar a trajetória do rio, mas, determina o destino da pedra. Israel, como nação, é uma prova cabal desta verdade.

Depois da queda humana no Jardim do Éden, que resultou na quebra da intimidade entre “CRIADOR” e “CRIATURA”, a humanidade imergiu progressivamente num abismo de trevas e caos. O Criador, porém, não cruzou seus braços, deixando que o acaso ditasse o destino da criação. O sacrifício remidor do Messias já era um evento estabelecido e imutável, e, mesmo assim, Deus fez algumas intervenções na história para que o homem se recuperasse da queda. A primeira delas foi o dilúvio, um evento trágico que dizimou toda aquela geração, mas permitiu que a humanidade recomeçasse melhorada através da família de Noé (Gêneses 6-7). Infelizmente, não demorou para que uma nova “ondulação” de perversidade corrompesse os homens. E é neste contexto que Israel é gerado. Deus decide criar uma nação modelo, que respeitaria as leis estabelecidas no Jardim, dedicaria ao seu Deus amor e devoção, e assim, fecharia as portas para o mal, e com isso, seria abençoada e prosperaria. Os povos da terra, ao ver seu comportamento, desejariam também ser como eles. Um padrão moral e espiritual, para que todas as nações da terra pudessem se espelhar.

Desde o início, Deus deixaria claro seu poder. Para iniciar uma nação monoteísta, Deus vai a uma terra imersa em idolatria, e tira de uma fábrica de ídolos, um homem que se tornaria o “Pai da Fé” (Gêneses 11-18). Os filhos de Israel seriam incontáveis como as estrelas do firmamento, e para tal, Deus abre uma clínica de infertilidades. Abraão era casado com Sara, uma mulher estéril, que só gerou um filho, após estar avançada em idade. Isaque se casou com Rebeca, também estéril, e o filho nascido de muita dor, Jacó, por sua vez teve duas esposas, Leia e Raquel, ambas estéreis (Gêneses 11:30, 25:21, 29:31, 30:1) . Ou seja, Israel é em essência, fruto de uma sucessão de milagres. A nação nasceu dependente de Deus, e seu Deus, nunca a desapontou. Através desta família, inúmeras pessoas foram abençoadas, e até mesmo o Egito, maior reino da terra naquele período, foi salvo de uma catástrofe sem precedentes. José levou uma família para o Egito, e quatrocentos anos depois, Moisés, tirou uma nação de lá.

Deus estabeleceu Israel para ser um modelo de devoção, mas por vezes, Israel se tornou um modelo de ingratidão. Deus estabeleceu Israel para ser um modelo de espiritualidade, mas por vezes, Israel se tornou um modelo de apostasia.  Deus estabeleceu Israel para ser um modelo de fé, mas por vezes, Israel se tornou um modelo de descrença. Mas antes que alguém concluía que Deus “falhou” em seu plano, relembremos que o Senhor não deixa seus desígnios entregues ao caos.  As profecias bíblicas apontam para um futuro escatológico onde Israel chegará ao apogeu espiritual para o qual foi criado. Até lá, os hebreus têm historicamente cumprido seu propósito de ser um exemplo a ser seguido. Ou a ser evitado. Seus acertos nos apontam qual caminho seguir para sermos abençoados, e seus erros, são um alerta gritante que nos ajudam a evitar tragédias e infortúnios que recaem sobre os ingratos e os rebeldes. Dizem que o homem inteligente aprende com seus próprios erros, mas o homem sábio aprende com os erros dos outros. Neste contexto, Israel é uma enciclopédia a ser devorada por toda cristão.

Porém, a maior lição que aprendemos com a história de Israel não é a consequência de erros e acertos, mas sim, o cuidado e o amor de Deus para com seu povo. Independentemente das circunstâncias. No deserto, Deus fazia chover pão sobre a cabeça de bons e maus, afim de que a nação não perecesse de fome. Quando em Cades-Barnéia, os hebreus banalizaram o cuidado de Deus, desprezaram a terra prometida e desejaram voltar ao Egito, o Senhor conteve sua ira por amor aos poucos homens féis (Números 13). Deus deu a Israel uma nova chance de recomeçar, levando-os a Canaã por um novo caminho, numa peregrinação de quarenta anos. Neste tempo, toda uma geração perniciosa foi enterrada nas areias do deserto, sendo que apenas Josué e Calebe, saíram do Egito e entraram em Canaã. Mesmo assim, para cada homem ingrato que perecia, novos homens destemidos se levantavam, e a nação que se formou no deserto, foi maior do que a saída do Egito. A pedra afundou, mas o rio, nunca deixou de fluir!


Fracassos versus vitórias

Durante quarenta anos, desde a saída do Egito, o povo prevaricou contra Deus e, por isso, foi provado e reprovado diante do Eterno. Agora, os filhos dessa geração dizimada pela ignorância são alertados para não cometer os mesmos erros de seus pais. Durante quatrocentos e trinta anos esse povo esteve sob o pesado jugo dos egípcios e acostumado a viver como escravo. Com mão forte, Deus os libertou através da instrumentalidade de Moisés, apresentando-se com sinais, maravilhas e prodígios, para que confiassem nEle como seu Deus e em Suas palavras como uma verdade universal (Êxodo 12:4-42). Deus estava começando do zero, mas, para isso, eles deveriam, em suas mentes libertar-se de um passado de opressão e aceitar a nova vida. Seu pior problema, como já vimos, não foi sair do Egito, mas, sim, o Egito sair de dentro deles (Romanos 12:2).

O Eterno Deus levou os filhos de Israel pelo deserto e foi se revelando a cada situação. Porém, eles ainda estavam impregnados por uma ideologia escrava. Eles se acostumaram tanto com as trevas da escravidão que sequer louvaram a Deus quando viram raiar a luz da libertação. Se eles entendessem que o Deus que estava com eles era o mesmo que havia destruído todos os seus opressores certamente suas vidas teriam tomado outro sentido.

A escravidão havia deixado marcas indeléveis na vida daquela geração. Eles nasceram e cresceram sem qualquer perspectiva de uma vida de paz. Eram medrosos e a única esperança que tinham era a promessa feita a Abraão (Gêneses 15:13-15). Para que essa geração lograsse sucesso, deveriam seguir passo a passo o caminho pelo qual Deus os conduziria, e, através desse novo relacionamento, eles amadureceriam na fé e se tornariam propriedades exclusiva de Deus (Deuteronômio 7:6-9). Deus não os levou pelo caminho mais longo para maltratá-los, mas para aperfeiçoá-los na fé e tornar-se mais íntimo deles. Deus tem um modo especial de falar conosco e a impaciência pode desestabilizar nossa visão do amanhã. Sejamos sempre confiantes e pacientes (I Pedro 5:7).

Havia uma influência negativa entre o povo. Para que essa nova geração tivesse êxito na Terra Prometida, era necessário purificar suas mentes de todo o legado deixado por seus pais. Aprender é uma constante e não existe ser humano que não necessite renovar-se diariamente. Todo dia é dia de aprendizado. Se um dia acreditarmos que já sabemos tudo, significa que fomos vencidos pela ignorância (I Coríntios 8:2).

Qual seria o sentimento de gratidão por alguém que nos livrasse de maus tratos, vergonha e escravidão? Como nosso coração deveria reagir diante de tão grande ato de misericórdia? O que Deus esperava era que esse povo compreendesse que seus inimigos foram todos dizimados, que agora eram livres e deveriam seguir em frente para um recomeço (Filipenses 3:13-14). Moisés chama os filhos de Israel e fala sobre a importância de se guardar o mandamento. Depois revela quatro coisas importantes que ocorreriam se assim o fizessem: viveriam; multiplicar-se-iam; entrariam na terra da promessa; e possuiriam a terra (Deuteronômio 8:1).

O relato contido em Deuteronômio visava orientar aquela nova geração. Eles estavam prestes a entrar na Terra Prometida. Eles veriam se cumprir a promessa feita por Deus a Abraão quando nenhum deles ainda era nascido (Romanos 10:17). Deus exigia que possuíssem a fé que seus pais não tiveram e obedecessem, porque o que uma vez já havia acontecido poderia repetir-se em suas vidas.


Aprendendo com a Jornada
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Em muitos sermões que pregamos e ouvimos, a travessia do Mar Vermelho é final feliz para uma grande história. Logo após a travessia, os israelitas promoveram uma grande festa de júbilo e celebração. E tinham motivos para isso. Poucas horas antes, seus corações estavam tomados pelo medo, enquanto se viam encurralados em Pi Hairote, impotentes diante do oceano e indefesos contra o exército de Faraó, sem perspectivas ou esperanças. Mas agora, o mar era um obstáculo vencido e as ondas traziam para a margem os corpos desfalecidos dos egípcios, que a esta altura, já não apresentavam qualquer perigo. Haviam sim motivos para comemorar, mas o que Israel não sabia é que aquele era apenas o primeiro passo de uma jornada longa e difícil, que se estenderia por quatro décadas. Para chegar ali, eles tiveram que atravessar muitos metros por entre as águas, mas agora haveriam centenas de quilômetros sob a areia escaldante do deserto. O Egito, derrotado e humilhado, daria lugar a dezenas de povos bárbaros e nações agressivas entre Israel e a terra da promessa. Tudo até ali, era na verdade uma preparação para coisas ainda maiores, batalhas mais acirradas e momentos de imensa tensão.

A verdade é que antes do mar, todo trabalho fora feito por Deus e os hebreus assistiram ao próprio livramento de camarote.  Foi Ele quem escolheu e preparou Moisés, e também quem enviou as pragas sobre o Egito. Eram as mãos do GRANDE EU SOU que abriram as águas do mar e decretaram a ruína do exército inimigo. Deus tomou aquela questão como uma causa pessoal, enquanto seu povo apenas aguardava o momento da vitória. (Êxodo 14:10-20). Mas o deserto lhes reservava suas próprias batalhas e Israel precisava estar pronto para isso. O livramento com mão forte, a escapada maravilhosa e a celebração incontida, eram lições valiosas sobre o quão comprometido Deus é com seus escolhidos,  mas não garantia imunidade contra dias de angustia e provações ainda maiores.

Para entenderemos este mecanismo usado por Deus, afim de aperfeiçoar seu povo, podemos olhar alguns séculos a frente e fecharmos nosso foco em um único homem: Davi. Mesmo após ser ungido rei de Israel (I Samuel 16:12-13), ele retornou ao ostracismo das pastagens e continuou apascentando as ovelhas de seu pai. Porém, foi dado o “start” de seu treinamento. O primeiro teste foi enfrentar um leão. Davi venceu a fera e ganhou experiência para lidar com um adversário bem maior: uma ursa. Foram estas batalhas individuais travadas no anonimato que credenciaram Davi como o representante da nação contra o gigante Golias (I Samuel 17:33-51). Mas se você acha que enfrentar o filisteu seria o derradeiro desafio do belemita, está equivocado. Pouco tempo depois, Davi se viu perseguido por um exército inteiro, liderados por um ensandecido Saul que desejava ardentemente extermina-lo (I Samuel 23:8). Apenas passados todos os estágios é que finalmente Davi ascendeu ao trono de Israel, mais forte e preparado do que nunca.

No deserto Deus cuidaria do seu povo como sempre fez, provendo, intervindo, ensinando e corrigindo. A diferença é que agora eles precisariam se mover, caminhar com as próprias pernas, enfrentar um desafio se preparando para o próximo, pois somente assim estariam devidamente capacitados para a retomada de Canaã. Pense em Deus como um pai que está ensinando seu filho a andar de bicicleta. Ele está do lado, amparando, escoltando, sustentando. O filho se sente confiante, e nem percebe que pouco a pouco está se equilibrando sozinho, dando suas próprias pedaladas rumo ao desconhecido. Mas caso caia, o pai imediatamente está ali para levanta-lo, sendo que este processo se repetirá quantas vezes foram necessárias.

O Senhor testemunha deste cuidar em Oséias 11:1-4: Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei a meu filho. Mas, como os chamavam, assim se iam da sua face; sacrificavam a baalins, e queimavam incenso às imagens de escultura. Todavia, eu ensinei a andar a Efraim; tomando-os pelos seus braços, mas não entenderam que eu os curava. Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor, e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas, e lhes dei mantimento.  Ali, as margens do Mar Vermelho, Israel deixa de engatinhar e começa a dar seus primeiros passos. Eles serão amparados por Deus, e orientados por Moisés, um líder previamente escolhido e que já acumulava mais de 700.800 horas na escola preparatória de Deus. O problema, é que nem todos estavam interessados em aprender.


Caminhos seguros

Só havia uma atitude a ser tomada pelo povo de Israel ao deixar o Egito: confiar em Deus. Eles estavam diante do novo e o novo sempre nos remete a curiosidade e ao medo acerca do amanhã. Deserto não significa rejeição, nem tampouco morte. A próxima geração deveria entender porque Deus conduziu seus pais ao deserto. Deveriam compreender que o propósito original era honrá-los diante de todos os povos, mas para isso deveriam despojar-se de toda a contaminação do Egito, principalmente de suas mentalidades escravas. Eles foram reprovados porque, mesmo estando com Deus e sendo livres no corpo, estavam presos na alma e sentiam-se tentados a retornar para a lama da qual foram libertos (Números 11:4-6; 14:4).

“E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor, teu Deus, te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não” (Deuteronômio 8:2). O deserto simboliza lugar de escassez e de provação. Independente do lugar onde estamos, o mais importante é estar no centro da vontade de Deus. Precisamos entender sempre que o Senhor quer nos treinar e capacitar para um propósito especial. Precisamos observar atentamente o discurso proclamado pelos israelitas na hora da provação. Temos que estar cientes de que eles não tinham motivos para acusarem a Deus de tê-los levado ao deserto para mata-los, sendo que, na realidade, foram eles que passaram dos limites. Não obstante, podemos também agir ignorantemente quando não temos um perfeito relacionamento com Deus.

Deus sempre soube o que estava acontecendo no coração daquele povo (Deuteronômio 8:2). Ele sempre conhece a nossa motivação. Não adianta pregar um discurso e praticar outro. Deus não resgatou aquele povo do cativeiro para coloca-los em outro. Ele tinha a intenção de trazer à tona tudo o que estava em seus corações e mostrar-lhes como se portavam diante dEle. Ele faz isso ainda hoje. Para toda a secura de nossas vidas existe um propósito. Aquela geração foi reprovada porque apenas caminhou com Deus, mas nunca realmente se filiou a Ele (Salmo 106:13-15).

Deus não realizou tantas maravilhas e libertou Seu povo para fazê-los andar errantes, confusos, sedentos, doentes e morrer no deserto. Seus corações nunca se uniram ao de Deus. Eles continuaram indisciplinados. Foram incrédulos, mesmo presenciando prodígios. Toda a provação consistia em saber se amavam mais a Ele do que tudo que deixaram para trás; se O desejavam mais do que todas as coisas do mundo; se teriam fome e sede de sua presença e não dos prazeres e conforto do mundo!

Durante quarenta anos o cardápio foi maná (Deuteronômio 8:3). Mas nos é dito que nem eles, nem seus pais conheceram o significado daquilo que comiam. O maná vinha direto da mesa de Deus. É chamado de “o pão dos poderosos” (Salmo 78:25). Deus tirou algo de Sua mesa para purifica-los, mesmo assim, por não entender a grandeza do suprimento divino, eles o chamaram de “pão vil” (Números 21:5). Essa geração nos ensina que podemos estar provando de algo divino e não dar valor algum por não saber discernir o que vem da mesa do Senhor. Existem alimentos espirituais que desejamos não ingerir, que, embora pareçam aos nossos olhos como “vis”, na verdade são fontes purificadoras, criadas por Deus para extirpar as sequelas deixadas pela escravidão.

A tradição judaica ensina que o maná tinha sabores diferenciados. Ele era doce como o mel. O maná tipifica a revelação diária com gostos diferenciados. Eles usavam o maná para fazer bolos e outros alimentos. Todas as manhãs havia uma nova remessa. Isso indica que o novo de Deus acontece todos os dias.


Comedores de Maná
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Durante quarenta anos, quando sua nação amada esteve mais exposta a toda sorte de perigo e privação, foi a intervenção divina que providenciou abrigo, alimentação e vestimenta. Muitos são os milagres registrados no Pentateuco, dos quais podemos destacar a presença visível da glória de Deus, os sinais portentosos manifestado contra os inimigos de Israel, a abertura do mar vermelho, roupas e sapatos que não envelheciam; a nuvem que proporcionava sombra e frescor durante o dia e se incendiava a noite para produzir luz e calor, água saindo de rocha e banquete de carne em pleno deserto. Mas, nenhum milagre descrito nas escrituras representa melhor o cuidado de Deus com seu povo, do que o envio diário do maná. Um dos jargões populares mais utilizados é sem dúvida o famoso “exceto a chuva, nada cai do céu”. É preciso trabalhar, pois “dinheiro não cai do céu”. É preciso plantar, pois “comida não cai do céu”. Israel, no deserto, não precisava se preocupar com trabalho ou com plantios, afinal, não havia necessidades de compras cotidianas e nem idas ao mercado. A “despesa” era entrega em domicilio toda manhã. O pão chovia do céu.  A palavra “maná”, vem do em hebraico "man hû", pode ser entendida com exclamação de surpresa, semelhante ao “o que é isto?”, pergunta repetida a exaustão na primeira vez que o alimento celestial foi servido.  

Segundo relatado na história israelita, o Maná parecia uma pequena semente redonda, flocosa e branca, que cobria a terra como uma geada. Caía do céu à noite, entremeada com duas camadas de orvalho, e segundo a tradição judaica, ao paladar, ela se assemelhava ao sabor do alimento favorito de quem a provava, embora sejam muito comuns relatos de que seu gosto lembrasse bolachas de mel ou bolo doce de azeite. Na culinária, o Maná tinha diversas aplicações, podendo ser moído, cozido ou assado, dependendo de como seria empregado na “receita”. Também podia ser consumido em natura.  Uma das características mais impressionantes do Maná, é que ele provia a quantia das necessidades nutricionais da pessoa com tanta precisão, que depois do consumo, o corpo não precisava gerar resíduos, o que contribuía em muito para a o bem-estar sanitário daquela gente. O Maná também era dado em provisão diária, e não era permitido a estocagem do mesmo, pois quando guardado, se deteriorava em menos de 24 horas (exceção feita na passagem da sexta para o sábado). Assim, ninguém se alimentava de “pão amanhecido”, e a cada dia, uma nova provisão era derramada sobre o arraial, provando o cuidado diário de Deus com o seu povo.

Infelizmente, alguns israelitas ficaram um tanto enjoados com o chamado "pão do céu", chegando ao cumulo de o renomear com a alcunha “pão vil”. Mais uma vez o cuidado do Senhor era desdenhado com ingratidão. O deserto é um lugar inóspito, que não se preocupa em cuidar bem dos seus convidados. O deserto não dá, ele apenas retira. Mesmo assim, é vergonhoso saber que muitas vezes, somos exatamente como esta parcela ingrata dos israelitas. Nos acostumamos a provisão de Deus, e na ambição de queremos mais, nos esquecemos que tudo o que temos é o deserto. Sem o cuidado diário de Deus, fatalmente estaríamos entregues ao desespero. Não haveria o que comer, beber ou vestir. Deixamos se ser gratos pelos que temos, e nos tornamos agiotas do que não temos, cobrando de Deus as nossas próprias dividas. Neste mundo materialista, onde o evangelho tem ganhado contornos de mercado financeiro, é fácil nos esquecermos que o maná é uma benção diária que nos mantem vivos num território de morte. O maná é sinônimo de vida. E não para por aí.

Segundo o rabino Yank Tauber, a provisão diária de Maná, deu ao povo tempo livre para se dedicar a outro tipo de alimentação: A Lei de Deus - “Logo depois que o Maná começou a cair, recebemos a Torá no Monte Sinai. Durante as quatro décadas seguintes atravessamos o deserto, comendo o maná e estudando Torá. Isso é basicamente tudo que fizemos (quando não havia problemas). O Midrash vê uma conexão direta entre nossa dieta e nossa ocupação, declarando que "a Torá podia ser dada somente a comedores de maná". Partindo deste princípio, podemos dizer que espiritualmente também somos “comedores de maná”, usufruindo da provisão diária do Senhor, o que nos permite empregar tempo e esforços no Reino de Deus. Uma vida dedicada ao Senhor.


Aprendendo com os 
erros do passado

Por causa de sua incredulidade, uma geração inteira foi condenada a andar errante durante quarenta anos no deserto. Eles se tornaram exemplos e seus filhos deveriam aprender a desviar-se desse legado. A ausência da fé desagrada a Deus (Hebreus 11:6). Esse foi o ápice da reprovação da geração que deixou o Egito em busca da sonhada terra de Canaã. Eles viram a novidade da terra e a grandeza de Deus, mas, infelizmente, acharam que os gigantes eram maiores que o seu Deus, se inferiorizando diante da situação (Números 13:33). Por causa da péssima influência de seus irmãos (Números 13:30-31) Josué e Calebe, mesmo tendo a fé exigida por Deus para possuir a terra, foram sentenciados a andar errantes pelo deserto. Moisés alerta a nova geração e afirma que a vida não se resume no que vemos, mas do que ouvimos da boca de Deus (Deuteronômio 8:3b).

O livro de Deuteronômio é conhecido como “Segunda Lei”. Deuteronômio enfatiza a obediência em consequência do amor. Também apresenta o caminho da bênção e da maldição Moisés, o autor do livro, com todo o zelo de que era capaz, conclama os filhos de Israel para que confiem no Senhor de todo o coração, e para que façam de Sua Lei o impulso contínuo de sua vida. 

O ciclo vivido pela geração passada findou e agora seus filhos iniciaram um novo. Moisés lista uma série de acontecimentos que marcaram a geração passada e entre eles está a provisão no deserto (Deuteronômio 8:4). Nunca faltou pão, a roupa nunca envelheceu. Deus sempre nos dará o que necessitamos, não o que desejamos. O deserto é uma escola livre de ostentações, onde a dependência é a lição principal. No deserto, Deus faz milagres, necessários. Para chegar à Terra Prometida, é preciso atravessar o deserto.

O deserto é apenas um lugar de passagem. As provações divinas não trazem consigo morte, mas vida. É importante observar tudo o que acontece ao nosso redor e com sabedoria se esquivar de tudo o que pode nos afastar da promessa divina. O melhor lugar para se estar é na presença de Deus. Por estar na presença do Senhor, o povo não tinha motivos para reclamar porque estavam em melhores condições que antes. Se nada lhes faltou, então porque eram infelizes ao lado de Deus? Na verdade, lhes faltou apenas comprometimento e sentimento de gratidão.

O sinal de alerta para a geração que herdaria a terra da promessa foi acionado. A terra era a mesma, mas os herdeiros eram outros. A lição era tomar o fracasso como exemplo e seguir pelas coordenadas divinas (Deuteronômio 8:3). Eles deveriam olhar para trás, não com tristeza ou saudosismo, mas observando como seus amigos, irmãos e parentes foram abatidos em quarenta anos. O alerta era mudar de mentalidade, para não sofrer a mesma sentença. Eles deveriam refletir e entender que lhes estava sendo dada a oportunidade que seus pais desperdiçaram. Deveriam lembrar que seus pais não morreram escravos do Egito, mas de si mesmos, quando ainda eram livres (Êxodo 14:11-12).

Deus tem controle sobre tudo o que acontece no universo. O livro de Deuteronômio foi escrito para que os filhos de Israel tivessem consciência do que acontece caso não seguissem a Deus de todo o coração. A recordação dos atos de libertação e de juízo realizados por Deus forneceria a motivação para o futuro. A recordação das dificuldades enfrentadas no deserto produziria um espírito de humildade em Israel. Durante os quarenta anos de peregrinação. Deus ensinou ao povo de Israel a absoluta dependência dEle para o seu suprimento de água e comida. Fome e sede não poderiam jamais ter sido satisfeitas por auxílio humano, somente por Deus. “E te lembrarás de todo o caminho pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te humilhar, e te tentar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os seus mandamentos ou não” (Deuteronômio 8:2).

Conclusão

Não podemos jamais nos esquecer de quem é Deus e de como Ele age em nossas vidas. Não podemos viver repetindo os mesmos erros, nem tampouco viver desperdiçando as maravilhosas oportunidades que o Senhor Deus nos dá.





Em sua infinita bondade e misericórdia, Deus criou um plano de salvação para a humanidade e cada geração desempenha seu papel para que este plano se torne conhecido em seu tempo. Quando uma geração não cumpre o seu propósito, os prejuízos são incalculáveis. Devemos ser espelhos para as próximas gerações, isto é, através das nossas atitudes anunciar as grandezas do Senhor, mostrando a necessidade constante de termos um relacionamento íntimo e profundo com Deus. Para uma maior compreensão desta verdade, participe neste domingo, 22 de janeiro de 2017, da Escola Bíblica Dominical.


Nenhum comentário:

Postar um comentário