quinta-feira, 19 de março de 2015

EBD - Fidelidade em tempos de crise


Texto Áureo
Se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.
Provérbios 24:10

Verdade Aplicada
Inevitavelmente, todo ser humano poderá ser visitado por manifestações súbitas, seja no plano físico, psicológico ou espiritual, que demandará dele uma fé além das palavras.

Textos de Referência
Jó 1.17-20

Falava este ainda quando veio outro e disse: Dividiram-se os caldeus em três bandos, deram sobre os camelos, os levaram e mataram aos servos a fio de espada; só eu escapei, para trazer-te a nova.
Também este falava ainda quando veio outro e disse: Estando teus filhos e tuas filhas comendo e bebendo vinho, em casa do irmão primogênito, eis que se levantou grande vento do lado do deserto e deu nos quatro cantos da casa, a qual caiu sobre eles, e morreram; só eu escapei, para trazer-te a nova. Então, Jó se levantou, rasgou o seu manto, rapou a cabeça e lançou-se em terra e adorou.


Jó – Exemplo de Fidelidade

Pouco sabemos sobre a vida do patriarca Jó. Ele morava em Uz, era casado, pai de dez filhos que gostavam de festas, tinha por estima seus amigos e seu rebanho era superior a 10.000 animais. Porém, a mais importante informação sobre Jó está inserida logo no primeiro verso de sua história: Ele era íntegro, justo, temia a Deus e se desviava do mal (Jó 1:1). O patriarca não frequentava uma igreja, e até onde sabemos, não tinha um mentor espiritual. Mesmo assim, ele decidiu ser fiel ao seu Deus e vivia sua vida cerceada de cuidados para que ela não fosse minada pelo pecado. E isso atraiu sobre Jó o olhar invejoso do próprio Satanás. O escritor americano Philip Yancey descreve o livro de Jó como uma grande peça de teatro, onde nós, espectadores conhecemos o enredo e as motivações de cada personagem, e exatamente por isso compreendemos cada reação as diversas ações desencadeadas. Mas Jó, personagem central desta peça, está completamente no escuro, sem saber o que acontece nos bastidores e portanto, não conseguindo compreender os muitos porquês” das páginas seguintes.

O ponto chave desta história é a fidelidade de Jó. Satanás, astuto e ardiloso, argumenta com Deus que é muito fácil ser fiel quando se vive em conforto e abastança, e insinua que a fidelidade de Jó se deve única e exclusivamente ao fato que Deus o cobria de bênçãos. Ali é estabelecido um embate épico, um duelo de escala cósmica, cujo epicentro é a vida de um simples mortal. O inimigo sugere que Deus tire de Jó tudo o que ele tem, e que depois seja reavaliado o nível de sua fidelidade. Deus aceita o desafio e Satanás é autorizado a retirar de Jó seus bens mais preciosos. Em poucas horas, seus bois, jumentos e camelos são roubados por saqueadores, seus funcionários mais leais são cruelmente assassinados por uma horda bárbara e suas ovelhas são dizimadas por uma saraivada. No mesmo dia, enquanto seus filhos almoçavam juntos na casa do mais velho, um furacão derrubou o edificio matando todos eles. Jó agora era um homem pobre, imerso em dor e sofrimento, com um pesar indescritível lacerando seu coração. Porém, mesmo na mais cruel adversidade, ele esbofeteia Satanás e se mantem fiel ao seu Senhor, não imputando a Deus falha alguma: Nu saí do ventre de minha mãe, e nu tornarei para lá. O Senhor deu, e o Senhor tirou; bendito seja o nome do Senhor (Jó 1:21).

Satanás não se deu por vencido e alegou que a fidelidade havia se mantido pois o mais precioso dos bens ainda estava intocável, e insinua que se a saúde de Jó for afetada, sua fé também será. Mais uma vez, Deus coloca sua própria honra nas mãos de Jó, e permite que o inimigo atinja o patriarca com força total, ferindo-o com úlceras purulentas da cabeça aos pés. Apodrecendo em vida, e sofrendo com a intolerância das pessoas mais próximas, Jó se depara com o inevitável questionamento: Pra que se manter fiel a um Deus que só lhe causa dor e sofrimento, sem que ao mesmo uma única ofensa justifique tamanho infortúnio? Porém, com a cabeça raspada e coberta de cinzas para externando toda sua dor, a atitude surpreendente tomado por Jó é se lançar sobre o pó e “ADORAR” ao Senhor. E o golpe final, que derruba por terra as perniciosas ambições de Satanás está registrado nas palavras de Jó 13:15 -  Ainda que ele me mate, nele esperarei; contudo, os meus caminhos defenderei diante dele.

A Palavra de Deus deixa claro que não há quem escape das perplexidades desta vida (João 16.33). Mesmo os mais abnegados e dedicados servos de Deus enfrentam crises e contratempos (Salmos 55:1-6). Nesta lição, Jó nos servirá como arquétipo de fidelidade. Aprenderemos pela sua experiência avassaladora que os justos, mesmo inseridos em situações de crise, devem manter-se fiéis ao Senhor (Jó 1.22 / Habacuque 3:17-18).
 

Fiel, ainda que os relacionamentos estejam afetados

A fé deve triunfar sobre todas as questões da vida. A existência humana é composta de relacionamentos interpessoais nos quais poderemos sofrer acusações ou mesmo indiferenças daqueles que fazem parte de nosso círculo mais íntimo. Nas situações mais críticas da vida, o que menos precisamos é de alguém que agrave nossa angústia. Nesses momentos, a família deve se tornar o nosso “chão”; mas nem sempre isso acontece, como foi o caso de Jó. Seu lar, o mundo de seus afagos, estava afetado. Mesmo em sua fidelidade, diante dos trágicos acontecimentos ele não encontrou na esposa a palavra que tanto precisava naquele período crítico de sua vida, mas, ainda assim, ele se manteve fiel (Jó 2:8-10; 19:14ª). Seu exemplo inspira a mantermos inarredáveis em nossa fidelidade a Deus. Mesmo quando não encontramos no seio de nossa família o tão esperado apoio. As Escrituras nos revelam que até mesmo Jesus, nossa maior inspiração, sofreu incompreensões de Seus familiares (Marcos 3:31-32).

Uma das lições que aprendemos, quando inseridos nas adversidades, é identificar quem são nossos verdadeiros amigos (Provérbios 17:17). John C. Collins afirmou que “na prosperidade, nossos amigos nos conhece; na adversidade, nós conhecemos nossos amigos.” Quando os amigos de Jó souberam de sua calamidade foram até ele, em tese para consolá-lo (Jó 2:11-13). A partir do capítulo 3, com uma teologia equivocada, os amigos de Jó começaram a acusá-lo dizendo que o seu sofrimento era reflexo de seus pecados. Jó foi acusado de mentiroso, hipócrita e culpado pela morte de seus filhos (Jó 16:10). Porém, mesmo diante das zombarias, dos desprezos e das acusações, Jó se manteve íntegro.

De respeitado e honrado a desprezado e zombado pela sociedade (Jó 17:2). Essa era a situação de Jó quando inserido na crise aflitiva (Jó 29:7-11). Tamanha era a desolação, que Jó sentia-se como um animal de hábitos noturnos que vivia no deserto em solidão (Jó 30:29). A calamidade de Jó tornara-se assunto de alegria e brincadeira (Jó 17:6; 30:9 / Salmo 69:12). A perda da prosperidade acarretou a perda dessas homenagens. Aquele que foi lisonjeado em riqueza e sucesso foi cruelmente desprezado no momento da adversidade (Jó 30:1-10). Compreende-se que a vida social de Jó foi afetada quando tudo passou a dar errado no plano horizontal, isto é, entre os homens. Entretanto, mesmo desolado e em meio aos contratempos, no plano vertical ele se manteve fiel ao Senhor, Seu Deus. Uma constatação na vida cristã é que, em muitos casos, a fidelidade a Deus acarreta em intolerância das pessoas, mesmo aquelas mais íntimas (Mateus 10:35). Esse sofrimento não é uma exclusividade de Jó. Muitos, quando mais precisam de um consolo, enfrentam dedos em riste para acusa-los de infidelidade. Contudo, o que mais importa é a consciência tranquila diante de Deus. Assim como o caso de Jó, todo aquele que se encontra sob acusação e desprezo, encontrará em Deus a segurança suficiente (Jó 17:3).
 

Fiel, ainda que as perdas pareçam irreparáveis

A rapidez e imprevisibilidade de acontecimentos na vida de Jó somente evidenciam como as coisas dessa temporalidade são transitórias. O dia de festa transformou-se em dia de luto. Precisamos saber como enfrentar: Por mais dolorosa que seja, a morte é uma realidade e, paradoxalmente, é diante da perda que nosso coração tende a ficar melhor (Eclesiastes 7:1-3). Todos nós teremos que conviver com essa certeza até que Jesus a descontinue, pois na eternidade com Cristo não haverá mais cortejos fúnebres nem separações (Apocalipse 2:4). Vale a pena nos manter fiéis a Deus, ainda que com os olhos lacrimejando pelas perdas irreparáveis, pois o nosso choro não pode ser o fim da fé, nem o fim da esperança (I Tessalonicenses 4:13). O próprio Jesus diante da momentânea perda de Lázaro, embora soubesse que iria ressuscitá-lo, não se conteve e chorou (João 11:35-44). Jó não foi o único que enfrentou a perda das pessoas que amava. Muitos neste momento poderão estar com os corações dilacerados pela lacuna deixada por alguém que se foi, mas, assim como Jó, devemos sempre nos manter fiéis, pois aquele que deu a vida tem o direito de reavê-la (I Samuel 2:6).

Ao enfrentar a realidade da perda de seus bens, Jó se apegou às realidades espirituais e, portanto, não titubeou em sua fé (Jó 13:15). Sua fidelidade não repousava sobre o que Deus faz neste ou naquele momento, mas repousava sobre o que Ele é em todos os momentos. Assim, a efemeridade das propriedades terrenas, bem como a durabilidade das realidades espirituais ficam demonstradas no perpassar do livro. Somente um coração centrado em Deus e em Seus princípios, como era o de Jó, poderá suplantar todos os sentimentos de incredulidade em tempos inesperadamente desfavoráveis (Jó 2:21 / Habacuque 3:17-19).

Não há com o negar que, devido ao pecado, a humanidade está sujeita a todo tipo de males (Gêneses 3:16-19). Ninguém está livre de ser acometido pelas doenças e enfermidades (Romanos 3:23). Todavia, é nessas situações que a verdadeira natureza da fé é aferida (Jó 2:4-6). Como se não bastasse o estado psicológico fragilizado em que estava, Jó agora viu seu estado físico sendo atingido violentamente e sua saúde se esvaindo (Jó 2:7- 8). É no contexto das angústias que se revelará a força ou fraqueza do cristão, se é fiel ou infiel (Provérbios 24:10). Jó, a despeito de sua dor e sofrimento, sabia que Deus continuava lhe assistindo e defendendo (Jó 16:19). Mesmo nos momentos de maior intensidade de sua dor, Jó permaneceu fiel (Jó 2:10). O livro de Jó nos ensina que o diagnóstico, por mais irrefutável que pareça, não pode contraditar o amor e assistência divina (Salmo 46:1).

Paulo asseverou que se nossa esperança for tão somente para esta vida, somos os mais miseráveis dos homens (I Coríntios 15:19). É consolador saber que se tudo nesta vida falhar, as promessas de Deus não falharão (Jó 19:25 / II Coríntios 1:21). Nada poderá nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus (Romanos 8:35-39). Portanto, quando acometidos por alguma enfermidade, encontramos em Jó a inspiração para permanecermos inarredáveis em nossa fidelidade a Deus, sabedores que a recompensa virá (Jó 42:10-12).

 
Fiel, mesmo em tempos de tribulação

Em Romanos 12:9-21, o apóstolo Paulo lista uma série de virtudes que devem ser priorizadas na vida de todo cristão, tais como generosidade, hospitalidade, perseverança na oração, zelo não remisso, amor fraternal sem hipocrisia, apego ao bem, aborrecimento ao mal e fervor de espírito. Porém, duas das qualidades listadas neste texto exigem de nós um árduo exercício de devoção, fé e fidelidade: Alegre Esperança e Paciência na Tribulação (Romanos 12:12). Embora aqui tenhamos dois conceitos distintos, ambos estão completamente interligados. A WEB define “ESPERANÇA” como sendo uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal, sendo requerida uma certa perseverança para se acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. Para o cristão, a esperança deve estar focalizada em Cristo e embasada em fé. Paulo apresenta em Romanos 5:1-4 um mapa do que podemos chamar de “CAMINHO DA ESPERANÇA”: - “Agora que fomos aceitos por Deus pela nossa fé nele, temos paz com ele por meio do nosso Senhor Jesus Cristo. Foi Cristo quem nos deu, por meio da nossa fé, esta vida na graça de Deus. E agora continuamos firmes nessa graça e nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e essa aprovação cria a esperança. Essa esperança não nos deixa decepcionados, pois Deus derramou o seu amor no nosso coração, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu”.

Para que o Cristão tenha uma esperança viva e a prova de decepções, a mesma deve ser cultivada em um coração cheio de amor e aprovado por Deus. Essa aprovação se dá mediante a paciência que demostramos em meio aos sofrimentos. Em seu texto“O Casulo”, nosso Pr. Wilson Gomes faz uma analogia entre o processo metamórfico da lagarta para borboleta e do crescimento espiritual que pode ser obtido das mais traumáticas experiências, e conclui: A dor é uma professora excelente, o sofrimento é disciplinador e as intempéries da vida são a academia da alma. No casulo, nos fortalecemos para enfrentar o mundo, e o conhecimento adquirido nesta escola é eterno e imutável.

No livro de Eclesiastes, o sábio rei Salomão esta revisitando seus antigos provérbios  e elabora alguns conceitos bem interessantes sobre as adversidades da vida. Um dos mais peculiares é sua preferência por “velórios” a “festas”, pois o luto favorece a introspecção e o autoconhecimento, enquanto as celebrações podem nos dar uma utópica versão da realidade (Eclesiastes 7:2). Em outras palavras, boas experiências podem ser retiradas das piores situações. Paulo vai muito além e ensina que nosso sofrimento deve nos trazer alegria. Fechar este ciclo, e passar pelas tribulações com um sorriso nos lábios e esperança latente no coração e a prova cabal de nossa fé, que retumba vigorosa em meio aos cenários mais adversos, nos dando a certeza absoluta que Deus tem total controle de nossas vidas e navega ao nosso lado contra as correntezas do mais arredio mar.

 
Fiel, mesmo ante as instabilidades da vida

Nem sempre é fácil compreender o agir de Deus, mas o discernimento da Sua Palavra e a convicção de que Deus sempre quer o melhor para nós nos manterão estáveis frente às vicissitudes da vida. Embora a palavra “fé” não apareça no livro de Jó, ela transparece na vida e no comportamento dele ante a crise que se instalara em sua vida (Hebreus 11:1). Suas convicções sobre Deus e Sua bondade não foram estremecidas (Jó 19:23). Jó nos ensina que, onde a sabedoria de Deus se manifesta como incógnita, o único caminho a ser seguido é o da fé (Hebreus 11:6). Assim, aprendemos que a teologia de um homem influenciará em sua vida, pois as convicções espirituais são as raízes de todas as outras. O que quer que um homem pense sobre Deus e sobre sua fé moldará o seu caráter e delineará o seu destino. Apesar dos pesares, a fé de Jó ancorava em Deus (Jó 13:14-16).

Entende-se pelas Escrituras que o sofrimento tenha como causa primária o pecado, todavia, nem todo sofrimento tem como causa imediata o pecado (Gêneses 3:15-19/ João 9.1-3). A teologia da causa e efeito transfere a fixidez do mundo físico para o mundo espiritual. Para muitos, o sofrimento é reflexo da ausência de Deus na vida e, consequentemente, pecado oculto. Essa era a mentalidade teológica de Elifaz, Bildade, Zofar e de Eliú (Jó 4:7-8; 22:5). A fé de Jó não foi abalada porque ele sabia que tragédias podem acometer também a quem conhece a Deus. Jó não atribui ao Diabo a causa de suas aflições, como muitos costumam fazer. A certeza da soberania divina deu-lhe serenidade para adorá-Lo no dia da perplexidade (Jó 1:20 / Habacuque 3:17-18). Ele tinha a consciência que a vontade divina, que é soberana, determina a nossa vinda e nossa ida neste curto período de vida (Jó 1:21 / Eclesiastes 3:2). Não são poucos os que inseridos na adversidade têm dificuldade de conciliar a bondade com a onipotência de Deus. Indagam: “Se Deus é bom e pode todas as coisas, porque estou sofrendo?” C.S. Lewis, em seu livro “O problema do sofrimento”, nos fala como é difícil, ou até mesmo impossível, saber com certeza o que é bom ou mau nesta vida (Isaías 55:8-9).

Jó, José, Davi, Daniel, Paulo, os heróis anônimos de Hebreus e muitos outros, apesar de serem fiéis ao Senhor, foram visitados pelo inesperado e não foram poupados dos sofrimentos. Eram ungidos de Deus, mas também foram afligidos de Deus (Salmo 119:67 / Daniel 6:16 / II Coríntios 11:23-27 / Hebreus 11:35-39). Assim, percebe-se que a experiência humana nos deixa registros de fatos que a princípio causaram sofrimento, mas que sucederam-se bem (Gêneses 50:20); e de fatos que primeiramente causaram comodidade, mas que por fim produziram males. “Portanto, viver assim demandará de nós discernimento, fidelidade e confiança na soberania divina. Habacuque, quando em crise, disse: “[...] o justo viverá pela sua fidelidade” (Habacuque 2:4 NVI).
 

Fidelidade - Uma fonte de Inspiração

A maioria de nós sabe recitar de cór e salteado o famoso Salmo 23. Quando Davi escreveu os versos de seu mais conhecido poema, ele não estava observando o pôr do sol sobre a relva de Belém ou apreciando a vista do Monte Hermom no conforto de seu palácio. Muito pelo contrário... Foram as frias, úmidas e viscosas paredes de uma caverna em Adulão que testemunharam o nascimento de um hino épico: - “O Senhor é meu pastor, e nada me faltará. Ele me faz deitar em pastos verdes, me guia para águas tranquilas e refrigera a minha alma”. Davi tinha todos os motivos para estar imerso em aflição. Sua vida estava um caos. Saul o havia declarado como inimigo público e agora ele era um foragido de sua própria terra. O poderoso exército de Israel estava em seu encalço e sua segurança era feita por poucos homens, destreinados e desarmados. Davi perdera seu lar, sua esposa e há muito tempo não via seus familiares e amigos. Havia fome, frio, sede, exílio e muito perigo, mesmo assim, ele adentra aquele escura e fétida caverna e ali declara sua confiança em Deus, imortalizada nas notas de uma canção: - "Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, pois o Senhor está comigo, a sua vara e o seu cajado me consola”.

O hino 126 da Harpa Cristã – “Bem Aventurança do Crente” – diz em uma de suas estrofes que “os mais belos hinos e poesias foram escritos em tribulação, e dos céus as linda melodias, se ouviam na escuridão”. E exemplos desta verdade não faltam. Enquanto o TITANIC afundava, alguns músicos que compunham sua orquestra, mesmo a poucos minutos da morte, tocavam emocionados o louvor “Mais perto quero estar”. Quando Horátio Gates Spafford soube que suas filhas não sobreviveram ao naufrágio do navio S.S. Ville du Havre, ele se assentou no piano e compôs a música “It is well with my soul” (Tudo está bem com minha alma / Sou Feliz). Enquanto velava sua filha adolescente  Gunvor,  Frida Vingren, uma missionária sueca em terras brasileiras, escreveu a canção “Flor Gloriosa”.  Durante a maior crise de seu ministério, Paulo Leivas Macalão se inspirou para escrever “O Canto do Pescador”.  Enquanto aguardava seu julgamento por um clero tendencioso, Martin Lutero compôs o hino da Reforma Protestante: Castelo Forte. Estes são, sem dúvidas,  verdadeiros adoradores, que se mantiveram fieis mesmo em tempos de crise, que da fraqueza tiraram força (hebreus 11:11). Homens e mulheres que foram capazes de tirar música do luto e louvor da aflição, transformando o motivo de sua dor, na fonte inspiradora de sua adoração. Portanto, quando Deus te levar para Adulão, se o luto bater a sua porta, ou se não houveram estrelas no céu e nem uvas na vide,  não questione e nem murmure. Componha a música de sua vida!
 
A simultaneidade de acontecimentos trágicos que sobreveio na vida de Jó não o tornou uma pessoa amarga. Ele foi vítima das incompreensões, sofreu grandes prejuízos e ainda assim não perdeu a amabilidade com o próximo e mostrou-se fiel a Deus (Jó 42.10; 1.22). Todo aquele desencadear de aflições que sucedeu em sua vida serviu-lhe de prova e aperfeiçoamento. Jó saiu da crise mais fortalecido, mais lúcido sobre Deus e sobre si mesmo (Jó 42.5, 6). Mesmo fora das fronteiras da compreensão e do amor fraternal dos parentes, amigos e conhecidos, Jó sabia com quem podia contar: Deus.


 
Para conhecer os princípios e passos para uma jornada cristã íntegra e frutífera através da FIDELIDADE, venha participar neste domingo, (22/03/2015),  da Escola Bíblica Dominical.

Material Base:
Revista Jovens e Adultos nº 94  - Editora Betel
Fidelidade - Lição 12
Comentarista: Pr. Wilmar Leite de Amorin
 
Comentários Adicionais (em vermelho) 
Pb. Miquéias Daniel Gomes

 

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