Hoje, 08 de Março é o Dia Internacional da Mulher,
data que remete a uma mobilização feminina realizada em 1857, por operarias de
uma fábrica têxtil em Nova Iorque que lutavam por igualdade de salário com os
homens. As protestantes foram vitimadas por um terrível incêndio que matou 130
delas, gerando grande comoção popular.
Protestar por uma causa digna é de fato um feito louvável.
Um dos mais importantes eventos da história do
cristianismo é sem dúvidas a Reforma Protestante, ocorrida em meados do século
XV, quando dissidentes do catolicismo questionaram dogmas e ensinamentos do
clero, provocando uma mudança radical na forma de se entender e viver o
evangelho. Mas enquanto a história registra a contribuição de Martim Lutero, João
Calvino, João Knox, Ulrico Zwinglio,
Felipe Melanchton e outros heróis da fé e patriarcas do protestantismo, poucos
são capaz de mencionar a participação de mulheres neste movimento. Tentando
corrigir esta injustiça histórica, no ano de 2011, a ALC (Agência Latina e
Caribenha de Comunicação), listou o nome de algumas das mais importantes
figuras femininas, que apesar do predomínio masculino, influenciaram
efetivamente esta revolução espiritual que mudou o mundo para sempre.
Catarina
von Bora
Catarina von Bora, é, talvez, a reformadora mais
reconhecida, pois conseguiu extrapolar o papel de "esposa de Martin Lutero".
Ela foi monja antes de se casar com Lutero e conhecia os segredos da medicina
caseira. Ela era uma ótima administradora dos bens familiares, sabia ler e
escrever, o que era uma exceção para a condição de mulheres da época.
Catarina
Schutz Zell
Em Estrasburgo viveu Catarina Schutz Zell. Casada
com um sacerdote que foi excomungado. Ela escreveu ao bispo local defendendo o
casamento de clérigos. Era uma mulher culta, leitora de Lutero, que escrevia
muito, e em suas cartas incentivava as mulheres dos fugitivos (defensores da
Reforma) a permanecerem firmes na fé. Escreveu comentários sobre os Salmos 51 e
130, sobre a oração dominical e o Credo. Acolheu flagelados, pessoas
perseguidas, visitou doentes, realizou pregações, inclusive na morte do marido.
Claudine
Levet
Em Genebra, Claudine Levet assumiu, em diversas
ocasiões, o papel de pastora e pregadora, quando os homens faltavam em congregações.
Ela aplicou suas posses em favor dos pobres.
Marie
Dentière
Marie Dentière também atuou em Genebra, como
pregadora e escritora. Chegou a remeter carta à rainha Margarida de Navarra,
pedindo que ela intercedesse junto ao irmão, o rei da França, para eliminar a
divisão entre homens e mulheres. - "Embora
não seja permitido a nós (mulheres) pregar em assembleias públicas e nas
igrejas, não obstante não nos é proibido escrever e admoestar uma a outra com
todo o amor".
Rachel
Specht
A calvinista inglesa Rachel Specht, recorreu, em
1621, à parábola dos talentos para defender o direito das mulheres: - Se Deus concedeu corpo, alma e espírito às
mulheres, por que Ele daria todos esses talentos, se não para serem usados?
- E então argumentou: - Não usá-los seria
uma irresponsabilidade.
Margarida
de Navarra
Margarida de Valois, foi Duquesa de Alençon e Berry
em 1517, de Armagnac, condessa de Rodez, de Fézensac, de L'Isle-Joudain, de
Pardiac, Viscondessa de Fézenzaguet e de Lomagne e de Brulhois e de Cressey e
d'Auvillars; Baronesa de Castelnau e de Caussade e de Montmiral; senhora de La
Flêche e Baugé. Foi ainda Rainha
de Navarra em 1527, condessa do Perche e de Porhët e Duquesa
de Berry. Irmã do rei da França Francisco I, Margarida de Navarra, defendeu politicamente os reformadores e divulgou suas doutrinas, como nos contos de sua obra L`Heptaméron,
publicada postumamente.
Ao longo dos anos vindouros, outras mulheres se
destacaram como pioneiras em diversos seguimentos do cristianismo, e sendo este
um blog assembleiano, não poderíamos deixar de citar Frida e seu pioneirismo no
ministério feminino das Assembleias de Deus no Brasil
Frida
Vingren
Frida Strandberg nasceu em junho de 1891, no norte da Suécia. Filha de crentes
luteranos, formou-se em Enfermagem chegando a ser chefe da enfermaria do
hospital onde trabalhava. Tornou-se membro da Igreja Filadélfia de Estocolmo,
onde foi batizada nas águas pelo pastor Lewi Pethrus, em 24 de janeiro de
1917.Neste mesmo ano recebeu o batismo com o Espírito Santo e o dom de
profecia, e se sentiu vocacionada para a obra missionária sendo enviada pelo
pastor Pethrus para o campo missionário brasileiro. Já em Belém do Pará, em 16
de outubro de 1917, casou-se Gunnar Vingren, outro jovem missionário sueco, e
juntos, passaram a pregar o evangelho por todo aquele estado, local onde quase
morreu de malária em 1920.
Depois
de muitos anos no Pará, a família Vingren migra para o Rio de Janeiro. Frida
então, desenvolveu grandes atividades evangelísticas, abrindo frentes de
trabalho em muitos lugares do Rio de Janeiro. As atividades de assistência
social, círculos de oração e grupos de visitas ficaram sob sua responsabilidade.
Também exercia a função de docência nas classes de Escola Dominical e
ministrava Estudos Bíblicos. Era responsável, pela leitura devocional nas
aberturas dos cultos, pela execução musical dos hinos, quando Gunnar Vingren se
ausentava da Igreja em visita ao campo missionário, Frida substituía-o pregando
e dirigindo os cultos e trabalhos oficiais. Também exercia a direção oficial
dos cultos realizados aos domingos na Casa de Detenção no Rio de Janeiro,
pregava e dirigia os cultos nos pontos de pregação, em praças públicas e áreas
abertas, dos cultos ao ar-livre promovidos no Largo da Lapa, na Praça da
Bandeira, na Praça Onze e na Estação Central, tendo Paulo Leivas Macalão como
seu auxiliar direto e exercendo sob seus ouvintes grande carisma.
Articulou-se
como escritora de diversas matérias nos jornais oficiais da AD, sendo
também comentarista das Lições Bíblicas de Escola Dominical Além de excelente
escritora, Frida sempre se dedicou à música. Cantava, tocava órgão, violão e
compunha hinos de grande valor espiritual, sendo 23 hinos da Harpa Cristã de
sua autoria. Frida foi também uma missionária fiel, perseverante e zelosa, que
além do cuidado pela família, soube participar e ajudar no trabalho do seu
esposo. Grande é a multidão de almas que ela ganhou para Jesus durante estes
anos de luta. Morreu na Suécia, em 30 de novembro de 1940, não sem antes
dedicar 15 anos de sua vida ao Brasil. Ela é o típico modelo de mulher pentecostal. Exerceu
com integridade o seu ministério pastoral, mesmo não sendo reconhecido pelos
líderes de seu tempo. Se hoje nossa igreja tem se valido do trabalho admirável
de mulheres abençoadas que se destacam como líderes, cooperadoras, diaconisas,
missionárias, preletoras, professoras e até pastoras, podemos sem medo afirmar
que Frida é a origem.
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