Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 100
- Editora Betel
Mateus - Lição 07
Comentarista: Bp. Manuel Ferreira
Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley
Pra. Márcia Gomes
Texto Áureo
Hebreus 12:11
E, na verdade, toda correção, ao
presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas, depois, produz um
fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela.
Verdade Aplicada
A prática dos exercícios espirituais
tem uma recompensa, desde que não sejam para sermos vistos pelos homens.
Textos de Referência
Mateus 6:2; 5; 6
Quando, pois,
deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas
nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos
digo que já receberam o seu galardão.
E, quando orares,
não sejas como os hipócritas, pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas e
às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que
já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando
orares, entra no teu aposento e, fechando a porta, ora a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará.
Vida Devocional
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Todo governo é norteado por uma
legislação própria, uma série de leis que detalha os direitos de seus cidadãos,
bem como os deveres que os mesmos devem cumprir junto ao estado e a sociedade.
Os céus também são assim. O Reino de Deus possui uma legislação intensa, a qual
todo cristão deve seguir piamente, pois só usufruirá dos “direitos adquiridos
na cruz” quem honrar em sua vida, os “deveres exigidos pelo Reino.” Mas o que
poderia ser um confuso imbróglio de normas impraticáveis, soa inconfundível no
resumo desta “constituição celestial”, feita pelo próprio Jesus: - Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu
coração, de toda a sua alma, de todo o seu entendimento e de todas as suas
forças’. O segundo é este: ‘Ame o seu próximo como a si mesmo’. Não existe
mandamento maior do que estes" (Marcos 12:30-31). Quem cumpre em sua
vida estes dois mandamentos, automaticamente, esta quite com a legislação do Reino
dos Céus (Galatas 5:14). Quem ama
verdadeiramente á Deus, vive sua vida por Deus e para Deus, de modo a honrá-lo,
adorá-lo e entronizá-lo em seu coração. Com isso, não deixa espaço para que
“coisas”, “pessoas” ou “desejos” roubem seu tempo, sua atenção ou o seus
pensamentos, que estarão sempre voltados para o céus. Quem ama a Deus sobre
todas as coisas está imune a idolatria intrínseca em nossos desejos e ambições,
e não deixa que o trono do Senhor em sua vida, seja usurpado por qualquer outra
força ou poder. Tal cristão, vive com a cabeça nos céus, mesmo que seus pés
caminhem sobre a terra.
Porém, este amor que flui entre o
homem e Deus, precisa também ser horizontalizado, abrangendo aquele que está a
nossa volta. Quem ama a Deus verdadeiramente, adquire a capacidade de amar ao
seu próximo como se fosse a ele mesmo. É importante ressaltar que o “próximo”
aqui contextualizado, não tem nome, rosto ou endereço, pois se refere a
“qualquer individuo com quem tenhamos qualquer tipo de contato”, seja físico,
visual, auditivo e até mesmo mental, pois quando pensamos em uma “alma” que se
perde, devemos amá-la com a mesma intensidade que Cristo nos amou. E se
desenvolvemos este amor, logo banimos de nossa vida todas as ações proibidas
pela lei de Deus. Quem ama verdadeiramente ao seu próximo, não mata, não
adultera, não rouba, não cobiça e nem calunia seu irmão. Logo, todo o decálogo
dado por Deus á Moisés no Sinai, como um código moral, civil e espiritual para
a nação de Israel, é cumprido na integra pela prática do amor (Êxodo 20:1-17).
O inglês Smith Wigglesworth foi um
dos maiores expoentes do pentecostalismo no século XIX. Com uma vida dedicada a
pregações fervorosas e ao exército dos dons de cura, Smith se tornou uma
referência de cristão comprometido com Deus e com o próximo. Certa vez, ele foi
questionado sobre o seu período devocional de orações, e sua surpreendente
resposta nos dá um vislumbre sobre o modelo de vida ensinado por Jesus: - "Eu nunca oro mais do que cinco
minutos, e eu nunca fico mais do que dez minutos sem orar". A vida devocional não se revela em
nossos momentos de orações e cultos, mas sim nos períodos em que estamos fora
do “contexto” religioso. É durante suas atividades seculares que o cristão se
revela um cidadão do Reino dos Céus, pois embora seus pés ainda estejam presos
na terra, sua cabeça já ultrapassou os limites das nuvens. Podemos concluir que
a vida devocional consiste no fato de nossas ações na terra, serão realizadas
com as motivações do céu, todo tempo e o tempo todo.
A
respeito do dar esmolas
As práticas
devocionais devem ser exercidas de modo a serem aceitas por Deus. Tanto faz que
seja esmola dada ao próximo, ou a atitude de orar a Deus ou de jejuar. A
validade destes exercícios está na maneira correta de fazê-los. Acerca do
exercício de dar esmolas, embora seja uma prática que se destina ao próximo,
ela deve ser endereçada a Deus. Qualquer pessoa que parte deste princípio
espiritual terá galardão junto ao Pai Celestial. Ao contrário do
que alguns pensam, quanto à recompensa vinda do Autor da vida, esta deve
ser estimulada, buscada e cultivada sempre (Filipenses 3:14). A prática de dar
esmolas é considerada a primeira prática da piedade judaica. Naqueles tempos
não havia aposentadoria ou plano assistencial às viúvas e pessoas com
deficiência física. Então, vários pedintes se encontravam nas ruas e na porta
do templo de Jerusalém em busca de esmolas para a sua sobrevivência. Para alguns
que tinham uma condição financeira melhor, era uma enorme tentação, através do
esmolar, “ser visto pelos homens”. Hoje, ainda que estejamos em tempos
diferentes, nós devemos aliviar a dor e a fome alheia como recomenda o Senhor.
Ainda que tenhamos em nossos dias muitos projetos de ação social, devemos
ajudar a quem precisa. As autoridades governamentais têm procurado desestimular
o dar esmolas, alegando que eles já cuidam desses necessitados. Isso não
deveria ser algo de fórum íntimo? Claro que sim. Mas se tais autoridades
assistenciais dizem cuidar, porque eles ainda pedem? Na sua maioria pedem
porque tais ajudas não os satisfazem. Devemos ajudar de modo discreto, visando
receber uma recompensa celestial. Tal atitude deve ser motivada por caridade
íntima, visando diminuir a dor alheia, de modo a agradar a Deus.
A piedade deve ser
praticada para Deus e não para nós. O “ser visto pelos homens” significa que
alguém que dá esmolas, ou ora a Deus ou jejua, pratica tais exercícios
espirituais visando glorificação humana. Se recebermos o louvor por aqui, então
já teremos recebido a recompensa e não a teremos no Reino dos Céus. O súdito do
reino tem uma conta bancária em que ajunta os seus tesouros de boas obras,
aliás, fomos criados em Cristo para as boas obras (Efésios 2:10). Toda vez que
as fazemos com a motivação correta e de modo discreto para Deus ver, o nosso
saldo aumenta (Lucas 12:21). Se desafia a praticar a piedade que para tudo é
proveitosa (I Timóteo 4:8). Porém devem saber que na condição de servos de Deus
a sua obra tem uma recompensa, caso operem de acordo com as regras de Cristo.
Quantos procuram aumentar a sua conta bancária e tesouros terrenos, mas são
miseráveis diante de Deus. Paulo recomenda que “enriqueçam em boas obras” (I
Timóteo 6:18). O enriquecimento para com Deus só será possível se vencermos a
tentação de não sermos vistos pelos homens.
Dar esmolas é um
dever sagrado. A certeza disso é que o Senhor Jesus regulamentou como fazê-lo.
Quando Ele disse: “Não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita”, para um
entendimento prático, façamos uma paráfrase: “Quando você der esmola com a mão
direita, não procure recebê-la tão depressa com a mão esquerda, dê a sua esmola
de modo sigiloso e teu Pai celestial te recompensará publicamente”. O contrário
disso é ser como hipócritas, ou seja, menos atores que com máscara de
religiosidade querem ser vistos por todos. Tais atores já receberam a sua
recompensa. Porém, ao fazer da maneira e com a motivação correta, tem uma
recompensa pública certa. Observe que o Senhor Jesus Cristo ensina por meio de
contrastes. Ele apresenta o modo incorreto e o correto de se dar esmolas. Por
exemplo, “ser vistos por eles [os homens]” – incorreto, “tua esmola seja dada
em secreto” – correto; “não saiba a tua mão esquerda” – modo
incorreto, “o que faz a direita” – modo correto.
As Intenções do Coração
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley
O capítulo 6 do evangelho segundo
Mateus é um dos mais importante e profundo texto do Novo Testamento. Nele estão
inseridas verdades absolutas de como viver e agradar a Deus nas atividades
devocionais de um verdadeiro cristão. E é com pesar na minha alma, que venho
através desse comentário, trazer luz a todos nós, sobre nossa triste realidade.
Fato é que, temos deixando de olhar para o que nos mostra as Santas Escrituras,
no que tange vivermos uma vida justa e santa diante de Deus. Enquanto escrevo
essas linhas, me pego pensando profundamente: como está minha vida devocional
para com Deus? O que tenho feito (ou acho que tenho feito), para quem, e por
meio de quem estou fazendo? Quais são minhas verdadeiras motivações? Com que
finalidade tenho realizado meus trabalhos em
prol do Reino? É pra Deus ou é para ser visto pelo homem? De quem espero
recompensa? de Deus ou dos homens? Apesar da minha frágil e débil sabedoria, me
atrevo a colocar meus pensamentos aqui, e desejo que Deus nos ilumine e nos
faça ver o quanto necessitamos de uma urgente mudança de direção.
Em primeiro lugar, Mateus 6:1 já nos mostra algo que nos fere o coração: Guardai - vos de exercer vossa justiça diante dos homens, afim de serem vistos, aplaudidos, recompensados, admirados por eles. Por que se for assim vocês não terão galardão junto de vosso Pai Celeste. O texto segue trazendo luz ao nosso entendimento sobre como praticar a piedade segundo o molde dos céus. Justas e poderosas palavras proferidas pela boca de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e que quebram ao meio toda e qualquer presunção de nosso enganoso coração (Jeremias 17:9). O nosso coração, muitas vezes, deturpa o auto-julgamento, nos levando a pensar que somos justos, honestos e santos, quando na verdade estamos em grande engano. Nossa justiça é como trapo de imundícia diante de um Deus Santo. Nada, absolutamente nada que venhamos fazer pela nossa justiça ou opinião é valida para com Deus.
De “ser dar uma esmola” até realizar “uma simples uma oração”, se não for pela motivação certa, pelo o mover do Espírito Santo e visando a glória Deus, tudo fica perdido e não teremos nenhum galardão nos céus. Infelizmente vivemos nesse tempo, onde as pessoas querem ser vistas, admiradas, aclamadas pelos homens, mais ao contrário disto, tudo que eu venha a fazer no Reino, deve ser para voltado para Deus. Não há motivos e nem razões para se pensar de forma diferente. Quem realmente nasceu do Espírito, deve ter em mente que tudo é pra glória de Deus. Vamos parar um pouco com nossas atividades usuais, fazer uma analise em nosso coração, e ver se estamos sendo motivados a agradar a Deus ou aos homens.
Em primeiro lugar, Mateus 6:1 já nos mostra algo que nos fere o coração: Guardai - vos de exercer vossa justiça diante dos homens, afim de serem vistos, aplaudidos, recompensados, admirados por eles. Por que se for assim vocês não terão galardão junto de vosso Pai Celeste. O texto segue trazendo luz ao nosso entendimento sobre como praticar a piedade segundo o molde dos céus. Justas e poderosas palavras proferidas pela boca de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, e que quebram ao meio toda e qualquer presunção de nosso enganoso coração (Jeremias 17:9). O nosso coração, muitas vezes, deturpa o auto-julgamento, nos levando a pensar que somos justos, honestos e santos, quando na verdade estamos em grande engano. Nossa justiça é como trapo de imundícia diante de um Deus Santo. Nada, absolutamente nada que venhamos fazer pela nossa justiça ou opinião é valida para com Deus.
De “ser dar uma esmola” até realizar “uma simples uma oração”, se não for pela motivação certa, pelo o mover do Espírito Santo e visando a glória Deus, tudo fica perdido e não teremos nenhum galardão nos céus. Infelizmente vivemos nesse tempo, onde as pessoas querem ser vistas, admiradas, aclamadas pelos homens, mais ao contrário disto, tudo que eu venha a fazer no Reino, deve ser para voltado para Deus. Não há motivos e nem razões para se pensar de forma diferente. Quem realmente nasceu do Espírito, deve ter em mente que tudo é pra glória de Deus. Vamos parar um pouco com nossas atividades usuais, fazer uma analise em nosso coração, e ver se estamos sendo motivados a agradar a Deus ou aos homens.
A
respeito da oração
A oração foi o
segundo exercício devocional digno de atenção dentro dos ensinos do Senhor
Jesus. Era necessário que a oração dos judeus fosse orientada em vários
detalhes para que ela fosse aceita por Deus. Caso contrário, ela ficaria sem
efeito, como um sacrifício no templo quando rejeitado por Deus. Acerca da
oração e jejum, assim como o esmolar, Jesus não permite que tais exercícios
espirituais sejam como representações teatrais. Ou seja, como fazem os
hipócritas. Se a motivação é persistente em ser reconhecido pelos homens, tal
oração não terá efeito junto a Deus, não promoverá transformações nos homens e
será destituída de galardão nos céus. Quando alguém faz a sua oração de modo a
ser notado, para que os outros saibam, este já recebeu seu galardão. Devemos
orar a Deus e para Deus, isto é, devemos evitar qualquer tipo de publicidade de
um momento que é nosso com Deus. Assim, devemos entrar no nosso aposento e ali
derramarmos nossas súplicas diante de Deus. É preciso estar consciente não só
quanto à prática da oração, mas também a sua motivação correta. Devemos orar
para Deus ver e receber como se fôssemos ofertas vivas e aprovadas no altar
divino. Caso contrário, todo o nosso exercício espiritual será vão, por não ser
feito à maneira de Deus.
A oração deve ser
uma expressão clara da alma para com Deus. Os pagãos presumiam que pelo
repetirem muito as preces e tagarelarem com palavras inúteis convenceriam a
divindade de que seriam ouvidos. Jesus estava familiarizado com esse tipo de
prática de muitos galileus pagãos e que os judeus dali passaram a imitar. E
eram essas rezas repetitivas e sem entendimento que Ele censurou. Por outro
lado, algo deve ficar bem claro: nada impede que se ore e se repita um mesmo
assunto. Lembremo-nos que o próprio Senhor Jesus lançou mão disso (Mateus 26:44
/ Lucas 6:12). As vãs repetições são
coisas daquele tempo e do nosso também. São murmúrios incompreensíveis e rezas
que tentam convencer a Deus do que se quer pelo cansaço. É claro que aqui
também está se falando da intencionalidade gentílica em alcançar suas vaidades,
seus mais variados desejos e cobiças através de preces assim.
A oração do “Pai
nosso” é esboço do conteúdo daquilo que devemos orar. Vejamos então como é orar
de modo eficaz. “Pai nosso, que estás nos céus” fala de comunhão nossa com o
Pai celestial. “Santificado seja o teu nome” mostra que devemos chegar à
presença de Deus com adoração. “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim
na terra como no céu” orienta a pedir a vontade de Deus para a nossa vida,
família, igreja e nação. “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje” é uma petição
pela alimentação. “Perdoa-nos as nossas dívidas, assim...” fala que devemos
pedir perdão a Deus, assim como perdoamos os nossos semelhantes. “E não nos
induzas a tentação, mas livra-nos...” é um pedido de proteção a Deus. “Porque
teu é o reino, e o poder, e a glória” é o término com adoração. A oração do Pai
nosso não se trata de uma reza que deva ser repetida certo número de vezes,
Porém, ela foi dada pelo Senhor Jesus Cristo como um roteiro que se ajusta
perfeitamente à adoração e petições de cada um.
Palavras no Silêncio
Comentário Adicional
Pra. Márcia Gomes
A Bíblia deixa muito claro, que Deus
não se deixa “influenciar” pelo homem. Ele é dono do ouro e da prata, Senhor de
tudo e todos, Criador do universo, Dominador de toda ciência, Detentor de todo
poder. Então, nossos feitos mais portentosos, embora não sejam desmerecidos
pelo Senhor, não são suficientes para impressioná-lo. Até, porque, Deus sabe “quem
somos” e “o que podemos fazer”. Deus conhece em detalhes nossa estrutura
molecular, escuta nossas palavras antes que sejam ditas, e registra nossas
ações antes de as executarmos. Não dá para enganá-lo com gestos de bondade e
cristianismo estereotipado. Deus sonda o nosso coração e conhece os nossos pensamentos
(Salmo 139). Diante dele, todas as nossas motivações estão nuas e patentes, e
nenhum segredo permanece escondido. Assim, não adianta montar um personagem que
empolgue os homens, pois Deus esta presente nos bastidores. Nossa vida publica
pode ser modelo para a sociedade, mas o Senhor nos conhece nos momentos de
total privacidade. Nossas orações podem ser verborrágicas e deixar boquiabertos
todos que a escutam, mas para Deus, as palavras que valem são as ditas no silêncio.
No famoso “Sermão da Montanha” Jesus instruiu os seus seguidores sobre a importância da oração feita a portas fechadas: - Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente (Mateus 6:6 – King James). É obvio que neste texto, Jesus não estava restringindo nosso período devocional de oração a um cômodo especifico de nossa casa, mas sim ressaltando a “postura” com a qual devemos nos portar no momento de nossas preces. Quando estamos sozinhos, com as portas fechadas e sem ninguém para julgar nossas ações, relevamos nossa verdadeira identidade. É ali que tiramos nossa máscara, desmontamos o figurino social, rompemos a casca que nos protege dos olhares alheios e podemos finalmente descortinar nosso coração e revelar os sentimentos ocultos e escusos que trancafiamos no porão de nossa alma.
No famoso “Sermão da Montanha” Jesus instruiu os seus seguidores sobre a importância da oração feita a portas fechadas: - Tu, porém, quando orares, vai para teu quarto e, após ter fechado a porta, orarás a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará plenamente (Mateus 6:6 – King James). É obvio que neste texto, Jesus não estava restringindo nosso período devocional de oração a um cômodo especifico de nossa casa, mas sim ressaltando a “postura” com a qual devemos nos portar no momento de nossas preces. Quando estamos sozinhos, com as portas fechadas e sem ninguém para julgar nossas ações, relevamos nossa verdadeira identidade. É ali que tiramos nossa máscara, desmontamos o figurino social, rompemos a casca que nos protege dos olhares alheios e podemos finalmente descortinar nosso coração e revelar os sentimentos ocultos e escusos que trancafiamos no porão de nossa alma.
No oculto não há segredos, e é
exatamente assim que devemos nos apresentar diante de Deus com a cara limpa e
desarmados de qualquer hipocrisia. Deus conhece nosso íntimo, e deseja
que ele seja exteriorizado em nossa face, e o melhor lugar para que isto
aconteça é nos recôncavos da solidão. Fechar a porta, mais do que uma ação em
busca de sigilo e privacidade, é a atitude de ignorar o mundo, remover as
artificialidades que sustentamos e revelar-se a Deus sem reservas. Este é o
cenário propício para Deus nos moldar segundo sua própria imagem.
A
respeito do perdão e do jejum
Ainda ligado à
oração, temos duas práticas imprescindíveis: o perdão e o jejum. Ambos são
exercícios espirituais, que, quando praticados com discernimento, ajudam o
crente a alcançar grandes experiências na vida cristã. O pecado separa o homem
de Deus. Mesmo que este homem seja servo de Deus, ele precisará do perdão do
seu próximo. Porém é necessário que este homem se arrependa e peça perdão a
Deus para estar com Ele reconciliado. Como servos de Cristo só alcançaremos o
perdão divino caso perdoemos do íntimo o nosso ofensor (Mateus 18:35). Não
temos permissão para caminharmos magoados com o nosso próximo. Mesmo que ele
não peça a nós perdão, nós devemos perdoá-lo. Frise em sua vida a importância de
liberar o perdão para que se seja perdoado. Ainda que a ofensa seja considerada
dolorosa, o ofendido deve oferecer o perdão, assim como Jesus Cristo fez na
cruz do Calvário aos seus algozes. Não devemos esperar receber o perdão, quando
oramos, se o fizermos sem malícia ou rancor no coração, para com os outros.
Orar com tal atitude mental é mero formalismo e hipocrisia. É ainda pior do que
hipocrisia. É como dizer: “Não me perdoe”. Nossa oração nada vale sem amor. Não
devemos esperar ser perdoados, se nós não conseguirmos perdoar.
Evitar a aparência
de que jejua. O jejum deve ser um exercício espiritual direcionado a Deus, mas
secreto em relação aos homens. Logo, deixar de lavar o rosto, deixar o cabelo
desalinhado e mostrar o semblante abatido e triste é algo próprio dos
hipócritas. Ou seja, daqueles que se apresentam com máscaras, mostrando uma
coisa que de verdade não são. Aqueles atores buscam palmas, o serem vistos
pelos homens com justiça, mas o jejum, bem como os outros exercícios
espirituais, não deve ser assim. O que se vê é a repetição intencional do
Senhor Jesus Cristo no tocante aos exercícios espirituais. A Ele não agrada “o
ser visto pelos homens”. Por isso, Jesus insiste para que “Não sejais como os
hipócritas” três vezes: sobre o dever de dar esmolas (Mateus 6:2), sobre a
oração (Mateus 6:5), e, por fim, sobre o jejum (Mateus 6:16). Esta ênfase não é
acidental, mas trata-se de um apelo e mandamento para que tal exercício
espiritual seja aceito por Deus.
A maneira correta
de se jejuar trará ao servo de Jesus Cristo uma recompensa. Todavia, para que
isso suceda, precisamos entender que o jejum é uma arma secreta, que, se usada
ocasionalmente, assim como o esmolar, deve ser um ato alegre. Uma vez definido
o alvo do jejum, que pode ser mostrar a Deus tristeza pelo pecado, ou preparo
para maiores desafios espirituais, etc., devemos fugir de todo orgulho
espiritual. A maneira de se jejuar ensinada pelo Senhor Jesus é procedermos
como se fôssemos a uma festa, ou seja, “unge a tua cabeça e lava o teu rosto”.
Para fraseando o que foi dito: “tome um bom banho e passe um bom perfume, como
se você fosse a uma festa”. O jejum é uma prática frequentemente mencionada na
Bíblia e geralmente vinculada à oração. Davi jejuou quando seu filho recém-nascido
adoeceu gravemente (II Samuel 12:16). Daniel jejuava quando buscava uma
orientação especial da parte de Deus (Daniel 10:3). A igreja estava jejuando
quando enviou Paulo e Barnabé para o campo missionário (Atos 13:2-3). Todos os
exercícios espirituais só terão, de fato, algum valor para Deus quando forem
exercitados à maneira de Jesus Cristo. Merece ser especialmente ressaltado que
Ele é o nosso padrão excelente e o único capaz de, pelo Seu ensino e exemplo,
no levar a patamares de satisfação espiritual nunca antes experimentados.
Conclusão
Vimos ao longo
desta lição que o senhor Jesus Cristo nos ensina usando contrastes. Ele mostra
a forma errada e a certa de realizarmos as práticas devocionais. Sendo assim,
somos desafiados a vivermos um cristianismo disciplinado, porém jubiloso.
A
imagem que Mateus nos apresenta de Jesus é a de um homem que nasceu para ser
Rei. Sua intenção é mostrar o senhorio de Jesus Cristo e que, com toda autenticidade,
o Reino, o poder e a glória são dEle. Mateus entrelaça o Antigo Testamento ao
Novo, com a preocupação de revelar aos judeus: que em Jesus se cumpriram todas
as palavras do profeta, que Ele é o Rei por excelência e o Messias de Seu povo.
Para saber mais sobre as profundas verdades existentes
em cada linha deste evangelho, participe neste domingo, 14 de agosto de 2016, da Escola Bíblica Dominical.
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