João Batista foi o último profeta
da Antiga Aliança, e se destaca numa galeria onde figuram nomes como Isaías,
Ezequiel, Daniel e Jeremias, exatamente porque foi o único que presenciou em
loco, o pleno cumprimento das profecias messiânicas. Além disto, João participou
ativamente do ministério de Cristo, batizando-o no Jordão e até mesmo
compartilhando discípulos. Em João, se encerra o ministério profético do Antigo
Pacto, e a profecia passa a existir como dom.
Uma das características mais
interessante do ministério de João Batista, é que nas palavras do anjo que
anunciou seu nascimento, ele viria no “poder (ou espírito) de Elias” (Lucas
1:17). Em Mateus 11:14, o próprio Jesus testificando de João afirmou que ele
era o “Elias que haveria de vir”.
Em decorrência destas afirmações,
muitos especulavam que João Batista era na verdade o profeta Elias reencarnado (assim
como alguns acreditavam que Jeremias era a reencarnação de Moisés).
Porém, a interpretação correta da
expressão “no espírito de Elias”, seria algo como, “na virtude de Elias”, ou
ainda, “no mesmo propósito de Elias”. Ambos tiveram ministérios muito
parecidos, se vestiam de forma similar, e denunciaram os pecados da família
real, enfrentando severa perseguição por causa de suas mensagens impetuosas. Porém,
a maior semelhança entre os dois profetas é exatamente o legado de avivamento
deixado.
Elias viveu num tempo de
idolatria generalizada, e conclamou os israelitas a se arrependerem de seus
maus caminhos e se voltarem para Deus. Tornou-se um opositor ferrenho do
nefasto governo do rei Acabe e sua perversa esposa Jezabel, questionando
publicamente a imoralidade do casal. Na famosa batalha dos deuses realizada no Monte Carmelo, uma avivamento nacional inflamou os israelitas.
João Batista nasceu numa época de
religiosidade apostatada, e incitou os judeus ao pleno arrependimento, afim de
receberem o Cristo que estava por vir. Quando Herodes se casou com a própria
cunhada Herodides, esposa de seu irmão Felipe, João Batista, criticou
publicamente os pecados da casa real, causando desconforto no palácio. Embora a
consciência cauterizada de Herodes Antipas I pouco se importasse com as
repercussões das palavras do profeta, acabou decretando sua prisão para acalmar
os “ânimos” da casa. João Batista foi preso em Peréia, acusado de incitar uma
rebelião e levado a fortaleza de Macaeros, onde permaneceu encarcerado por dez
meses, até ser condenado a morte.
Podemos dizer que após Elias, o
mundo antigo nunca mais foi o mesmo. Uma nova revolução espiritual foi
provocada em escala mundial através da mensagem de João, dividindo a história
em duas partes.
Ambos foram chamados para trazer
os filhos de volta para a casa do pai, e através deles, corações foram
convertidos e o Senhor encontrou morada entre os homens.
Os dois ministérios terminaram de
forma similar, com os profetas sendo levados ao céu, embora o transporte usado
por Elias tenha sido um redemoinho, enquanto o de João Batista foi
lamina do carrasco.
Em ambos os casos, os profetas
nos deixaram, mas por meio deles, Deus permaneceu entre os homens.
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