sexta-feira, 11 de março de 2016

Talita Cumi


Quando Jesus regressava para Cafarnaum,  após sua agitada passagem por Gadara, o Mestre é recebido por uma multidão entusiasmada, desejosa por ouvir sua voz e ver com os próprios olhos seus sinais. Mas nem um deles está tão aflito quanto um homem chamado Jairo.

Ele estava a muitos dias acompanhando o sofrimento crescente de sua filha, quadro que se agravara vertiginosamente nas últimas horas. Desesperado, ele recorre a única pessoa na terra que acredita ter a capacidade de restabelecer a saúde de sua menina, e num ato de grande humildade, observado por centenas de pessoas, Jairo mal espera Jesus descer do barco para se lançar aos pés do Senhor clamando por misericórdia.

Jesus, comovido pela fé daquele homem caminha ao seu lado para visitar a menina enferma. Porém, enquanto Jairo espera que o Messias restabeleça a saúde de sua filha, Jesus tem planos muito maiores.

Pela primeira vez em seu ministério, Cristo iria dar uma amostra de seu poder sobre a morte. Mas era preciso diminuir o passo da caminhada, para que no tempo perfeito, a glória de Deus fosse manifestada.

O pai aflito caminhava apressadamente ao lado de Jesus, certamente tentando acelerar a marcha. Porém, o Mestre estava sereno, e seus passos moderados destoavam da urgência daquele momento e aos olhos de um pai angustiado, poderiam parecer até mesmo displicentes. Porém, cada vez que Jesus retardava um passo, uma certa mulher que sofria a doze anos com uma hemorragia constante ganhava alguns centímetros em sua direção.

Foi exatamente durante a realização do “milagre produzido por um toque”, que os funcionários de Jairo chegaram com a triste notícia da morte da menina. Uma bomba de tristeza recai sobre todos que cercam o Mestre, e Jairo com os olhos rasos d´agua pode muito bem ter pensado em como aquela mulher atrasou a jornada, eliminando todas as possibilidades de ajudar sua filha. Todos se esqueceram que ali estava o “Senhor das Impossibilidades”, e onde as pessoas viam o fim, Jesus enxergava um novo recomeço. Ele contrária o pessimismo da multidão, e olhando para Jairo o convida a se agarrar definitivamente a sua fé no Salvador: 

– Não tenha medo... A menina apenas dormiu

O Mestre podia muito bem realizar um milagre a longa distância, ou simplesmente oferecer seus pêsames a família enlutada, mas não, Jesus se fez presente, caminhando ombro a ombro, passo a passo, partilhando da tristeza, para valorizar a alegria futura. 

Diante de seus discípulos mais chegados e dos pais da adolescente, Jesus transforma o que era motivo de lágrimas em júbilo e alegria. Pela ótica humana, enfrentar a morte é algo terrivelmente doloroso, demandando em desesperança. Mas quando Jesus entra na história, o trágico se torna em belo e o final é a porta de entrada do início. Os homens escolheram se afastar de Deus. 

- Talita Cumi... Menina Levanta...

E então, a morte se rendeu a vida!



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