Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 100
- Editora Betel
Mateus - Lição 04
Comentarista: Bp. Manuel Ferreira
Comentários Adicionais
Pr. Wilson Gomes
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley
Texto Áureo
Hebreus 4:15
Porque não temos um sumo sacerdote que não possa
compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi
tentado, mas sem pecado.
Verdade Aplicada
Jesus obteve vitória decisiva na tentação no
deserto. Do mesmo modo, o cristão deve vencer suas tentações.
Textos de Referência
Mateus 4:1-4; 11
Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto,
para ser tentado pelo diabo.
E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites,
depois teve fome;
E, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o
Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães.
Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem
só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.
Então o diabo o deixou; e eis que chegaram os anjos
e o serviram.
Corpo, Alma e Espírito
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes
O patriarca Jó teve com Deus um dos
mais longos embates ideológico de toda a Bíblia. Ao final da conversa,
reconheceu a superioridade de Deus, e humildemente aceitou os argumentos
divinos como superiores a qualquer pensamento humano. Porém, ressalta que
aquela era uma conversa injustiça, pois a grandeza de Deus em contraste com a pequenez do
homem, o colocava na posição de uma gota diante do oceano. Ele então “sugere”
que deveria existir um “intermediador”, alguém que compreendesse plenamente sobre
Deus, mas que também conhecesse as agruras de "ser homem", e pudesse conversar
nas duas esferas com a mesma propriedade (Jó 33:23). Mesmo sem saber, Jó estava
descrevendo as atribuições de Cristo, confirmada em I João 2:1. Deus criou o
homem e o conhece de forma profunda e irrestrita, sabe suas deficiências e
fragilidades, bem como o potencial a ser desenvolvido. Sonda seu coração, escuta
os seus pensamentos e conta os seus dias. Deus escreveu o manual de
funcionamento do homem, mas na prática, nunca “foi homem”. Deus nunca sentiu
frio, fome, medo, ansiedade, angústia, dúvidas ou tristezas permanentes. E o mais importante:
Deus não pode ser tentado. Assim, Deus falava “com” o homem, mas nunca “como” o
homem. Esta aparente “distância” foi eliminada através de Cristo. O “VERBO”
se fez “CARNE” e habitou entre nós (João 1:1). Jesus era o próprio Deus encarnado, vivendo entre os homens, composto de corpo, alma e espírito, sentindo na pele
todas as debilidades da humanidade, sendo desafiado em todas as esferas da existência
humana. Deus estava se pondo a prova, sujeito a todas as paixões e as tentações
que enfrentamos diariamente. E como homem (não como Deus), resistiu a cada uma
delas.
É interessante notar que em sua forma humana, Jesus foi um alvo prioritário de Satanás, assim como hoje, somos também. Satanás é um adversário sútil, perspicaz e ardiloso, que embora não deva ser “temido”, jamais pode ser desmerecido, subestimado ou enfrentado sem a estratégia adequada, pois caso contrário, tem a assustadora capacidade de “cirandar” com a alma do homem (Lucas 21:31). O nome “Satanás” é uma
transliteração do hebraico para Satan, que significa “ACUSADOR”. Ele foi criado
pelo próprio Deus, sendo um sinete de perfeição, cheio de sabedoria e formosura
(Isaías 14:12). Esta condição gloriosa se manteve
por longas eras, até que Deus vislumbrou iniquidade no seu coração, e desde então, ele se
tornou o governante dos reinos do mundo que se afastaram de Deus. Satanás trabalha nas sutilezas,
pacientemente esperando uma brecha para adentrar nossa mente, e ali estabelecer
pouco a pouco sua fortaleza. Diariamente somos bombardeados com tentações
que atravessam nossos olhos como flechas, semeando sementes de hedonismo em
nossa imaginação. Ondas sonoras invadem nossos ouvidos ecoando acusações
gritantes, que minam nossa confiança em Deus e questionam nossa fé na própria
salvação. E ele tentou Jesus de todas as formas possíveis e imagináveis, embora
Mateus registre apenas três delas: corpo, alma e espírito.
É interessante notar que em sua forma humana, Jesus foi um alvo prioritário de Satanás, assim como hoje, somos também. Satanás é um adversário sútil, perspicaz e ardiloso, que embora não deva ser “temido”, jamais pode ser desmerecido, subestimado ou enfrentado sem a estratégia adequada, pois caso contrário, tem a assustadora capacidade de “cirandar” com a alma do homem (Lucas 21:31).
Primeiro, ele se aproveitou da fome
intensificada pelo período de jejum para tentar convencer Jesus a transformar “pedra
em pão”. Se cedesse, Jesus estaria agindo fora do tempo estabelecido para seu
ministério, e valendo-se de sua condição divina para beneficiar sua forma humana, fugindo completamente do seu propósito.
Em seguida, Satanás propôs um desafio de “vida ou morte”, tentando inflar o “ego”
de Cristo. A intenção era fazer Jesus banalizar sua humanidade, simplesmente
para provar que tinha autoridade sobre os anjos, agindo em nome de mera vaidade. Por último, o inimigo oferece
a Jesus os governos humanos em troca de adoração. Com isso, Satanás esperava fragilizar
o espírito de Cristo e corromper sua adoração. Jesus não cedeu a nenhuma delas.
A grande verdade é que Jesus acumulou diversas vitórias sobre Satanás. Na cruz
Ele o derrotou com Sangue, já no céu e no inferno a vitória veio através de seu
Poder. Nada, porém, é mais emblemático que a Vitória no deserto, pois a arma
utilizada foi à mesma que temos em nossa mão hoje: Obediência a Palavra de Deus. Vale
lembrar que embora Satanás tenha tentado Jesus, não foi ele quem o levou para o
deserto. Segundo Mateus, o Espírito Santo conduziu Cristo até o deserto exatamente
para que Jesus fosse tentado em tudo. Deus desejava experimentar na condição
humana as tentações enfrentadas por nós todos os dias. E Ele venceu todas elas,
nos provando que é possível sim, dizer não ao diabo e suas ofertas.
Conduzido
à tentação
Através da
narrativa da tentação de Jesus no deserto, podemos entender como se caracteriza
as investidas do diabo com o intuito de fazê-lo pecar e desviá-lo assim do
plano divino. Veremos, porém, como Ele venceu. Depois de receber o batismo de João,
cumprindo assim a justiça de Deus, Jesus foi conduzido a preparar-se para o seu
ministério público. O deserto foi o lugar da tentação. Foi um lugar literal que
Jesus se dirigiu a fim de se preparar para o início de seu ministério. Não se
deve pensar que se tratou de uma luta interior do Senhor Jesus instigada pelo
tentador, ou que tal lugar seja simbólico. Aquele lugar era de fato um lugar
ermo, desabitado e solitário, para onde o Espírito Santo o dirigiu. Por outro
lado, não se deve pensar que depois daquela provação o tentador o deixou
definitivamente (Mateus 16:23; Lucas 4:13: João 6:70). Interessante é que o
Servo de Javé foi tentado e triunfou no mesmo lugar em que buscou a Deus e por
Ele foi orientado a permanecer algum tempo. Antes do Senhor Jesus iniciar o Seu
ministério público, Ele precisou estar a sós com Deus. Isto ocorreu longe da
sua carpintaria, da sua família, da sua sinagoga e das suas amizades por um
pouco de tempo. Foi a solidão do deserto o lugar direcionado por Deus para
Jesus ali se preparar e planejar estratégia, a fim de que tivesse êxito em seu
ministério público. Todavia, ali, naquele lugar guiado por Deus, que Ele sofreu
provações especiais. Contudo, não houve espaço nEle para autocompaixão,
lamentos ou reclamações, o que é exemplo para todos nós.
A tentação chegou
para Jesus imediatamente ao término de seu jejum de quarenta dias, quando ainda
estava no deserto. Evidentemente, não existe tentação sem tentador, isto é, o
elemento que vem para tentar. Percebe-se que a ida de Jesus ao deserto foi
conduzida por Deus para um teste. Todavia, o tentador tinha um propósito:
acabar com Jesus e o plano da redenção. Não é à toa que há certa ênfase na
descrição do tentador como diabo, que significa mentiroso, caluniador. Porém,
ele nada conseguiu com Jesus. Mesmo sofrendo diferentes tentações, Ele
resistiu, pondo em fuga o tentador. Deus
em Sua soberania tem o direito de provar o nível de fidelidade de Seus servos,
e Jesus não foi exceção. Além dele, nós temos outros exemplos, como Jó, Pedro e
demais apóstolos que, sob a permissão de Deus, foram peneirados pelo diabo. Ao
aplicar Seus testes, Deus jamais tem a intenção de nos destruir, pois Ele é
vida e isso é contrário à sua natureza. Não é ao acaso que em Mateus 4, nosso
inimigo é chamado de diabo (quatro vezes), tentador (uma vez) e Satanás (uma
vez também).
O diabo foi a
Jesus assim que Ele sentiu fome. Podemos então concluir que o diabo pode tentar
a qualquer pessoa, se aproveitando das suas carências físicas e apetites. Porém
o seu alvo principal era pôr dúvida a identidade divina de Jesus: “Se tu és o
Filho de Deus” (Mateus 4:3-6). O diabo, nosso adversário, sempre vai nos tentar
em momentos de fragilidade, usando nossos apetites e tentando-nos com dúvidas.
Ele não tem pressa, está sempre à espreita, aguardando o melhor momento para
desferir o seu golpe, como fez com Eva, que caiu e levou seu marido à queda
também. Porém, com vigilância, oração e autoridade, assim como Jesus venceu,
nos venceremos também o tentador. Temos,
no diabo, um inimigo real e poderoso. Ele não temeu disparar os seus ataques
nem mesmo contra o próprio Senhor Jesus Cristo. Os instrumentos do diabo sempre
atacarão nossas necessidades e carências físicas. O tentador se aproximará
estrategicamente quando o cristão estiver em situação frágil e de extrema
carência. Exatamente por isso, existe a necessidade de orar e vigiar sem
cessar.
O Jardim e o
Deserto
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley
A tentação de Jesus nos dá vias de
vitórias em todos os aspectos de nossa vida. Enfrentar lutas, desafios e
tentações fazem parte da nossa caminhada com Deus, pois Ele não poupou nem mesmo
a seu Filho. Antes o entregou por nós em resgate de nossas almas. Na verdade o
que falta em muitos “filhos de Deus” é a falta de entendimento das “coisas de
Deus” e da metodologia com a qual Deus
trabalha e opera especificamente em cada um. Tudo que Deus quer de nós é; que
lutemos o bom combate da fé e não nos deixemos vencer pelas artimanhas do
diabo. Em regra geral, em primeiro lugar, somos levados por Deus pelo Espírito
aos desertos da vida, para sermos moldados a sua imagem e semelhança. O projeto
original de Deus não tinha falhas, mas o homem foi corrompido é perdeu suas características
originais, e o Criador deseja ardentemente reparar os pontos danificados. E sua
oficina mais eficiente é o deserto.
Todos nós sabemos pela narrativa de Gêneses
1:26, que antes de Deus criar o homem, Ele
realizou uma reunião de “planejamento” junto ao “Verbo e seu Santo Espírito” e
definiu: - Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Mas,
quando chegamos em Gênesis 3, encontramos o triste relato da queda do homem,
que como consequência de sua desobediência e ambição, perdeu a glória da semelhança divina. Sendo
assim, foi necessário Deus enviar seu Filho para redimir o homem de sua condição
de pecado e devolve-lo ao seu estado de “imagem e semelhança do Altíssimo”. E
isso só foi (e ainda é possível) por causa da vida e da morte de Jesus. E um
ponto decisivo deste processo é a vitória de Jesus no deserto sobre o diabo.
Jesus se manteve de pé no ponto
exato onde o homem caiu: Diante do dilema moral e espiritual de uma tentação.
Enquanto o homem foi derrotado no Jardim, cercado de provisões e maravilhas,
Jesus triunfou vitorioso no deserto, ladeado por escassez e privações. Se Ele (em
forma de homem) venceu, podemos vencer também, e fortalecidos por esta jurisprudência,
temos um alvo a atingir é não podemos perder o foco de nossa missão. O que precisamos com urgência é recuperar nossa compreensão de que Deus tem propósito
quando nos leva ao deserto, e aceitar sua vontade. Infelizmente hoje muitos crentes
tem tentado fugir de seus desafios desérticos, e pensam que por mero
conhecimento teórico, ou pelo tempo de crença e serviço religioso, já pode
galgar altos escalonados ministeriais, ou atingir elevado nível de espiritualidade. Ledo engano. Existem lições
que só aprendemos na prática, e o deserto sempre será o lugar de Deus nos
experimentar, testar nossas habilidades, conhecimentos e intenções de nosso
coração. Deus não pretende mudar sua forma original de tratar com seus filhos. O
lugar para se levantar da queda no jardim é o deserto.
Esferas
da tentação
Não se deve confundir tentação com
pecaminosidade. SEsferas
da tentação
Não se deve
confundir tentação com pecaminosidade. Ser tentado não é pecar, pois, caso
fosse assim, Jesus teria pecado, mas não foi isso que aconteceu. Jesus estava
num lugar deserto. Ali, na solidão, não haveria testemunhas de que Ele houvesse
pecado. O seu compromisso com Deus e com sua missão permaneceu firme, apesar de
toda a provação. Ele não pecou, mas recusou-se satisfazer a sua fome ouvindo o
diabo. Ao contrário, Jesus concentrou-se na Palavra de Deus e fez uso
dela para combater a tentação, dizendo: “Esta escrito”. Jesus não
entrou em discussão com o diabo, nem afirmou sua fome ou a negou, porém disse:
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”.
O segredo para vencer a tentação é confessar a Palavra de Deus. Ela deve
habitar abundantemente em nós. Este é o primeiro segredo que Jesus utilizou
para vencer a tentação. Assim, Cristo nos ensinou a primeira base da nossa
vitória sobre a tentação: a Palavra de Deus.
Quando o diabo
percebeu que, se fosse o caso, Jesus morreria de fome, mas não cederia, decidiu
tentá-lo pelo uso das coisas religiosas, ou seja, pelo fanatismo. Nessa
investida, o diabo se utiliza de seu próprio poder para transportá-lo ao
pináculo do Templo de Jerusalém. Também se utiliza da passagem bíblica de
Salmos 91.11-12 e insiste em que Ele prove que é o Filho de Deus. A expressão
“Se tu és” tanto era para que Jesus provasse quem Ele era, quanto, para gerar
dúvida. Jesus não tinha que provar nada ao diabo. Deus falara com Ele ao sair
da água do batismo no Jordão. Isso por si só já basta para Sua própria
convicção. Mesmo assim, Jesus respondeu ao tentador: “Não tentarás o Senhor teu
Deus”. O diabo é insistente e pode usar de vários artifícios ao mesmo tempo
para tentar derrubar um servo de Deus: o deserto, os apetites, as Escrituras e
até o seu poder, como no caso do Senhor Jesus. Por esta razão, devemos orar e
vigiar sempre. A segunda tentação tinha como objetivo duvidar de que o Pai, que
o havia chamado, realmente o capacitaria a ser fiel à Sua vocação em face da
ampla oposição e da constante recusa por parte dos homens a crer nEle, sem
presenciarem sinais espetaculares de sua divindade. A sugestão diabólica foi de
que certamente seria tolice para Jesus entrar no ministério com a perspectiva
de possível fracasso.
O diabo
estrategicamente deixou por último a maior tentação: a ambição pelo poder. O
tentador oferece a Jesus os reinos do mundo e a glória deles como se
pertencessem a ele em troca de adoração. Jesus não discorda de Satanás, mas
sabe que se trata de um blefe. O Filho de Deus jamais aceitaria qualquer coisa
que viesse das mãos do seu adversário, muito menos receber poder temporal. Além
do mais, seria inconcebível Jesus se prostrar diante de qualquer criatura. Por
isso, Ele o expulsa da Sua presença imediatamente, citando a Escritura (Deuteronômio
6:13). Ao contrário de Jesus, outros caíram nesse pecado como adão e Eva (Gêneses
3:1-7). Ter ambição não é pecado, mas quando a pessoa se dispõe a fazer
qualquer coisa por causa do desejo desenfreado isso é pecado. Chamamos esse
pecado de ganância. Por causa disso, muitos caem no laço do diabo (I Timóteo 6:7-12).
O diabo mostrou a Jesus Cristo os reinos do mundo e a glória dele sob o seu
ponto de vista. O tentador fez saltar diante do Filho de Deus várias telas com
imagens de reinos e seus reis, pessoas, riquezas e a glória deles. Mas Jesus
recusou sua oferta, repelindo-o de Sua presença.
O Cristão e o Deserto
Comentário Adicional
Pr. Wilson Gomes
Mesmo vivendo em fidelidade ao
Senhor e compromissado com a obra do Pai, por vezes recebemos de Deus apenas
negativas ao nosso clamor e fracassos em projetos que tinham tudo para dar
certo. E nessas horas, somos abarrotados por um sentimento de injustiça que nos
leva a crer que o grande “Eu Sou”, está cometendo um grave erro contra nós. Mas
porque estas atrocidades acontecem em nossa vida? A resposta pode ser
encontrada em Deuteronômio 8:2-3 diz: “E te lembrarás de todo o caminho, pelo
qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto estes quarenta anos, para te
humilhar, e te provar, para saber o que estava no teu coração, se guardarias os
teus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter fome, e te sustentou
com o maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram; para te dar a
entender que o homem não viverá só de pão, mas de tudo o que sai da boca do
Senhor viverá o homem". E este é sem dúvida um texto bíblico que
explica o porquê de tantos infortúnios e aflições que se abatem sobre nossa
vida: Para testar o que estava em seus
corações! Um homem só mostrará quem realmente é quando se encontrar em
situações extremas, e é exatamente por isto que Deus por vezes nos leva ao
nosso limite, para que o ser humano descortine seu coração e encontre sua
verdade mais oculta. Por isso o Senhor nos prova profundamente em nossa
fidelidade e devoção, colocando-nos em situações de calamidades, que testam ao
máximo a nossa fé: Ele nos humilha, nos priva de conforto, dificulta nossa
jornada e por vezes, permite que tenhamos encontros desagradáveis com
Satanás. E com isso nos faz entender que
existem coisas mais saborosas que pão e que o Senhor sempre proverá subsídios
para os que lhe são fiéis, mesmo que neste processo falte abundância. O deserto
não tem como “propósito” nos ensinar a “derrotar o diabo”, mas sim, aprender a
confiar e se submeter a Deus, e assim, o inimigo fugira de nós.
O beneplácito do Senhor não nos
acrescenta dor, e de modo algum pode cooperar para o corrompimento espiritual
de alguém. Isso implica em dizer que Deus só dá bênçãos para quem tem o
coração preparado para recebê-las. E é nas aflições que nosso coração é
testado por Deus. Quer receber bênçãos do Senhor? Comece preparando seu coração
para a prova. E se existe um campo de treinamento melhor que o deserto, eu
desconheço. O deserto é algo tão inevitável que podemos dizer que existem
apenas três tipos de crente: os que já passaram pelo deserto, os que estão
passando e os que ainda passarão. Mas não se exaspere com esta dura verdade, é
no deserto que nós aprendemos conceitos valiosos sobre a fé cristã. O deserto
não acontece por acidente, Ele está previsto na agenda de Deus, pois faz parte
do cronograma divino para nossas vidas, afinal, quando nos vemos frente à
frente com o temível mar de areia, e a única opção é enfrentá-lo, aprendemos a
depender e confiar exclusivamente no Senhor. Exatamente por isso, de tempos
em tempos, é o próprio Deus quem nos conduz ao deserto, a escola de ensino
superior do Espírito Santo, onde Deus treina e capacita seus melhores soldados.
O
triunfo sobre a tentação
Ser tentado não
significa pecar contra Deus, mas sim um estado incômodo que precisa ser
vencido. A seguir, veremos que os passos que conduziram a Jesus à vitória foram
descritos por Tiago (Tiago 4:7). Sujeitar-se a Deus é submeter-se a Ele. É
obedecê-lo como servo dócil. Foi dessa maneira que Jesus se colocou, isto é, na
condição de servo obediente de Deus, como profetizando acerca dele por Isaías
(Isaías 42:1). O Servo de Deus operaria com prudência, seria elevado e mui
sublime (Isaías 52:13). Embora o Jesus seja o Filho amado de Deus,
condicionou-se a si mesmo à posição de servo até Deus o exaltá-lo. Assim, Jesus
deixou o exemplo, para que seguíssemos as suas pegadas (Mateus 3:17 / Filipenses 2:5-11). Embora fosse Senhor,
elevado e mais sublime que os céus, Jesus se colocou como Servo de Deus. Esta
atitude significou absoluta sujeição a Deus, absoluto prazer na vontade de Deus
e absoluta resignação até subir a cruz e descer ao inferno. Porém, Deus o
exaltou soberanamente.
A provação de
Jesus não se restringiu ao deserto, mas durou todo o período em que aqui
esteve. Tratou-se de uma provação diferenciada, que precedeu o início de Seu
ministério público. O diabo foi insistente, mas Jesus o resistiu e não cedeu um
centímetro sequer à vontade do seu adversário. De igual modo, devemos resistir
ao diabo, permanecendo firme em nossa fé, pois as mesmas tentações também
sucedem aos servos de Deus ao redor do mundo (I Pedro 5:8-9). Assim como Jesus
venceu o diabo e as tentações, se determinarmos em nossos corações, venceremos
as tentações de cada dia e isso já basta até chegarmos ao céu. Deus nos desafia
a sermos pessoas firmes e constantes na fé. Embora o diabo, nosso adversário, esteja ao nosso
redor, devemos resisti-lo até o dia da nossa partida desse mundo. Assim como
Jesus Cristo foi Filho Amado do Pai, obedecendo-o em todas as circunstâncias,
de igual forma devemos nós também imitá-lo. A principal arma que devemos usar
para resistir a Satanás é a Bíblia. Por nada menos que três vezes o nosso
adversário apresentou tentações diante do nosso Senhor. Por três vezes o
oferecimento diabólico foi repelido, sempre mediante o emprego de algum texto
bíblico como motivação: “Está escrito”. Enfatize para os alunos a necessidade
de sermos leitores diligentes das Sagradas Escrituras, pois a Palavra de Deus é
a espada do Espírito Santo (Efésios 6:17). Ela é nossa principal arma de ataque
e defesa.
O que significa
Jesus ser servido pelos anjos ao término da tentação? Sabemos que os anjos de
Deus operam as causas de Deus juntos aos seus servos de diversas maneiras. Ao
fim daquela provação especial, Jesus estava faminto e fraco, então os anjos de
Deus trataram de servi-lo em Suas necessidades. Aquela manifestação angelical
vem significar o cuidado de Deus para com aqueles que o servem. Lembremos que
Jesus estava em missão. É muito possível que também os anjos trouxessem para
Ele alguma mensagem de Deus, pois anjo significa “mensageiro” e ali foram
enviados alguns. A presença dos anjos naquele deserto com Jesus não era
absoluto uma recompensa pela Sua resistência viril ao diabo, mas uma assistência
para que Jesus continuasse a Sua missão. Com isso, aprendemos que se formos
fiéis a Deus, teremos a assistência de Seus anjos (Hebreus 1:14). Na condição
de humilhação que o nosso Senhor Jesus Cristo se encontrava, era necessário que
os anjos o servissem, pois foram muitos dias de fome e provação que tinham,
enfim, chegado ao fim, para que Jesus iniciasse o seu ministério público.
Conclusão
Ao longo da narrativa do livro de
Mateus, vemos como Jesus venceu o tentado, deixando-nos o Seu exemplo. O
tentador procurou desviá-lo do propósito divino da redenção, mas Ele o venceu,
permanecendo irredutível, até chegar à cruz e descer ao inferno, mas Deus o
exaltou soberanamente.
A imagem que Mateus nos
apresenta de Jesus é a de um homem que nasceu para ser Rei. Sua intenção é
mostrar o senhorio de Jesus Cristo e que, com toda autenticidade, o Reino, o
poder e a glória são dEle. Mateus entrelaça o Antigo Testamento ao Novo, com a
preocupação de revelar aos judeus: que em Jesus se cumpriram todas as palavras
do profeta, que Ele é o Rei por excelência e o Messias de Seu povo. Para saber mais sobre as profundas
verdades existentes em cada linha deste evangelho, participe neste domingo, 24 de Julho de 2016, da Escola Bíblica
Dominical.
Nenhum comentário:
Postar um comentário