quarta-feira, 27 de julho de 2016

Quarta Forte com Ev. Jefferson de Souza


A Quarta Forte deste dia 27 de julho de 2016, passou longe de ser “FORTE”... Ela foi FORTÍSSIMA!  Noite de glória, poder e unção, onde a presença de Deus se fez tangível no meio de seu povo. 

Uma celebração de louvor e adoração que contou com a presença dos cantores Matheus Santos, Priscila Brugnieri, Hellen Gomes e Mi Machado, além da participação especial de pastores da região, e a ilustre cooperação da Casa Orebe.

O preletor da noite foi o Ev. Jefferson de Souza, proveniente da cidade de Conchal SP, que embasado no texto de Lucas 15, ministrou para a igreja uma palavra sobre o “retorno para o lar”.

Lucas, o “médico amado”, era um pesquisador esmerado, exímio historiador e amigo íntimo de Paulo. Ele compilou cronologicamente os principais eventos da  
vida de Cristo baseado no testemunho daqueles que acompanharam em loco os eventos por ele pesquisados (Lucas 1:1-4). Lucas é o mais “histórico” e “preciso” dos Evangelhos, e se refere com frequência a Cristo como o "Filho do Homem". Ele dá uma atenção especial as parábolas de Jesus, um tipo de história terrena com significado espiritual, ferramenta pedagógica muito utilizada pelos mestres judaicos. Usando elementos culturais, personagens fortes muito bem contextualizados e cenários comuns aos ouvintes, as parábolas eram de fácil memorização e possuíam grande praticidade educacional.




Uma das mais conhecidas parábolas de Jesus é sobre um pai e seus dois filhos. Eles formavam uma família feliz que vivia em plena harmonia, até que o mais novo deles decide abandonar o lar para conhecer o mundo. Com o coração pesaroso, o velho homem entrega ao seu caçula, a parte da herança que lhe era de direito, e vê, com lágrimas nos olhos, seu filho afastar-se rumo a uma vida de sonhos coloridos e enganosos.

Enquanto o moço vivia inconsequentemente, gastando todos os bens que herdou; o pai mantinha plantão constante no portão da casa, com os olhos fixos na estrada, certo que um dia o seu filho iria voltar. Com o passar do tempo, o dinheiro acabou, e o pródigo se viu sozinho no mundo, desamparado e sentindo muita fome. Quando chegou ao fundo do poço, decidiu voltar para casa e pedir ao pai que o contratasse com um empregado, e com este pensamento, começou a trilhar o caminho de volta. Quando ainda estava longe de casa, o pai, que ainda aguardava no portão, o avistou e correu ao seu encontro, abraçando e beijando carinhosamente o filho.

Ele ordenou a seus criados que dessem um banho no moço, cortassem seu cabelo e aparassem sua barba. Deu a ele roupas limpas, sapatos novos e pôs em seu dedo o anel da família. Então, o pai convocou uma festa para comemorar aquele esperado reencontro.... Seu filho estava perdido, mas foi achado. Estava morto e reviveu.

Aquele moço, desde sua tenra infância teve uma vida de abastança e regalias. Comia do bom e do melhor, estava cercado de servos, podia frequentar as melhores escolhas e ter os brinquedos mais caros. Em sua adolescência, tinha uma mesada gorda, uma família atenciosa e possibilidades que a maioria das pessoas nem sonhavam ter. Mesmo assim, sua juventude chegou trazendo nele a vontade de deixar para trás sua casa. Por que?

Se pensarmos um pouco, chegamos a uma conjectura de aplicação atual e pratica, que poderá identificar inclusive, a fragilidade de muitos cristãos. Ele estava cansado da rotina que permeava a casa de seu pai. Eram tantas coisas boas a lhe cercar todos os dias, que o jovem se viu saturado e decidiu viver suas próprias aventuras, longe de tantos cuidados paternos. Exatamente como muitos crentes que se assentam nos bancos das igrejas, estão rodeados de beatitudes e favores divinos, mas se empapuçam desta “rotina”, e se iludem com as cores do mundo. Então, cheios de razão pessoal e justiça própria, exigimos de Deus nosso “direito” de emancipação, enchemos nossa bagagem com cacarecos sem relevância eternal, calçamos o pé na estrada da vida e com isso, perdemos as coisas mais valiosas de nossa existência: a presença do pai, o contexto da casa e a comunhão com o Corpo de Cristo.

Quem se acha auto-suficiente ao ponto de exigir de Deus algum “direito” adquirido, receberá justamente uma sentença de condenação. Tudo o que temos em nós é pecado e ofensa, e a consequência inevitável é a morte eterna. Deus retirou de nós a acusação, e por sua graça, nos deu filiação, casa, amor e proteção. Quando buscamos a emancipação, estamos exatamente abrindo mão de tudo isso. Não é uma troca prudente a se fazer. Trocar o “pai” pelo “mundo” é um péssimo negócio.

A morte do pecador não passa por nenhum tipo de autoritarismo divino, e nada mais é, do que a execução da justiça em sua forma mais pura e terna. Por nossas escolhas e práticas pecaminosas conscientes, merecemos sim morrer, inda que a vontade de Deus vá exatamente na direção oposta (João 13:16). A misericórdia do Senhor surge como um facho de luz em meio as trevas, uma segunda chance de vida no exato momento que a mão da morte toca nosso pescoço. Por seu amor, Deus escolhe suspender temporariamente a sentença que pesa contra o homem, NÃO lhe dando o castigo do qual é merecedor. Só a misericórdia de Deus tem a autonomia para suspender o julgamento que nos é devido, e conceder ao culpado um perdão que ele não faz por merecer.

Já a “graça”, nada mais é do que um favor imerecido, um presente pelo qual não esperamos, uma “promoção” que não tencionávamos receber. Deus não nos deve absolutamente nada e não está obrigado a nos conceder qualquer tipo de favor. Mesmo assim, além de nos livrar da sentença merecida, o Senhor passa a conceder a seus servos bens e favores que não mereciam receber.

O filho pródigo entendeu o conceito da misericórdia e a abraçou. Em seu julgamento prévio, ele havia determinado que o máximo de benevolência que merecia ter era o posto de um trabalhador esporádico na fazenda para a qual um dia deu as costas. Mas a misericórdia do pai anulou o resultado deste julgamento, não concedendo a ele o posto merecido, mas sim restituindo-lhe a condição de filho, mesmo que aparentemente não houvesse justiça praticada ali.

A beleza da misericórdia é exatamente a leitura que ela faz da própria justiça, já que é o credor quem acaba pagando a própria conta, e logo, a dívida deixa de existir. O pródigo não questionou a atitude do pai, ele apenas a aceitou de bom grado, consciente que o mérito não estava nele (detentor de uma vida pregressa e pueril), mas sim no amor incondicional de seu pai. Quem se deixa ser abraçado pela misericórdia, passa a desfrutar da graça. Ao não nos dar o que era merecido, Deus substitui o “presente funesto” por outros muito mais agradáveis e que sequer poderíamos ousar sonhar.

O filho que voltou para casa recebeu sua posição de volta, foi ornado com joias e celebrado com festas. Ele desfrutou de cada momento com grande alegria, pois compreendeu que a “graça” impõem uma condição: ser aceita sem questionamentos.



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