sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Bebendo veneno para outro morrer



Não perdoar, é cometer um lento e doloroso suicídio espiritual, pois a mágoa guardada no coração é uma semente produtiva que germina com rapidez e alastra suas profundas raízes destruindo os alicerces da fé, da paz e da esperança. Segundo o poeta e dramaturgo inglês Willian Shakespeare, guardar rancor é como beber veneno esperando que outra pessoa morra. Em outra definição interessante, a mágoa é descrita como uma pedra incandescente que alguém segura em suas mãos esperando o momento de jogá-la em seu desafeto.

Na edição Nº 13 do Informe Gospel (fevereiro 2011), o Pr. Wilson Gomes traça uma analogia ainda mais impactante sobre esta questão, fazendo menção de um terrível castigo da antiguidade. No antigo Egito, um assassino condenado era atado a sua vítima, testa a testa, olho a olho, boca a boca, mão a mão, abdômen a abdômen, e assim, deixado para morrer também. O mau cheiro, a carne putrefata e os vermes passavam de um corpo para o outro, numa morte lenta, agonizante e desesperadora. O mesmo processo acontece quando não conseguimos perdoar.... Amarramo-nos a um defunto, nos alimentamos de podridão e morremos espiritualmente. Muitos estão acariciando a própria mágoa, amargurando os seus dias, desenvolvendo câncer de alma e alimentando maus espíritos com seu rancor. Se autodenominam vítimas, mas estão voluntariamente amarradas a um cadáver, onde já não é possível identificar quem está mais “podre” diante de Deus e dos homens. Perdoar é libertar-se deste flagelo, respirar ar puro e voltar a viver.


Perdão é um gesto de grandeza, é um ato que exige riqueza de alma e caráter. Ao mesmo tempo em que existe o sacrifício pelo mal perdoado, amontoa-se galardão pela decisão espiritual tomada. Se Jesus Cristo é o médico que cura almas, ao liberarmos perdão, nos tornamos instrumentos de sua honra e poder. Para perdoar verdadeiramente, primeiro é preciso buscar uma força que só existe no amor do próprio Deus. Somente alguém que se sente plenamente amado pelo Senhor tem condições de perdoar voluntariamente, mesmo que não haja “justiça” humana nisto. O perdão é essencial para todos aqueles que desejam entrar no Reino dos Céus, pois nossos pecados só são perdoados, mediante a nossa capacidade de perdoar (Mateus 18:23-35). Quando perdoamos as ofensas daqueles que nos tem ofendido, então temos nossas ofensas também perdoadas, e o perdão provindo de Deus fecha um ciclo glorioso de milagres, curando as feridas, sem nem ao menos, deixar cicatrizes para trás. 



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