A chamada de Abraão
foi um marco não apenas na vida do patriarca, mas também na história da
humanidade. Ele obedeceu a voz de seu Deus e partiu em direção a uma terra
desconhecida, sem ao menos entender a grandiosidade do projeto divino para sua
vida. Abraão passou a viver por Deus e para Deus, sendo guiado por fé em suas
decisões, escolhas e caminhos. Mas a chegada de Isaque lhe trouxe novas
prioridades, e seu filho tornou-se o centro de sua vida. O coração de Abraão
pulsava pelo menino, e nele estava centralizado todo o afeto do velho.
Obviamente, não existe qualquer nada a se censurar na relação afetuosa de pai e
filho, mas aos poucos, Abraão deixou que Isaque tomasse o lugar que antes fora
de Deus em seu coração, e este era o problema. Deus precisa estar entronizado
em nossos corações, mas por vezes, deixamos que pessoas, coisas ou lugares
ocupem este posto, e relegamos ao Senhor para uma condição secundária.
Ainda o amamos e damos ouvido a sua voz, mas Ele já não é o centro e a essência
do nosso viver.
Deus deseja ser nossa prioridade, pois somos sua prioridade
também. Ele nos ama de forma incondicional, sua fidelidade é inabalável e suas
promessas infalíveis. Em contrapartida, o Senhor deseja habitar em nossos
corações e mentes, realizando em nós tanto o seu querer quanto o efetuar
(Filipenses 2:3). Como Deus não aceita estar em segundo plano, toda vez que
priorizarmos outro elemento em seu lugar, seremos levados a um ponto de
decisão, onde precisaremos escolher a quem de fato servir (Mateus 6:24).
Isaque estava para
Abraão numa posição que deveria ser de Deus. Assim, o patriarca é chamado pelo
Senhor para uma decisão sacrificial onde as prioridades de sua vida seriam
definitivamente estabelecidas. Abraão amava a Deus
inquestionavelmente, mas amava seu filho incontrolavelmente. Agora, seria
necessário optar por um deles. E Abraão escolheu seu amor mais antigo, a fonte
de sua vida e das promessas. Mais do que sacrificar o filho no altar do Senhor,
o patriarca precisou realizar um verdadeiro rito onde confrontou seus próprios
sentimentos, como planejar a viagem a Moriá, rachar a lenha que seria usado no
holocausto e afiar a lâmina de seu cutelo para imolar Isaque. Cada uma dessas
ações foi importante para que uma nova inversão de prioridades acontecesse no
coração de Abraão, onde ele finalmente entendeu que sem ISAQUE ainda haveria um
DEUS, mas sem DEUS, não haveria mais ISAQUE algum.
A longa jornada até
Moriá foi fúnebre e silenciosa. Cada passo dado aproximava pai e filho de um
destino cruel. A inocente ignorância do olhar de Isaque contrastava como os
olhos pesarosos de Abraão. Ele estava certo que no alto da montanha, teria que
tirar a vida do próprio filho, parti-lo ao meio, escorrer o sangue e depois
queimar seu corpo. Mas enquanto pensava na morte, Abraão se enchia de vida. Ele
se lembrava das promessas de Deus, e como o Senhor tinha sido fiel no
cumprimento de cada uma delas. Sua fé se potencializava na obediência e o “vale
da sombra da morte” ganhava contornos de esperança. Pouco a pouco uma certeza
imergiu do coração de Abraão como um facho de luz nas trevas: Ainda que das cinzas, Deus vai
trazer Isaque de volta para vida! Neste
instante, mesmo sem saber, a fé de Abraão já tinha sido provada e aprovada. Ele
havia chegado a um patamar espiritual que sequer imaginava ser capaz. Mas
Deus reconhecia este potencial, e o sacrifício de Isaque serviu para
provar ao próprio Abraão o tamanho de sua fé e até onde ele estava disposto a
ir para obedecer. Algo que Deus já sabia desde os tempos em Ur...
E foi com base na
vida do patriarca Abraão, que Pb. Miquéias Daniel Gomes ministrou sobre o
valor espiritual da obediência, da renúncia e do sacrifício, durante Culto Especial de Homens (realizado pelo Grupo de Varões Herança Divina, neste sábado, 17/10/15) . Sempre que nosso
amor para com Deus for confrontado por amores e paixões efêmeras, seremos
levados a Moriá para uma escolha definitiva. Escolha sempre Deus!
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