Quando Deus
comissionou Moisés, deu a ele a tarefa de ir ao Egito libertar Israel da
escravidão (Êxodo 3:10). Uma vez livre, o destino daquela nova nação seria se estabelecer em Canãa. Depois de 40 anos de jornada, já na divisa da terra
prometida, Deus ordena que Moisés suba em uma montanha para morrer. O grande
libertador não entraria com seu povo em Canaã. Estaria Deus sendo
injusto com Moisés, matando-o antes que o mesmo vivenciasse a promessa?
Muito se debate sobre
os méritos e/ou deméritos que convergiram para Moisés não ter o “privilégio” de
entrar em Canaã. Porém, não encontramos no próprio Moisés, qualquer sombra
duvidosa em relação a justiça divina ou questionamento quanto a ordenança do
Senhor para que ele subisse pelo caminho Pisga, para ali, no alto da montanha,
ter seu derradeiro e definitivo encontro com Deus. Moisés morreu, e isto é um
fato. Pode até ser indigesta a ideia de um dos maiores heróis da fé ter
“sucumbido” sem vivenciar em “loco” a grande promessa feita para sua gente.
Israel não lidou bem com esta notícia, pranteando por mais de um mês. Seu
sucessor imediato, Josué, precisou ser intimado por Deus a se posicionar como
líder, pois certamente, ainda nutria uma esperança pelo retorno de seu mentor.
Porém, Moisés jamais desceu a montanha. Foi dali que ele pode contemplar toda a
extensão da terra prometida e vislumbrar pelos olhos da fé a posição geográfica
ocupada por cada tribo. No chamamento específico de Josué, a promessa de
conquista feita por Deus se estendia até o poente do sol (Josué 1:4). O sol se
põe exatamente na linha do horizonte, que por sua vez, pode ser definida como o
limite do campo visual de uma pessoa. Em outras palavras, Deus estava dizendo
ao jovem líder que sua capacidade de conquistar estava atrelada com o
alcance de sua visão. Quanto mais longe se enxergar, mas território há
para se expandir. Neste ponto, Moisés tem como última missão de vida, “visualizar”
toda a terra, legalizando previamente a tomada daquele território pelos hebreus.
No alto da montanha, Deus
recolhe Moisés para seu merecido descanso. Judas 9 descreve a disputa verbal
entre o arcanjo Miguel e Lúcifer, que se rivalizavam por causa do “corpo” de
Moisés. Então, o próprio Deus, valendo-se da distração do inimigo, sepultou
pessoalmente o corpo de Moisés em um dos vales de Moabe, guardado em sigilo
perpétuo. Porém, a morte não finalizou a grande missão mosaica, pois sua última
aparição cronológica está registrada em Mateus 17:1-9 (O evento também é
mencionado em Marcos 9:2-8, Lucas 9:28-36 e II Pedro 1:16-18). Jesus convida
seus três discípulos mais próximos para acompanha-lo até o cume de um alto
monte, e ali, diante de seus olhos, o Messias se transfigura em glória. De
repente, duas figuras também glorificadas aparecem e passam a dialogar
amigavelmente com Jesus. Um deles é Elias e o outro, Moisés.
Elias não
experimentou a morte, mas foi arrebatado aos céus ainda em vida por um
redemoinho de fogo (II Reis 2:11). Ele é um tipo da igreja que ao som da última
trombeta será transformada, e então arrebatada para encontrar com Jesus nos
ares. Já Moisés, ali se faz presente representado as miríades de servos fieis
que embora tenham encontrado a morte física, estão hoje repousando na glória,
esperando o momento da ressurreição (I Tessalonicenses 4: 13-17). Assim, este
grande herói que tanto nos ensinou em vida, com a sua morte planta em nossos
corações a semente de uma esperança de glória, e a certeza que o melhor de Deus
não se manifesta nesta terra, e sim na eternidade. E como se toda esta riqueza
espiritual não bastasse, ainda existe um aspecto pratico de grande relevância.
Moisés nasceu no Egito, constituiu família em Midiã, peregrinou pelo deserto do
Sinai, morreu e foi sepultado em Moabe. Ele nunca conheceu a terra de seus
antepassados e jamais sentiu sobre seus pés o solo amado de Canaã. Agora,
séculos após sua morte, ali está ele, muito bem acompanhado e pés firmados
sobre uma montanha fincada vigorosamente no coração de Israel.
Finalmente estava na terra prometida...
Sim, ele também entrou lá! Deus é fiel em suas promessas!
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