Texto Áureo
Gênesis 22.5
E disse
Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até
ali; e, havendo adorado, tornaremos a vós.
Verdade Aplicada
Abraão
provou que seu amor e obediência à Deus estavam acima de tudo.
Textos de Referência
Gênesis 22.1-4
E
aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão!
E ele disse: Eis-me aqui.
E disse:
Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à
terra de Moriá; e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu
te direi.
Então se
levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou
consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e cortou lenha para o
holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.
Ao
terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe.
Pai de Nações
Uma das etapas mais importantes do plano
divino da redenção, era criar uma nação modelo, tão temente e fiel, que
serviria de parâmetro aos reinos da terra, sendo que de sua linhagem viria o Salvador do
Mundo. Deus então escolheu um homem chamado Abrão para ser o “pai” desta
multidão. Nascido e criado em Ur, ele era filho de Terá, um fabricante de
ídolos pagãos. Abrão entra na história bíblica exatamente quando o Deus Criador
lhe pede para que deixe sua cidade e sua família, e vá até uma terra que lhe
seria indicada ao longo do caminho. Esta jornada consome muitos anos da vida de
Abrão, que agora, já avançado em idade, recebe de Deus uma promessa que daria novo
sentido a sua vida: sua descendência seria mais numerosa que as estrelas do
céu. Nesta ocasião, seu nome é mudado para Abraão (pai de nações) e sua esposa “Sarai”
se torna Sara (princesa). O problema é que ela era estéril, e o casal não tinha
filhos. Deus havia dito a Abraão que nele seria bendita todas as famílias da
terra, mas os anos continuavam implacáveis com o casal, e a cada primavera
passada, a esperança da promessa parecia cada vez mais utópica. Tentando
reverter a situação, Sara cede sua serva Hagar ao marido, afim de ele possa ter
filhos. Deste relacionamento nasce Ismael, que apesar de sua importância
histórica, não era o filho prometido, e mais tarde, desencadearia conflitos
dentro do lar (Gênesis 12-18).
Abraão já era um homem centenário quando
recebeu a visita de três moços em sua tenda, sem perceber que eram anjos do Senhor.
São eles que informam ao patriarca que em um curto período de tempo, sua esposa
estaria com seu filho nos braços. Sara, que já estava com a idade avançada e
com seu ciclo menstrual encerrado, ao ouvir a notícia começou a rir, e foi
então que um dos visitantes declarou que o menino deveria receber o nome de
Isaque, que significa exatamente “sorriso”. Apesar das dúvidas de Sara, em
poucos meses ela percebeu algumas mudanças em seu corpo, experimentando em
plena velhice da benção da maternidade. O menino nasceu saudável, cercado de
mimos e carinhos. Isaque se tornou o centro das atenções, e logo Ismael perdeu
espaço dentro da casa. Uma crise de ciúmes logo se instalou na família de
Abraão, que acabou tomando a drástica decisão de enviar Hagar e seu filho para o
deserto. Sobre a areia escaldante, a vida de Ismael esteve por um fio, mas foi poupada
por Deus que preparou suprimentos para garantir sua sobrevivência. Certos do
cuidado divino, mãe e filho constroem uma casa para ali habitarem (Genesis 21).
Os anos se separam, Ismael se tornou em
um homem forte e respeitado. Ele tomou para si uma esposa egípcia como sua mãe,
e com ela deu início a uma numerosa família, tornando-se mais tarde o líder de
uma poderosa nação do deserto, originando os povos árabes da atualidade. Por
outro lado, Isaque, o filho da promessa, seria o patriarca da mais importante
nação da história humana: Israel. A promessa feita por Deus a Abraão se
cumpriria piamente na linhagem de seus filhos, e pode ser testemunhada em loco
nas nações que ocupam o oriente médio. Como Jesus Cristo nasceu da linhagem de
Judá, cumpriu-se também a promessa de que em Abraão, todas as famílias da terra
seriam abençoadas. E mais que um “pai de nações”, Abraão também foi perpetrado
na história como o “pai de todos aqueles que creem” (Romanos 4:11). Uma família
de números incalculáveis, assim como as estrelas do céu. Mas muito antes de que
sua família se tornasse uma nação, a fé de Abraão passou por um teste definitivo,
que redefiniria todos os conceitos de confiança nas promessas de Deus... Ele
teria que devolver para Deus o filho que de Deus recebera. Isaque tinha que ser
sacrificado.
As atitudes de um adorador
Deus
ordena a Abraão que sacrifique em um altar o seu único e amado filho
(Gêneses 22:2). O patriarca não replica e sai em direção ao monte Moriá,
obedecendo, sem restrições, à ordem divina. Sacrificar Isaque em Moriá não era
uma tarefa fácil para Abraão. Era simplesmente assustador. Todavia, seria no
cume daquele monte que receberia a maior revelação de sua vida (João 8:51-58).
Antes de chegar a Moriá, Abraão segue alguns passos interessantes, que revelam
as atitudes do coração de um adorador. Qual a pessoa que levantaria de
madrugada para sacrificar o próprio filho em obediência a Deus? Parece incrível,
mas o Senhor pediu exatamente o que havia dado como promessa a Abraão por sua
lealdade e obediência. Durante vinte e cinco anos, ele sonhou em ser pai e,
quando já era da idade de cem anos, sem qualquer possibilidade humana, Deus
interveio na situação e gerou do ventre estéril de Sara o filho da promessa (Gêneses
12:4; 21:5). Não sabemos se ele dormiu, apenas que levantou de madrugada
disposto a atender sem restrições o pedido do Senhor (Gêneses 22:3). O que
pensaria Sara a respeito da atitude de Abraão. Talvez seja esse o motivo de se
levantar pela madrugada, exatamente para não ser impedido por ela. Pois qual a
mãe que não questionaria o Senhor ao ter que sacrificar aquilo que recebeu como
promessa? Merece ser especialmente destacado a sensibilidade de Abraão em
discernir a voz de Deus e sua prontidão em obedecê-lo sem qualquer murmuração.
Abraão tinha empregados,
mas não delegou a nenhum deles estas tarefas (Gêneses 22:3). Existem provações
que são somente nossas. São batalhas que não poderemos contar com a
participação de ninguém. Existem obstáculos que temos que saltar sem auxílio
algum para chegar ao nível que Deus quer. Abraão carregou seu fardo sozinho e
somente seu coração sabia o que estava passando. Não é por acaso que o texto
omite a pessoa de Sara. Ela, com seu amor de mãe, certamente, o impediria e
ele, por sua vez, não alcançaria o testemunho de fé (Hebreus 11:17-18). Durante
toda a sua vida de comunhão com Deus, Abraão sempre foi um homem de altares e
sacrifícios. Porém, agora, Deus lhe pede que sacrifique num altar o seu único e
amado filho (Gêneses 22:2). Uma tarefa humanamente impossível de se cumprir.
Comente com eles que, mesmo assim, Abraão não replica e sai em direção ao monte
Moriá, obedecendo, sem restrições, à ordem divina.
Abraão saiu para
sacrificar seu filho, mas não saiu sem direção (Gêneses 22:3). Deus não nos
pede algo para nos deixar confusos. Abraão está indo em direção ao monte Moriá
porque conhece a voz de Deus, está acostumado a ouvi-lo, tem intimidade, se
relaciona. Assim como um filho conhece a voz do pai à distância, Abraão segue
adiante porque sabe que aquela voz lhe é familiar. Abraão vai chegar a seu
destino por dois motivos: primeiro, porque está familiarizado com Deus;
segundo, porque quem conhece a voz de Deus jamais andará sem direção, mesmo
quando nada faz sentido. É comum pedir auxílio e ajuda em oração quando
passamos por momentos tempestuosos em nossas vidas, no entanto, existem
provações que ficamos a sós com Deus e devemos avançar calados, sem murmuração,
acreditando que Ele sempre sabe o que é melhor para nossas vidas.
O vale da sombra da morte
A chamada de Abraão foi um marco não
apenas na vida do patriarca, mas também na história da humanidade. Ele obedeceu
a voz de seu Deus e partiu em direção a uma terra desconhecida, sem ao menos
entender a grandiosidade do projeto divino para sua vida. Abraão passou a viver
por Deus e para Deus, sendo guiado por fé em seus decisões, escolhas e
caminhos. Mas a chegada de Isaque lhe trouxe novas prioridades, e seu filho
tornou-se o centro de sua vida. O coração de Abraão pulsava pelo menino, e nele
estava centralizado todo o afeto do velho. Obviamente, não existe qualquer nada
a se censurar na relação afetuosa de pai e filho, mas aos poucos, Abraão deixou
que Isaque tomasse o lugar que antes fora de Deus em seu coração, e este era o
problema. Deus precisa estar entronizado em nossos corações, mas por vezes,
deixamos que pessoas, coisas ou lugares ocupem este posto, e relegamos ao
Senhor para uma condição secundárioa Ainda o amamos e damos ouvido a sua voz, mas
Ele já não é o centro e a essência do nosso viver. Deus deseja ser nossa
prioridade, pois somos sua prioridade também. Ele nos ama de forma
incondicional, sua fidelidade é inabalável e suas promessas infalíveis. Em
contrapartida, o Senhor deseja habitar em nossos corações e mentes, realizando
em nós tanto o seu querer quanto o efetuar (Filipenses 2:3). Como Deus não
aceita estar em segundo plano, toda vez que priorizarmos outro elemento em seu
lugar, seremos levados a um ponto de decisão, onde precisaremos escolher a quem
de fato servir (Mateus 6:24).
Isaque estava para Abraão numa posição
que deveria ser de Deus. Assim, o patriarca é chamado pelo Senhor para uma
decisão sacrificial onde as prioridades de sua vida seriam definitivamente
estabelecidas. Abraão amava a Deus inquestionavelmente, mas amava seu filho incontrolavelmente.
Agora, seria necessário optar por um deles. E Abraão escolheu seu amor mais
antigo, a fonte de sua vida e das promessas. Mais do que sacrificar o
filho no altar do Senhor, o patriarca precisou realizar um verdadeiro rito onde
confrontou seus próprios sentimentos, como planejar a viagem a Moriá, rachar a lenha
que seria usado no holocausto e afiar a lâmina de seu cutelo para imolar
Isaque. Cada uma dessas ações foi importante para que uma nova inversão de
prioridades acontecesse no coração de Abraão, onde ele finalmente entendeu que
sem ISAQUE ainda haveria um DEUS, mas sem DEUS, não haveria mais ISAQUE algum.
A longa jornada até Moriá foi fúnebre e
silenciosa. Cada passo dado aproximava pai e filho de um destino cruel. A
inocente ignorância do olhar de Isaque contrastava como os olhos pesarosos de
Abraão. Ele estava certo que no alto da montanha, teria que tirar a vida do
próprio filho, parti-lo ao meio, escorrer o sangue e depois queimar seu corpo.
Mas enquanto pensava na morte, Abraão se enchia de vida. Ele se lembrava das
promessas de Deus, e como o Senhor tinha sido fiel no cumprimento de cada uma
delas. Sua fé se potencializava na obediência e o “vale da sombra da morte”
ganhava contornos de esperança. Pouco a pouco uma certeza imergiu do coração de
Abraão como um facho de luz nas trevas: Ainda
que das cinzas, Deus vai trazer Isaque de volta para vida! Neste instante,
mesmo sem saber, a fé de Abraão já tinha sido provada e aprovada. Ele havia
chegado a um patamar espiritual que sequer imaginava ser capaz. Mas Deus reconhecia este potencial, e o
sacrifício de Isaque serviu para provar ao próprio Abraão o tamanho de sua fé e
até onde ele estava disposto a ir para obedecer. Algo que Deus já sabia desde
os tempos em Ur...
Chegando ao lugar de destino
Durante três dias,
Abraão caminhou em direção a seu destino e, mesmo com o coração apertado em ter
que sacrificar seu próprio filho, ele vê o lugar de longe (Gêneses 22:4). O
terceiro dia é sempre dia de grandes revelações e Abraão estava prestes a
presenciar algo marcante em sua vida. Abraão era um homem de visão e, chegando
a Moriá, disse algo profético: “Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço
iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós” (Gêneses 22:5). Existem
níveis que poucas pessoas podem alcançar e subir a Moriá é um deles. Moriá é o
lugar onde se sacrifica aquilo que mais se ama, aquilo que é único. Deus
especificou o que queria no altar: “o único, a quem amas”. Era como se
dissesse. “Existe algo entre mim e ti e precisa ser retirado”. Abraão tinha
duas opções: ou sacrifica Isaque ou sacrificava o próprio Deus. Como sabia que
Deus era a fonte, não temeu em obedecer (Romanos 4:18). O patriarca Abraão
sempre foi um homem temente e obediente a Deus. Todavia, nenhum teste poderia
ter sido mais severo do que esse. Abraão provou para toda a humanidade que a
sua amizade com Deus estava acima de qualquer bem. Ressalte para eles que Deus
usou a fé de Abraão como um exemplo para todas as gerações futuras (Gêneses 15:6).
Após três dias de
caminhada Abraão chega ao momento crucial de sua vida (Gêneses 22:9). Ele tem
de imolar seu próprio filho. Isaque vê a lenha, o fogo e o cutelo, mas não vê o
cordeiro para o holocausto. Isaque sabe que algo não está correto. Ele não é
uma criança. Ele conhece os procedimentos do sacrifício. Mas, assim como Abraão
confia em Deus, Isaque confia em seu pai. Abraão sabia que deveria matar seu
filho e Isaque sabia que deveria morrer; um deveria sacrificar, outro deveria
ser o sacrifício. Estar no centro da vontade de Deus é exatamente isto (Gêneses
22:6-8). O ato de ordenar a Abraão que matasse seu filho com as próprias mãos,
obrigava o patriarca a mata-lo primeiro em seu coração, assim não restaria
dúvida nenhuma de que estava realmente morto (João 12:24). Jamais venceremos o
externo se o interior não for realmente tratado. Deus não trabalha com
aparência, mas sim com transformação, e esta começa no interior do coração de
cada ser humano.
É incrível como Deus tem
formas magníficas de revelar a nós mesmos o que somos. Ele nos conhece, sabe de
nossas limitações e o potencial que temos. Nós é que precisamos nos descobrir.
Por isso, Ele nos prova, nos faz sangrar, chegar até as últimas consequências.
Então, depois, o Eterno se revela com bondade, amor e grandeza. O patriarca
Abraão estava realmente disposto a obedecer (Gêneses 22:10). Ele tinha
consciência de que Deus havia gerado Isaque das entranhas do nada, apenas pelo
poder de Sua Palavra. O escritor aos Hebreus afirma que Abraão considerou que Deus
era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar (Hebreus 11:18). Abraão
não creu porque alguém disse algo a respeito de Deus. Ele creu em Deus porque o
conhecia. A fé de Abraão ressalta através de suas declarações. Na subida de
Moriá, o patriarca disse aos seus moços: “Eu e o moço iremos até ali; e havendo
adorado, tornaremos a vós” (Gêneses 22:5). E para seu filho afirmou: “Deus
proverá para si o cordeiro para o holocausto” (Gêneses 22:8). Abraão acreditava
que, de algum modo, retornaria com o seu filho prometido.
Deus proverá o cordeiro
Moriá é o lugar onde
Deus se revela com intensidade a Abraão, onde lhe renova as promessas e o torna
exemplo de fé para todas as gerações. Em Moriá, Abraão avistou dois cordeiros:
o que substituiu Isaque e o que substituiu a humanidade. Na hora do sacrifício,
Abraão é impedido por um anjo. No entanto, não é um anjo comum. É o próprio
Senhor Jesus que se revela para ele, antes mesmo de ser gerado no ventre de
Maria. Em Gênesis 22:1-2, é o Senhor que ordena a Abraão que sacrifique Isaque
em Moriá. Mas, em Gênesis 22.12, o anjo que impede Abraão diz a seguinte frase:
“Não estenda a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei
que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho”. Observe
atentamente a expressão “não me negaste”. A confirmação dessa revelação aparece
em João 8:56-58, quando o próprio Jesus afirma que Abraão viu o Seu dia e se
alegrou. Em outras palavras, Abraão teve o privilégio de ver o Cristo antes que
a humanidade pudesse ver. O sacrifício para Abraão se tornou em memorial de fé
para a humanidade e fonte de revelação para el. Abraão teve a coragem de
mostrar para Deus que Ele era mais importante do que tudo o que havia lhe dado.
Informe para eles que Deus, por Sua vez, prova para Abraão que não desejava
Isaque, apenas o seu coração livre e liberto.
Após revelar-se a
Abraão, o Senhor lhe diz que, por sua obediência, lhe abençoaria de tal forma
que a sua descendência possuiria “a porta dos seus inimigos” (Gêneses 22:16-17).
Fomos abençoados através de Abraão e não com uma medida de benção qualquer,
mas, como descendência dele, o Senhor nos conferiu o dom de conquistar. A
expressão “possuir a porta dos inimigos” fala de grandes conquistas, de posse e
de prosperidade em todas as áreas de nossa vida. Naquela época já havia esta
revelação e um entendimento claro sobre esse assunto. Se alguém conseguisse ter
autoridade sobre as portas, então dominaria sobre a cidade ou sobre o
adversário. Por isso quando as pessoas declaravam uma bênção, costumavam dizer
“Que a sua descendência possua a porta dos inimigos (Gêneses 24:60). Possuir a
porta ou cidade dos inimigos foi uma promessa feita a Abraão que se estende a
todos os que estão em Cristo, pois, pela fé somos descendentes de Abraão (Gálatas
3:29). Podemos extrair duas coisas deste princípio. Primeiro, existem portas
naturais e espirituais que o inimigo quer abrir ou fechar sobre nós. Segundo,
quem possui a porta tem autoridade. Em outras palavras, quem possuir a cidade
significa que possui as portas. Merece ser destacado para eles que, quando um
inimigo queria invadir uma cidade, logicamente procurava possuir as portas
porque dominando as portas dominaria uma cidade. Se, por alguma razão, o
inimigo tivesse acesso às portas, teria acesso à cidade. Deus deu a nós,
através da promessa feita a Abraão, o domínio das portas dos nossos inimigos.
A primeira menção da
palavra “adorar” na Bíblia aparece exatamente no capítulo 22 do livro de
Gênesis. Tal referência nos indica que o ato de adorar envolve três fatores:
sacrifício, renúncia e obediência. Isaque representa toda a barreira que nos
impede de contemplar o Senhor com exclusividade. Com Isaque em nosso coração,
Deus fica em segundo plano. É extremamente importante compreender que o nosso
Deus não aceita ninguém como rival (Mateus 6:24). Por isso, devemos levar nosso
Isaque a Moriá e entrega-lo a Deus. O nome Moriá vem da palavra “Morá”, que em
hebraico, significa “temor”. Desta montanha, o temor de Deus percorreu a terra
toda. Outra versão diz que vem de “ora”, que quer dizer luz. Curiosamente, esse
é o mesmo lugar onde Jacó, filho de Isaque e neto de Abraão, teve um encontro
com Deus quando fugia de Esaú (Gêneses 28:19). Mil anos após o patriarcal,
Salomão construiu o templo nessa elevação. A casa do Senhor, entretanto, foi
destruída pelo rei da Babilônia, Nabucodonozor, em 587 a.C. Reconstruída no
tempo de Esdras e Neemias, foi novamente destruída pelo general Tito, no ano 70
de nossa era. Atualmente, sobre o Monte Moriá, encontra-se a Mesquita de Omar
ou Domo da Rocha, um dos lugares mais sagrados para os mulçumanos. Informe para
eles que, do templo de Salomão, restou apenas uma muralha na qual judeus de
todo o mundo choram o seu exílio e suas amarguras. O Muro das Lamentações é o
último resquício da glória passada de Israel.
Sacrifício, renúncia
e obediência
Existem grandes equívocos
na forma como muitos entendem a adoração. Louvores, orações, exercício
ministerial e pratica de boas obras são apenas reflexo de uma vida vivida em
adoração e não a essência do conceito. O adorador por excelência não restringe
sua adoração a momentos específicos ou situações pertinentes. Ele a vive
intensamente e completamente, ocupando cada minuto do seu dia, cada célula do
seu corpo com Deus e para Deus. Este estilo de vida requer resignação e
desprendimento, pois a natureza humana tende a prioridades o que se opõem
completamente aos princípios da Palavra de Deus. O adorador precisa, antes de
mais nada, crucificar o velho para poder estar definitivamente livre do domínio
do pecado. Mas este processo, apesar de necessário, é pesaroso e contrário as
nossas próprias vontades, exigindo muita abnegação e auto sacrifício (Tiago
1:14-15). É preciso negar quem somos, para ser quem Deus deseja que sejamos, e
este caminho de volta a Cristo, passa também pela cruz (Marcos 8:34).
Um sacrifício consiste na
troca de algo muito valioso por outro de ainda maior valor. Mas neste caso, os
valores não são medidos em espécies, e sim em sentimentos e emoções. Por
exemplo, num cenário de crise onde o alimento torna-se escasso em um lar, os
pais tendem a sacrificar sua porção de sustento em prol da nutrição dos filhos.
Eles abrem mão de algo valioso (seu alimento) e obtém em troca algo mais
valioso ainda, ou seja, a satisfação de ver os filhos alimentados, mesmo que eles mesmos continuem faminto. O sacrifício, portanto, vale a pena! Deus abriu
mão de seu próprio filho em prol da restauração do homem e Jesus entregou sua
vida em resgate de todos nós (Isaias 53:10-11). Abraão estava abrindo mão do
bem que julgava mais precioso (seu filho), em troca de algo que de fato lhe
tinha valor inestimável e incalculável (sua fidelidade para com Deus). O adorador
por excelência é aquele que sempre pauta suas escolhas priorizando o que é
eterno, mesmo que para isso precise deixar de usufruir prazeres efêmeros tão
desejáveis por sua natureza humana.
Nisto reside a nobreza da renúncia
e a beleza da obediência. Renunciar é desistir por bom grado de algo que foi
conquistado por direito. É sair da zona de conforto, abnegando-se do certo pelo
duvidoso. Não há garantias físicas em uma renúncia e, portanto, no contexto
espiritual, ela se baseia apenas na fé. A ordenança de Jesus aos discípulos foi
que renunciassem a eles mesmos, tomassem sobre seus ombros uma cruz e o
seguissem, mesmo que fossem enviados como ovelhas para o meio de lobos (Mateus
16:24 / Lucas 10:30). A adoração genuína tem início exatamente neste desprendimento
do próprio “eu”, numa submissão plena aos desígnios do Senhor, mesmo que com
isto caminhemos rumo a morte. Estaremos certos que uma eternidade com Deus é o bem
mais valioso que podemos almejar, tornando qualquer valor terreno (por maior que seja) em
quinquilharias desprezíveis (II Timóteo 4:7).
Conclusão
Matar seu
filho com as próprias mãos obrigava o patriarca a matá-lo primeiro em seu
coração (João 12:24). Jamais venceremos o externo se o interno não for
realmente tratado. Deus não trabalha com aparência, mas sim com transformação e
esta começa no interior do coração de cada ser humano.
Participe da EBD deste domingo, 04/10/2015, e descubra você também os segredos para uma vida de fé e atitudes
Material
Didático:
Revista
Jovens e Adultos nº 97 - Editora Betel
Comentarista:
Pr. José Fernandes Correia Noleto
Maturidade
Espiritual
Lição 1
Comentários Adicionais (em azul):
Pb. Miquéias Daniel Gomes
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