Texto
Áureo
Lamentações
3:22
As misericórdias do
Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não
têm fim.
Verdade
Aplicada
Tudo o que somos,
fazemos ou adquirimos vem do Senhor. Não há motivos para orgulho ou vaidade,
pois Sua misericórdia é o nosso sustento.
Textos de
Referência
Salmos
103:1-6
Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há
em mim bendiga o seu santo nome.
Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e não te esqueças
de nenhum de seus benefícios.
Ele é o que perdoa todas as tuas iniquidades, que
sara todas as tuas enfermidades; que redime a tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de
misericórdia; que farta a tua boca de
bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia.
O Senhor faz justiça e juízo a todos os oprimidos.
Reflexos da Alma
O homem é
um ser tridimensional dotado por corpo, alma e espírito. O “corpo” é a parte
externa, corruptível e mortal. Foi originada no pó da terra, lugar para onde
deve regressar posteriormente (Eclesiastes 12:7). Perecível e finita, esta
carcaça é composta basicamente por água e uma vasta gama de elementos químicos,
que apesar de sua preciosidade em vida, deixa de ter qualquer valor quando
passa pelo processo da morte, deteriorando-se até retornar ao nada. Já o “espírito
do homem” é sua parte eternal. Foi confiada a ele por Deus ainda no Jardim, e será
requerida pelo Criador assim que deixar o corpo para traz. É nossa ligação
direta com o mundo espiritual, e está sempre inquieto por Deus, já que por
essência, se opõem aos desejos carnais. Se corpo e espírito são contrapontos de
uma batalha épica dentro do homem, a “alma” é o fiel da balança, decidindo quem
será o grande vencedor. O livro do Gêneses nos conta que após ter formado o
homem do pó da terra, Deus soprou o fôlego de vida em suas narinas (espírito), e
ele se tornou “alma vivente”. É exatamente em nossa alma que estão
centralizadas as emoções, os sentimentos, os desejos e o intelecto. A alma é o
epicentro de nossa vontade, e também de nossa personalidade. Nela é forjado
nosso caráter, estabelecida nossa postura e definida nossas inclinações. A alma
pode ser ambígua, funcionando tanto quanto uma ancora para corpo (Lucas
12:19-20) ou uma alavanca para nosso espírito (Salmo 42:1).
A alma
está em constante ebulição, intempestiva e imprevisível. Uma prova desta
verdade pode ser constatada nas páginas do livro dos Salmos. Em primeiro lugar,
precisamos compreender que este compilado de cânticos e poemas são oriundos dos
sentimentos e anseios de seus compositores. Por isso, quando iniciamos sua
leitura, é como se embarcássemos em uma verdadeira “montanha russa emocional”,
num sobe e desce frenético de emoções e sentimentos. Se um verso expressa toda a confiança do
salmista em Deus, outro logo ali na frente, o mesmo parece depressivo e
derrotista. Por exemplo, o Salmo 4:3 é radiante em felicidade, dizendo que na
presença de Deus os justos se regozijam e folgam em alegria e o Salmo 116:3,
expressa uma angustia profunda, já que o salmista se sente “amarrado com cordas
de morte, apoderado pelas angustias do inferno, vivendo em aperto e tristeza”.
Paradoxal? Nem tanto. Os Salmos são reflexos da alma humana, cheia de sombras e
suscetível as intempéries da vida. Nossa verdade absoluta muda ao sabor das
circunstâncias e acabamos influenciados por elementos externos e seculares.
Nossa fé por vezes se mostra oscilante, o ânimo se torna dobre e mãos
esforçadas insistem em fraquejar. Nossa alma é pega neste “cabo de guerra”
entre carne e espírito, e dependendo de quem estiver exercendo maior força,
mudamos os discursos e as ações.
Paulo se
mostrou frustrado pelo fato de praticar o mal mesmo desejando praticar o bem, e
se pergunta quem teria o poder de livra-lo do corpo desta morte Imediatamente
ele olha para a sua vida onde abundou o pecado e percebe que a graça de Deus
superabunda, e exclama satisfeito: “Graças
a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor!” (Romanos 7:19-25). Sim, Jesus é o
ponto de equilíbrio para nossa alma. Ele nos assiste nas alegrias e nos
conforta nas tristezas. Os salmistas, embora estivessem vivendo situações
adversas uns dos outros, tinham sempre um ponto em comum. Na caverna de Adulão,
privado de todo conforto e passando necessidade, Davi traz a memória o “pastor
que sustenta suas ovelhas” (Salmo 23:1). Um Asafe cujo corpo está desfalecido,
testifica que o seu coração é fortalecido pelo Senhor (Salmo 73:26). Os filhos
de Coré, constantemente assombrados por erros do passado, se regozijam na
bondade Deus que tem sido escudo sobre eles (Salmo 84:11). Um Moisés calejado
pelos anos no deserto solta a voz para exaltar ao Senhor que “cuida do pobre e
do necessitado” (Salmo 40:17). Deus é o único que pode acalentar a alma,
fazendo a sossegar mesmo em tempos de aflição: - Amo ao SENHOR, porque ele ouviu a minha voz e a minha súplica. Porque
inclinou a mim os seus ouvidos; portanto, o invocarei enquanto viver. Os
cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim;
encontrei aperto e tristeza. Então invoquei o nome do Senhor, dizendo: Ó
Senhor, livra a minha alma. Piedoso é o Senhor e justo; o nosso Deus tem
misericórdia. O Senhor guarda aos símplices; fui abatido, mas ele me livrou.
Volta, minha alma, para o teu repouso, pois o Senhor te fez bem (Salmo 116:1-7)
Salmo 103 – Falando à própria
alma
Neste salmo, Davi
expressa os sentimentos de sua alma e condensa suas experiências em forma de
adoração ao Senhor. Ele dá instruções à sua própria alma para que não se
esqueça dos benefícios de Deus. A alma humana é problemática e tende a se
esquecer das bondades de deus em tempos de grandes provações. Davi sabia muito
bem disso e, neste salmo encontramos fazendo uma introspecção, dando um alerta
para a sua alma, para que ela não se esqueça de todo o trabalho realizado pelo
Senhor. Este Salmo é impressionante porque o salmista não se dirige à
posteridade, mas a si mesmo. Ele diz: - “Alma, agradeça a Deus por tudo o que
há em você. Agradeça por tudo o que você é” (Salmos 103:1). E por que Davi se
dirige assim para sua própria alma? Ele sabe que o ser humano é formado em
iniquidade, que é fruto do pecado e possui tendências pecaminosas (Salmos
51.5). Davi sabe que a alma humana é vaidosa e pode num mesmo momento repartir
a glória com a depravação. É válido lembrar dos exemplos de Sansão, Salomão e o
próprio Davi, Davi reconhece que tudo o que é, e o que possui, é mérito divino
e que nada seria se a bondade do Senhor não recaísse sobre sua vida. Geralmente
os salmos eram cantados, no entanto, o salmo 103 traz uma declaração profunda
de alguém agradecido a um Deus amigo e protetor. Davi sabe que, em sua
perspectiva de vida, o máximo que alcançaria era se tornar um bom pastor de
ovelhas. Ele sabe que o Senhor o escolheu, o nomeou como rei sobre seu povo e,
por isso, deve lembrar à sua alma para que não se envaideça, achando que por
algum esforço, achando que por algum esforço humano chegou a tal posição.
A aposentadoria é um
benefício que faz jus a uma vida inteira de trabalho. É o justo reconhecimento
dado a alguém que lutou para conquistar tal mérito. Quando Davi diz para sua
alma não se esquecer dos benefícios do Senhor, fala de algo mais profundo. Ele
fala de uma graça imerecida, a qual lhe alcançou e lhe abençoou grandiosamente
(Efésios 2:8-9). Ele está dizendo literalmente para sua alma: - “Não deixe que
eu me esqueça de quem eu era e não me deixe esquecer que um dia eu estava do
outro lado”. Existem dois momentos em que a alma humana pode se esquecer de
Deus: a primeira acontece em momentos de gloria; a segunda, em momentos de
aflição (Lucas 22:54-62). Contar as bênçãos recebidas é uma das maneiras de
agradecer e abrir a porta para o milagre acontecer em nossa vida, de expressar
a nossa gratidão por tudo que o Senhor tem feito por nós (Salmos 123:3).
Comente com eles que a Palavra de Deus nos mostra que devemos ser gratos pelo
favor recebido. Mostre para eles que quando o rei Davi trouxe a Arca da Aliança
de volta à tenda, ele orientou o povo a não esquecer aquele feito de Deus:
“Lembrai-vos das maravilhas que tem feito, de seus prodígios, e dos juízos da
sua boca” (I Crônicas 16:12).
Davi fala dos benefícios
que recebemos do Senhor e diz que Ele perdoa “todas” as nossas iniquidades e
sara “todas” as nossas enfermidades (Salmos 103:3). O benefício número um da
lista é que Deus perdoa “todos” os nossos pecados, não alguns, mas “todos”. Não
existe um pecador, por mais vil que seja, que o Senhor não possa perdoá-lo. Ele
perdoa todas as nossas falhas como pessoas, como cristãos, como pais, como
irmãos e como amigos. Perdoa nossa falta de amor pelos demais, nossa falta de
fé e compromisso para com Ele. Deus perdoa as nossas fraquezas. Ele é um grande
perdoador e a Palavra de Deus nos afirma que “Sua bondade e misericórdia nos
seguirão para sempre” (Provérbios 16:6 / Romanos 9:16). O Senhor é poderoso
para curar todas as nossas enfermidades. Entretanto, esse não é o objetivo
final. Seu propósito é livrar nossa alma da morte eterna, nos libertando da
escravidão do pecado (Lucas 19:10). Deus não está obrigado a sarar nossas
enfermidades físicas, ainda que Seu propósito e por Sua vontade muitas vezes o
faça.
Os benefícios
do Senhor
Seguindo a lista dos
benefícios que a alma humana deve glorificar a cada dia, neste ponto
destacaremos três coisas importantíssimas citadas pelo salmista: a redenção, a
renovação e os caminhos do Senhor. Quando andávamos no mundo, vivíamos em
trevas, imersos num poço de obscuridade e, por não conhecer a verdade, o amor e
a misericórdia do senhor, éramos arrastados por correntes malignas,
intermináveis e infinitas. Éramos pessoas sem esperança, buscando soluções em
nosso próprio esforço, sem a fé em algo maior e mais poderoso (Efésios 2:12 / I
Pedro 1:18-19). Foi dessa má e incerta qualidade de vida que o Senhor nos
resgatou e disso a alma não pode jamais se esquecer. Deus nos amou quando
éramos ainda pecadores, o que significa que nada fizemos de bom para que isso
acontecesse. Ele resolveu nos amar e ponto final (Romanos 5.8). O salmista
parecia ver os dias atuais, onde poucos cristãos valorizam a salvação que
receberam. A Bíblia ensina que o Senhor nos tirou da potestade das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor (Colossenses 1:13). Nós fomos
transportados das trevas para a luz. Em nossas perversidades estávamos em
abismo profundo, sem esperança e o Senhor em Sua misericórdia nos colocou numa
posição privilegiada com Ele (Efésios 2:6 8-16).
Uma vez que o senhor nos
resgata, acrescenta algo mais a nossa vida. “Ele sacia de bens a nossa boca”
quer dizer que Deus nos faz nascer outra vez (Efésios 2:5). A nova vida traz
consigo a liberdade de expressão, um novo cântico, e a boca declara aquilo que
é abundante no coração (Lucas 6:45 / Romanos 10:8 / Tiago 3:10 / Mateus 12:36).
Quando nossa boca fala do que é bom, é porque algo aconteceu, isto é, a
regeneração do nosso coração. O renovo do Senhor é semelhante ao de uma águia.
Quando todos pensam que ela está no fim, ela renova suas garras, amola seu bico
e alça um novo voo. A alma jamais pode esquecer-se de que a última palavra vem
de Deus. Nossa vida deve ser sempre um louvor a Deus. Pelo simples fato de
estarmos vivos, tendo a possibilidade de servir ao Senhor, já é uma grande
benção de Deus para nós. É preciso constantemente lembrar de que, quando
estamos conscientes das bênçãos recebidas, e somos gratos a Deus por elas,
atrairemos mais bênçãos para nós. Quando pensamos no que estamos sendo gratos,
abrimos nossa mente para uma perspectiva. Perspectiva de que boas coisas nos
aconteçam. A gratidão é a maior demonstração de reconhecimento por um benefício
recebido. A verdadeira gratidão que honra a Deus não é traduzida apenas em
palavras, pois envolve compromisso de obediência a Ele e à Sua Palavra.
“Fez conhecidos os seus
caminhos a Moisés, e os seus feitos aos filhos de Israel” (Salmo 103:7). Aqui
vemos duas formas de revelação exposta nas palavras do salmista. Moisés
conheceu os “caminhos de Deus” e os filhos de Israel os “feitos do Senhor”. Os
feitos representam o que Deus opera pela força de seu poder, os caminhos falam
da intimidade, dos planos que são manifestos apenas a um círculo mais íntimo.
Moisés falava com Deus, os filhos de Israel falavam com Moisés; Deus se
revelava a Moisés, Moisés passava o que ouvia de Deus a eles. Caminhos são
coisas que a alma humana precisa aprender a conhecer. O salmista destaca aqui a
intimidade de Deus com Moisés. O que vale mais: conhecer os feitos ou os
caminhos? Se milagres salvassem ou transformassem o caráter humano, a nação de
Israel seria, com certeza, a nação mais impecável do mundo. Todavia, todos eles
se perderam, mesmo tendo presenciado inúmeras maravilhas realizadas por Deus.
Jesus também realizou muitos milagres, mas fez questão de frisar que era o
“caminho”. O que buscamos em Deus: Seus feitos ou Sua Pessoa? O que deseja
nossa alma? (Salmo 103:7).
O Mar do Esquecimento
É na alma
que são definidas as ações do corpo e em em qual posição ficará o espírito do homem.
Quanto mais inclinada para o mal ela estiver, maior será as trevas que envolvem
toda a vida humana. O homem foi criado imagem e semelhança de Deus, envolto em
inocência e pureza, mas acabou se deixando contaminar pela influência de
Satanás. O agente contaminante é o
pecado, que deturpa nossos conceitos e vontades, escravizando a alma numa
condição pecaminosa. O problema com o pecado, é que embora seu efeito aprazível
é tênue e efêmero, suas consequências repercutem na eternidade. Desde o primórdio da criação, a “morte” foi
estipulada como sendo a “paga” pelo pecado, tornando como regra universal o
fato que toda alma cometesse pecado deveria morrer (Romanos 6:23 / Ezequiel
18:20). O pecado constrói uma barreira entre criatura e Criador, sendo que este
muro define a separação eterna entre Deus e homem. Este distanciamento perpétuo
pode ser definido como sendo a “morte definitiva”, que em muito excede a morte
física. Em relação ao pecado, não há negociação ou salvo-conduto, não existe
margem interpretativa ou abertura de exceção. Pecado é sempre pecado e o preço
por ele cobrado é a morte, impreterivelmente. Porém, existe um mecanismo
habilmente engendrado pelo próprio Deus que tem a capacidade de quebrar o ciclo
vicioso pecado-morte, e derrubar a barreira da separação entre homem e Deus. Para
isto, um inocente precisa morrer no lugar do pecador.
Mas quem
em sã consciência daria a própria vida (ou a vida do único filho) em benefício
de alguém que é essencialmente mal e pernicioso? “Porém, Deus comprova seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo
morrido em nosso benefício quando ainda andávamos no pecado” (Romanos 5:8).
Cristo riscou a cédula da nossa dívida com seu próprio sangue, e este
sacrifício perfeito, quando aliado a fé do indivíduo, não apenas neutraliza a
sentença de morte, como também assegura a vida eterna. Na cruz, Cristo levou
sobre si nossas transgressões, pagou o preço do resgate, e nos redimiu de
nossas culpas, sentenças e acusações: “Havendo
riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma
maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na
cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e
deles triunfou em si mesmo”. (Colossenses 2:14-17). Deus jamais se
omite em relação ao pecado, mas quando aceitamos o sacrifício de Cristo e nos
submetemos a sua multiforme graça, Ele lança nossas transgressões no “mar do
esquecimento”, e dos nossos pecados já não se lembra mais.
Por mais
que procuremos, não iremos encontrar o termo “Mar do Esquecimento”, nas páginas
da Bíblia, pois ele “não” está lá. Mas embora
este seja apenas um “jargão” popular do cristianismo, acaba sendo a metáfora
perfeita para ilustrar a grandiosidade do perdão divino. Esta ideia parte
basicamente de dois textos bíblicos: Miquéias 7:19, (onde o Senhor diz que voltará a ter piedade de seu povo, subjulgando
suas iniquidades e lançando seus pecados no mar) e Isaías 43:2 (onde Deus diz que por amor, apaga as
transgressões de seu povo e não se lembra mais dos seus pecados). O conceito é bem simples de entender quando o
próprio “perdão” é plenamente compreendido. Perdoar é inocentar alguém de toda
a culpa que tenha. É como se quem foi perdoado, jamais tivesse cometido qualquer
transgressão. Uma vez que o perdão de Deus é pleno e perfeito, somos levados de
volta a um estado de pureza, onde o pecado antes cometido, já não tem peso,
legalidade ou valor perante Deus. O Senhor teria todo o direito de nos cobrar esta
dívida, mas como Cristo “riscou” a cédula, não temos mais pendências ou débitos
para com o Pai. Assim, Deus escolhe não se lembrar de nossas transgressões,
sepultando os nossos pecados no mar. O que antes era para nós uma sentença de
morte, em Cristo se torna um convite para vida, redigido em amor e selado com a
graça. Nisto deve sempre exultar nossa alma, em louvores de júbilo e preces de
gratidão: Bendize, ó minha alma, ao
Senhor, e não te esqueças de nenhum de seus benefícios. Ele é o que perdoa
todas as tuas iniquidades, que sara todas as tuas enfermidades. Que redime a
tua vida da perdição; que te coroa de benignidade e de misericórdia (Salmo 103:2-4).
Lições
para uma alma sã
Neste ponto destacaremos
três coisas importantes que o salmista faz alusão: a maneira como Deus age em
relação a nós em Sua misericórdia, seu amor paterno para conosco e como conhece
nossas fragilidades. O Salmo 103:10 diz: - Não nos tratou segundo os nossos
pecados, nem nos recompensou segundo as nossas iniquidades. Há momentos em que
Deus precisa disciplinar Seus filhos. Contudo, mesmo nesses casos, o julgamento
do Senhor é limitado e temporário. Se Deus aplicasse o castigo que de fato
merecemos, seriámos lançados fora de Sua presença para sempre. Nesse caso, Deus
usa conosco de misericórdia, esta é a causa de não sermos consumidos como
merecemos (Lamentações 3:22). E por que age assim? Porque a penalidade de
nossos pecados foi paga de uma vez por todas por um substituto na cruz do
calvário (Colossenses 2:13-15). Quando confiamos no Salvador, Deus nos perdoa
de modo legítimo e, como não é possível pagar duas vezes pelo mesmo crime, Ele
nunca mais cobrará essa dívida de nós (Romanos 8:1). O Salmo 103 é atribuído a
Davi já na sua maturidade. Agora, por ter um senso mais aguçado do pecado, Ele sentia
mais a preciosidade do perdão, o que em sua mocidade não sabia discernir. Seu
senso de louvor e gratidão a Deus descreve seu amadurecimento.
Assim como um pai se
compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece de seus filhos, assim o
Senhor se compadece daqueles que o temem (Salmo 103:13). Aqueles que possuem
uma aliança com Deus não precisam temer. O salmista nos revela que Deus agirá
conosco da mesma forma que um pai amoroso age com seus filhos. Ao relembrar a
parábola do capítulo 15 do livro de Lucas, podemos entender melhor o que o
salmista está a nos dizer. Mesmo tendo aquele filho desperdiçado tudo o que
possuía, ao voltar arrependido, não encontrou um pai irado, nem disposto a
puni-lo. Encontrou um pai pronto a abraça-lo e a restituí-lo. Aquele jovem
desejou voltar como um empregado para casa, mas aquele pai lhe ensinou que ele
nunca deixou de ser filho (Lucas 15:19-25). Entre os muitos motivos para sermos
gratos a Deus está a nossa salvação, pois alcançamos do Eterno um favor
imerecido (Efésios 2:8-9). A gratidão ao Pai deve ser o nosso alvo permanente e
esse alvo deve ser atingido, ainda que nos custe algum sacrifício. O
arrependimento é o fruto de um coração grato e a marca de quem teme a Deus.
A misericórdia do Senhor
é imensa e ainda que não possamos entende-la, nem medir seu amor para conosco e
o alcance de sua poderosa salvação, devemos ter em mente que Ele nos conhece
por completo e, como um pai cuidadoso e amoroso, se compadece de cada um de
nós. O salmista faz questão de relembrar à sua própria alma que ela surgiu do
pó, portanto, não há motivos para viver orgulhosamente (Gêneses 3:9). Após
mencionar o tempo de vida do homem - “A vida é muito passageira, amanhã sequer
lembrarão que um dia existimos” (Salmo 103:16) - o salmista fala dos anos eternos de Deus. E o
amor de Deus é como sua vida. Deus é eterno e, portanto, seu amor é eterno.
Quando Ele ama, ama para sempre. Ele nunca se cansa, nunca desanima. Ele nunca
nos abandona (Salmo 103:17). Se formos infiéis, Ele permanece fiel; não pode
negar-se a si mesmo (II Timóteo 2:13).
Um clamor por Gratidão
O mundo é
cada vez mais voraz e a sociedade de hoje se tornou frívola e hedonista. Assim,
vivemos em prol do capitalismo, buscando obter cada vez mais, afim de
padronizarmos nosso estilo de vida as comodidades hodiernas. A necessidade de
possuir coisas novas constantemente inibe nosso senso de gratidão por tudo que
já temos. Almejamos mais potência, mais beleza, mais interatividade, maior
capacidade de armazenamentos de dados, melhor sinal de satélite, maior cobertura
de rede, 4G, wi-fi, tv a cabo, wireless... São tantas novidades para consumir que
na verdade acabamos consumidas por elas e nem percebemos. Num mundo que se
comunica com imediatismo, as pessoas quase não se olham nos olhos. Movemos-nos
cada vez mais rápido e a cada ano, um número maior de pessoas não consegue,
sequer, chegar ao seu destino. A agilidade nos tirou a paciência, o imediatismo
nos roubou a esperança, e o consumismo matou nossa gratidão. Até o Evangelho
puro e simples tem sido deturpado por líderes gananciosos que constroem
impérios megalomaníacos pregando mensagens recheadas de revanchismo, egoísmo e ambições.
Fé virou moeda de barganha e o Reino Espiritual passou a ser medido em bens
materiais. Somos bombardeados com promessas de prosperidade, riqueza e fartura,
e por falta de maturidade espiritual, acabamos decepcionados com “DEUS” quando
as coisas não estão bem. A grande verdade é que vivemos em uma geração
espiritualmente fraca, teologicamente rasa e miseravelmente ingrata.
Davi
começa o Salmo 103 conclamando sua alma para bendizer ao Senhor com todas as
forças do seu ser. O motivo desta adoração é citado já no verso abaixo: “Não se esqueça de nenhuma de suas bênçãos” (Salmo
103:2). Deus está inabalável no seu Santuário e nenhuma ação humana pode
desestabiliza-lo. Ele é o dono do universo e tem cada fragmento da imensidão
sobre seu controle. Deus não tem nenhuma obrigação para com o ser humano, já
que este tem lhe voltado as costas e traído sua confiança desde os primórdios
do tempo. Mesmo assim, o Senhor tem cuidado de nós desde quando ainda éramos
informes (Salmo 139:15-16). Deus move suas mãos em nosso favor sem que haja
qualquer obrigação nisto. Ele cuida de nós simplesmente porque assim o deseja.
De uma forma inexplicável, Deus nos ama acima de tudo. Dele provem a vida, o ar
que respiramos, o alimento que nos sustenta, a água que sacia nossa sede, a
força vital que nos mantem em pé. Se Deus decidisse cessar seus cuidados para
conosco no dia de hoje, poderíamos viver outros cem anos, que ainda faltariam
dias para agradecer pelo que ele já nos tem feito. Porém, nossa ingratidão fala
sempre mais alto, e tratamos Deus como um gênio da lâmpada com a obrigação de
atender nossos desejos mais mesquinhos. Se isso não acontece, o substituímos em
nosso coração. Mas ao contrário do homem, tão reciproco em suas relações, Deus
se mantem fiel apesar de nossas infidelidades, e seu cuidar nunca cessa (II
Timóteo 2:13 / Salmo 103:17).
Ser grato
é demostrar reconhecimento por alguém que prestou um benefício, favor ou
auxilio. É uma dívida de honra que deve ser quitada para não manchar a índole
ou o caráter de um indivíduo. É um ato de nobreza obrigatório e uma virtude que
ressalta aos olhos de Deus aqueles que o amam de coração. A verdadeira gratidão
não é aquela mostrada quando conseguimos um bom emprego, conquistamos a casa
própria, trocamos de carro, fazemos a viagem dos sonhos ou obtemos uma promoção
ministerial. Apesar de também precisamos ser gratos por cada benção alcançada (bem como pelas que ainda não
conseguimos ou sequer vamos alcançar), devemos primeiramente ser gratos a
Deus pelo que Ele “é” e não pelo que Ele “faz”. No Salmo 103, Davi não conclama
sua alma para ser grata pelas vitórias alcançadas, pelas riquezas acumuladas, pelo
palácio luxuoso ou pelo crescimento monumental de Jerusalém. Ele quer que sua
alma louve ao Senhor por coisas muito mais valiosas, que transformam as
preciosidades da terra em latarias enferrujadas: - Bendiga ao Senhor a minha alma! Bendiga ao Senhor todo o meu ser! É ele
que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a
sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão. O Senhor faz justiça e defende a causa dos
oprimidos. O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de
amor. Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; não nos trata
conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniquidades, ele
afasta para longe de nós as nossas transgressões. Como um pai tem compaixão de
seus filhos, assim o Senhor tem compaixão dos que o temem. (Salmo 103:1-14 – NVI
‘resumo’).
Conclusão
Aprendemos com Davi que
não devemos jamais nos esquecer de tudo o que o Senhor representa em nossa
vida. Devemos, num ato de extrema humildade, reconhecer que a vida é passageira
e que a grande razão de nossa existência é a misericórdia do Senhor estendida
sobre nosso viver.
Participe da EBD deste domingo, 11/10/2015, e descubra você também os segredos para uma vida de fé e atitudes
Material Didático:
Revista Jovens e Adultos nº 97 - Editora Betel
Comentarista: Pr. José Fernandes Correia Noleto
Maturidade Espiritual
Lição 2
Comentários Adicionais (em azul):
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Poucas vezes na vida li um comentário tão lindo como este!!
ResponderExcluir